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No «Caderno de Muzica» acima referido há modinhas com as duas versões: acompanhamento de piano e acompanhamento de viola. Uma delas, intitulada «Adeus – Modinha para o canto e violão» … pode considerar-se como o elo de ligação entre a modinha e o fado-serenata. De modinha ainda tem alguns grupetos em vocalizos.
Mas, de resto, o gosto melódico, bem como a sequência das modulações aproximam-na do que há-de ser o fado-serenata.
A partir daqui, outros elementos foram condimentar o género de que tratamos até ele se fixar no princípio do séc. XX, naquilo que foi assumido pelos estudantes da Universidade de Coimbra como canção própria, como símbolo do seu romantismo.
Comparando os primeiros exemplares com os mais evoluídos, dos anos 20, verificamos uma nítida influência da música erudita cantada pelo Orfeão Académico.
… Por outro lado, ao analisarmos os fados do Hilário, nele encontramos ainda o ritmo que caracterizou o fado lisboeta (com síncopa no segundo tempo do compasso binário). É este, também, o ritmo do fado-serenata de Manuel Luís Ferreira Tavares, impresso em 1901, como o fado composto por Alfredo de Sá para o «Enterro do Grau» de 1904, e do que Luís Pinto d’Albuquerque apresentara na récita de 1904.
Mais tarde, com Paulo de Sá, Carlos Figueiredo e António Menano, é abandonado o compasso binário, em favor do quaternário. Então aquele ritmo sincopado ainda se mantém nos dois últimos tempos do compasso, mas, dum modo tão disfarçado que só com muita atenção se pode detetar.
E este é, a nosso ver, o único elemento que o chamado fado-de-Coimbra recebeu do fado que é mesmo fado – o de Lisboa.
Mas quando aportei a esta cidade para nela estudar … vi o fado doutra maneira: ele era «nosso», mesmo quando o não cantávamos; aprendia-se ouvindo e não lendo; este não tinha autor – só tinha cantor.
Numa palavra: fora assumido por um determinado grupo humano. Daí o seu valor como testemunho duma época, dum modo de viver e sentir.
Faria, F. 1980. Fado de Coimbra ou Serenata Coimbrã? Coimbra, Comissão Municipal de Turismo, pg. 13 e 14
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