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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 12.07.18

Coimbra: Edifício da Agência do Banco de Portugal 3

Adães Bermudes, em 1907, conhecia bem a arte desenvolvida pelos artistas de Coimbra, sobretudo pelos que se encontravam ligados à Escola Livre das Artes do Desenho (ELAD) fundada em 1897 por Mestre António Augusto Gonçalves; fazia-lhes os mais rasgados elogios e entregava-lhes trabalhos destinados a embelezar os edifícios erguidos sob a sua responsabilidade. Era, por isso, “de esperar que o novo edifício construído num belo local [fosse] ao mesmo tempo que um monumento da mais fina arte, uma prova também das extraordinárias aptidões dos artistas conimbricenses, cujos esforços para levantar a arte industrial portuguesa são conhecidos e vistos com aplauso por todo o país”.

O arquiteto, no projeto que riscou, deixou-se influenciar pela arquitetura tradicional coimbrã que ficou, desde o século XVI, impregnada pelo espírito da renascença, mas, no dizer do articulista do Resistencia é necessário “que se não entregue a obra ás mãos do primeiro sucateiro, e que se faça do novo edifício, colocado no melhor local de Coimbra, obra para honra e não para desdouro dos nossos artistas”. 

Fig. 9 - João Machado.jpg

 Fig. 9 - João Machado

 Os responsáveis pela Agência do Banco de Portugal conheciam bem a capacidade e as aptidões dos artistas mondeguinos e, por isso era de esperar que entregassem a empreitada a alguém credenciado.

Das notícias então publicadas em jornais citadinos deduz-se que o alarife encarregado de riscar o edifício da agência do Banco de Portugal “elaborou, ou pretende elaborar o projeto dentro das tradições da arte local, escolhendo para estilo do novo edifício o da Renascença” e o diretor do Resistencia acrescenta na sua folha que, quanto à concretização daquele tipo de decoração apenas João Machado seria capaz de o executar com a qualidade desejada.

Fig. 10 - A Agência do Banco de Portugal em fase

Fig. 10 - A Agência do Banco de Portugal em fase de conclusão

 Os outros cinzeladores da pedra a trabalhar na cidade reagiram desagradados à referência inserta no jornal, pensando, quiçá, que ela representava o eco de palavras proferidas por João Machado ou, dizemos nós, movidos por uma “doença” chamada inveja. Machado, seriamente desgostado, reagiu enviando uma carta ao periódico onde referia que “quando soube que um colega [seu], depois de ter conhecimento de que f[ora] convidado para executar esse trabalho” contactou os diretores do Banco, oferecendo os seus serviços, declarara que jamais se encarregaria de tal trabalho. E se bem o disse, fielmente o cumpriu, apesar do dr. Quim Martins em posterior edição afirmar que “se o sr. João Machado abandona a obra, o sr. João Machado falta à consideração que deve a quem justamente lhe aquilata o valor” e que o artista “não tem só a contar consigo, tem de contar também com a cidade que lhe festeja o talento que o enobrece”.

O artista manteve-se irredutível e o trabalho de cantaria acabou por ser entregue a Francisco António dos Santos, Filho, “canteiro que vem conseguindo créditos de artista em várias obras a seu cargo”.

Como normalmente acontece, o prazo estipulado para a construção do edifício sofreu uma derrapagem, até porque quando se começaram a abrir os alicerces as obras tiveram de parar, a fim de ser resolvido o problema originado pela existência de um vasto lençol de água que se torno necessário drenar.

Finalmente, com a presença de Adães Bermudes, a 24 de outubro de 1912 foi feita a entrega do novo edifício da Agência do Banco de Portugal, inaugurada a 1 de novembro desse mesmo ano.

Fig. 11 - A Agência do Banco de Portugal já conc

 Fig. 11 - A Agência do Banco de Portugal já concluída

 No dia da inauguração os diretores da nova agência, Manuel Inácio Palhoto e Henrique Ferreira acompanharam a direção do Gazeta de Coimbra numa visita às instalações e estes “fica[ram] perfeitamente impressionados com as comodidades e o bom gosto ali reunidos, transpirando em todas as suas dependências um tom de modernismo que muito [lhes] agrad[ou]”.

Neste contexto, os visitantes cumprimentavam “os ilustres agentes desta nova agência” ao mesmo tempo que felicitavam “o público de Coimbra pelo excelente edifício agora inaugurado e que vem imprimir à cidade uma nota caraterística do seu progresso e desenvolvimento”.

Fig. 12 - Selo do Banco de Portugal. 1846. Desenho

 Fig. 12 - Selo do Banco de Portugal. 1846. Desenho de Domingos António de Sequeira

 

ORIENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

 

OBRAS DE CONSULTA

OBRAS DE CONSULTA

DAMÁSIO, Diogo Filipe Monteiro, Arquitetura do Banco de Portugal. Evolução dos projetos para a sede, filial e agências do Banco de Portugal (1846-1955), Coimbra, 2013. [Policopiado]

http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2011/11/banco-de-portugal-em-coimbra.htmll

https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_Portugal

https://www.bportugal.pt/page/historia

Relatorio do Conselho de Administração do Banco de Portugal. Gerencia do anno de 1905. Balanço, documentos e parecer do Conselho Fiscal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1906, p. 21.

 https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/relatorioca1905.pdf.

