Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Fernando Assis Pacheco
Acedido em: http://www.citador.pt/poemas/a/fernando-assis-pacheco
eu vivia num lento bairro da periferia
onde a chuva apagava os passos
LOUVOR DO BAIRRO DOS OLIVAIS
Não tive nunca nada a ver com as
guitarras estudantes: eu vivia
num lento bairro da periferia
onde a chuva apagava os passos das
pessoas de regresso as suas casas
fazia compras na mercearia
e algum livro mais forte que então lia
já era para mim como um par d’asas
amigos vinham ver-me que eu servia
de ponche ou de Madeira malvasia
para soltar as línguas livremente
um que bramava um outro que dormia
eu abria a janela e só dizia
ao menos estas ruas têm gente
XXX
Alberto de Oliveira
Chama por nós o sino diligente. Foto Maluisbe
O SINO DA UNIVERSIDADE
Chama por nós o sino diligente,
Todos os quartos de hora, com voz clara,
E distribui-nos paulatinamente
A moeda do tempo, antiga e rara.
Da torre de vigia permanentemente
De onde vela por nós e nos ampara,
O sino diz: - Ó perdulária gente,
O tempo voa, voa, voa, mas não para!
Dai mais lento compasso à vossa vida,
Não a desperdiceis nem deiteis fora,
Não se torna a ganhar a hora perdida!
Assim repete, em sua voz sonora,
À nossa mocidade distraída,
O velho sino, cada quarto de hora…
Encantada Coimbra. Colectânea de Poesia sobre Coimbra. Organização e Nota Prévia de Adosinda Providência Torgal, Madalena Torgal Ferreira. 2003. Lisboa, Publicações Dom Quixote. Pg. 111, 182.
José Viale Moutinho
Acedido em: https://www.wook.pt/autor/jose-viale-moutinho/3029
eis o declive do beco da anarda
BECO DA ANARDA
como se tratasse de encontrar
a torre de anto ou o poetísico
na palavra azeda daquele meu
amigo na esplanada do «tropical»
eis o declive do beco da anarda
desde casais novos que o não via
à beira da estrada janela aberta
a tudo quanto quero esquecer
por isso no beco da anarda sou
primeiro a dizer «ai do lusíada»
ó torre de anto ó António nobre
é alberto de oliveira ó beco oh
XXX
Alberto de Oliveira
Acedido em: https://www.infoescola.com/escritores/alberto-de-oliveira/
Na avenida cismática e sozinha.
PELO JARDIM BOTÂNICO
Pelo Jardim Botânico, à tardinha…
É a hora ritual do sol poente,
Quando as tílias rescendem docemente
Na avenida cismática e sozinha.
Quisera ver raiar na minha frente
Alguma namorada «Teresinha»,
Cruzar no dela o meu olhar ardente,
Ter enlaçado a sua mão na minha …
Amam em cada ninho as toutinegras,
Chamejam, ao passar, as capas negras,
Como se a luz do amor as penetrara…
Tange um sino suave no convento…
E o sol exausto, em seu ocaso lento,
Acaba de morrer em Santa Clara.
Encantada Coimbra. Colectânea de Poesia sobre Coimbra. Organização e Nota Prévia de Adosinda Providência Torgal, Madalena Torgal Ferreira. 2003. Lisboa, Publicações Dom Quixote. Pg. 85, 91.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.