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Chamamos hoje a atenção dos seguidores deste blogue para o livro intitulado A Malta do 23 na Grande Guerra, ao qual foi acrescentado o seguinte explicativo subtítulo: Fotografias inéditas de negativos de vidro, de um militar de Coimbra, representativas do quotidiano do Batalhão de Infantaria n.º 23, na Flandres.
Op. cit., capa
Depois das Notas de abertura, Prefácio e Introdução, o espólio fotográfico ora revelado é apresentado dividido pelos seguintes temas: O Fotógrafo, Família e Amigos, “O Vinte e Três” e Coimbra.
Ponte e margem esquerda do Mondego. Op. cit., pg. 153
Nas Notas de Abertura, o Tenente-General, Joaquim Chito Rodrigues, Presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes, refere que As imagens desta obra, retiradas do pó dos arquivos centenários e dos vidros portadores da técnica fotográfica do início do século XX, imortalizam a vida do homem que as produziu, Abraão da Cruz Coelho, e a vida de muitos homens que. Militarmente organizados numa unidade militar de escalão Batalhão, formado em Coimbra e lançados na Grande Guerra, em França.
Insígnias do Batalhão de Infantaria n.º 23, Op. cit., contracapa.
Militares portugueses junto ao “Cristo das Trincheiras”. Op. cit., pg.100.
O professor e investigador de História da Fotografia, Dr. Alexandre Ramires, no prefácio da obra, apresenta alguns dados sobre o autor do espólio ora revelado e as razões explicativas do mesmo.
Abraão da Cruz Coelho (?-1970), desde tenra idade, em 1902, ajudava o projecionista da lanterna mágica do Teatro Ciclo do Príncipe Real na Avenida Sá da Bandeira [depois, Teatro Avenida e hoje um centro comercial].
Abraão da Cruz Coelho. Op. cit., pg. 22
Sabemo-lo porque existe uma fotografia que o comprova, e que nos ajudou a identificá-lo nos negativos. Terá assim tido contacto com as tecnologias do cinema e da fotografia, e a sua aprendizagem terá surgido de forma natural, num período em que a fotografia se vulgarizava e difundia.
A oportunidade para fotografar terá surgido na Flandres, facilitada pela sua integração no serviço Postal do CEP [Corpo Expedicionário Português], que lhe deu a possibilidade de circulação e acesso aos locais onde estavam alojados os oficiais e as tropas: daí a relevância das suas fotografias. Mas como teria Abraão acesso às chapas fotográficas necessárias? Algumas das caixas têm marca germânica. Terão resultado de apreensões ao inimigo? E que marcas terá a Guerra deixado nos restantes anos da sua vida? Sabe-se que, nas traseiras do Teatro Avenida, guardava as máscaras antigas e outros objetos-memória. Era membro da Liga dos Combatentes, não sendo, portanto, de estranhar o local onde foi localizada esta sua reportagem fotográfica. Era bastante conhecido em Coimbra, pelas suas funções de projecionista do Teatro Avenida, mas também pelo facto de andar frequentemente com um periquito ao ombro, talvez para o avisar da eventual presença de gases tóxicos. Enfim, marcas da Guerra e da memória.
Carvalho, J.C. A Malta do 23 na Grande Guerra, 2018. Coimbra. Edição Jorge Costa Carvalho e Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes.
A fotografia sempre esteve presente na vida de Alexandre Ramires.
Presença que o levou a ser não só um dos maiores conhecedores portugueses das técnicas fotográficas primitivas, bem como um especialista nas fotografias de temática coimbrã.
Conversa Aberta: A fotografia em Coimbra no século XIX, cartaz
O título da sua palestra é prova do que afirmo e da razão do apreço que tenho por este estudioso.
Se muito aprendi com as Conversas Abertas, em ordem a esta estou muito, mas mesmo muito, interessado em conhecer as surpresas que Alexandre Ramires nos reserva.
Conversa Aberta: A fotografia em Coimbra no século XIX, folha de sala
Por meu lado espero lá estar às 18h00 da próxima 6.ª feira, dia 28 de Junho e penso que, se for, gostará tanto como eu espero vir a gostar.
Rodrigues Costa
No início do passado mês de dezembro, a nova direção do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC) anunciou o regresso da Munda.
A primeira série que tinha como diretor o Dr. Mário Nunes, foi editada entre 1981 – aquando do surgimento do GAAC – e 2007, tendo sido publicados 52 números. Há que saudar não só o renascimento do Grupo, bem como da sua revista científica que teve um papel relevante, no panorama cultural da Cidade. Renascimento que foi assim noticiado pela Direção em exercício.
A retomada da publicação da revista Munda, que durante longos anos marcou a vida editorial coimbrã, constituía um dos maiores desafios que se colocavam à atual direção do GAAC.
Esse objetivo acaba de ser concretizado, com a publicação do n.º 1 de uma nova série, a 2.ª, com um vasto leque de artigos centrados na vida cultural e artística da região centro e, em especial, da cidade de Coimbra.
São 170 páginas que proporcionamos aos sócios e ao público em geral, com a consciência de que tudo foi feito para honrar o grandioso passado da revista,
Munda. N.º 1 – 2 série. Novembro de 2013, capa
O índice da revista permite-nos aquilatar da qualidade e interesse dos artigos ora publicados.
SECÇÃO TEMÁTIVA: RETRATOS HISTÓRICOS DE COIMBRA
- Coimbra, 1901, A Primeira Viagem de Manuel Gómez-Moreno a Portugal, de Josemi Lorenzo Arribas e Sérgio Pérez Martin.
- Martin Wdser em Coimbra: Um Escritor Alemão Esquecido. Entre Helmut Helling e Karl Heinz Delille, de Pedro Miguel Gon.
- Lusitania, Viaje por un País Romântico. Coimbra pelos Passos de Rogelio Buendía, de Ana Marques.
- Viajar no Mondego com Fotografias de Época, de Alexandre Ramires.
VÁRIA
- Monforte de Ribacôa, um castelo Leonês na posse de Portugal, de Carlos D’Abreu e Román Hernández Rodriguez.
- Moinhos Hidráulicos no Río Ocreza, de Lois Ladra.
- O Moinho do Meligioso e a Batalha do Bussaco. Esforço de Preservação do Património Histórico-Militar, de João Paulo Almeida e Sousa.
Destes artigos chamamos, nomeadamente, a atenção para o da responsabilidade de Alexandre Ramires, intitulado Viajar no Mondego com Fotografias de época, onde são apresentadas 21 recuperações de fotografias do início do seculo passado, das quais selecionamos as seguintes.
Barracas no Mondego, autoria não identificada, Maio1905. Op. cit., pg. 77
Barca de lenha, autoria não identificada, 1906. Op. cit., pg. 81
Crescer no Rio, autoria não identificada, 1906. Op. cit., pg. 85
À beira-rio, autoria não identificada, 1906.Op. cit., pg. 89
Ponte do Modesto, autoria não identificada, c.1930. Op. cit., pg. 95
Munda. N.º 1 – 2 série. Novembro de 2013. Coimbra. Grupo de Arqueologia e Arte do Centro.
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