 

PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS

Architectura Portugueza (A), 4, Ano VI, Lisboa, 1913.04.00.

Gazeta de Coimbra, Coimbra, 1912.10.26; 1912.11.02.

Jornal de Coimbra, Coimbra, 1911.08.05; 1912.01.31; 1912.10.30.

Defeza, Coimbra, 1910.03.25.

Noticias de Coimbra, Coimbra, 1908.01.18; 1909.10.02.

Construcção Moderna (A), 273, Ano IX, n.º 9, Lisboa, 1908.10.10.

Resistencia, Coimbra, 1903.05.03; 1906,07,01; 1907.07.02; 1907.08.25; 1907.09.20; 1907.10.03; 1907.10.06; 1908.11.15.

Conimbricense (O), Coimbra, 1906.07.05.

Tribuno Popular (O), 4893; 5211, 6907, Coimbra, 1903.05.06; 1906.06.30; 1907.06.08

 

 

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por Rodrigues Costa às 09:12

Terça-feira, 10.07.18

Coimbra: Edifício da Agência do Banco de Portugal 2

Finalmente decidiram-se por construir o prédio destinado á sua agência no Largo Príncipe D. Carlos, atual Portagem, e que em 1912, aquando da inauguração do imóvel fora, por via da implantação da República, renomado de Miguel Bombarda; mas, para tal, tiveram de comprar as casas dos senhores António José Vieira e Paulo Antunes Ramos, ligadas ao Café Montanha, já então a funcionar e negociar com a Câmara Municipal a cedência de algumas parcelas de terreno. Face ao acordo estabelecido entre as partes o Banco de Portugal tinha de pagar à edilidade a quantia de 12$000 réis por cada metro quadrado de terreno público que ocupasse.

Fig. 3 - Largo Príncipe D. Carlos (Portagem) c. 1

Fig. 3 - Largo Príncipe D. Carlos (Portagem) c. 1890

 Os diretores da entidade bancária encarregaram de riscar o projeto da agência da cidade do Mondego Arnaldo Redondo Adães Bermudes (Porto, 1863-Sintra,1948) que, em 1902, fora já o responsável pelo edifício da cidade de Bragança.

O arquiteto formou-se na Academia de Belas Artes do Porto e continuou o seu desenvolvimento académico em Paris, onde frequentou diversas escolas e ateliers, com particular destaque para a “École de Beaux Arts”. Regressou a Portugal em 1894 e instalou-se em Lisboa. Ao longo da vida profissional recebeu diversos prémios e distinções, além de ter exercido cargos relevantes no contexto da administração pública.

Fig. 4 - Arquiteto Adães Bermudes.jpg

Fig. 4 - Arquiteto Adães Bermudes

 Adães Bermudes, nas obras que projetava, não empregava um só estilo, e possuía a destreza e a habilidade necessárias para utilizar as mais diversas soluções, tendo sempre presente o contexto em que a obra se inseria e o fim a que se destinava.

Procurando apresentar desenhos funcionais e racionalistas recorria com idêntica desenvoltura a modelos relacionados com a arquitetura francesa, com o ecletismo ou com os neomedievalismos. Também não se eximia a aceitar as novas correntes arquitetónicas, quer estivessem relacionadas com o modernismo ou com a Arte Nova, nem marginalizava a introdução de «novos» materiais nas suas construções; estamos a falar do ferro, do vidro e do betão armado.

Adães Bermudes, enquanto arquiteto de seleção do Banco durante cerca de 20 anos, traçou 10 dos 17 projetos das agências então construídas e pode dizer-se que definiu a imagem de marca do Banco.

Fig. 5 - Projeto da Agência do Banco de Portugal

Fig. 5 - Projeto da Agência do Banco de Portugal em Coimbra

 À construção do edifício mondeguino, posta em praça em outubro de 1909 com a base de licitação de 27.416$000 réis, apresentaram-se cinco concorrentes, mas a empreitada, com a obrigatoriedade de ser concluída no prazo de dois anos, acabou por ser arrematada por João Gaspar Marques das Neves pela quantia de 25.616$000 réis.

No dizer da revista “A Architectura Portugueza” o edifício da Agência do Banco de Portugal que se ergueu, a partir de 1908, na «Pérola do Mondego» “é (…) um belo trecho de arquitetura moderna, de linhas elegantes, corretas e harmoniosas, duma grande pureza de estilo”.

Devido ao facto de o edifício se encontrar implantado num terreno que apresenta um apreciável declive, dos três pisos existentes apenas dois se podem visualizar na fachada principal que, pode dizer-se sem grande rigor face à assimetria existente, se encontra dividida em três panos, separados por largas pilastras de cantaria esculpida.

No piso térreo que deita para a Portagem, na parte central, rasga-se uma enorme porta ladeada por aberturas que se multiplicam, também lateralmente, no referido nível e o piso superior apresenta-se rodeado por ventanas e sacadas decoradas com aventais e balaustradas de pedra trabalhada.

A porta (e, provavelmente, dizemos nós, utilizando um critério de similitude, toda a gradaria que veda as aberturas do piso térreo), “delicado trabalho de serralheria artística” saiu da forja de António Maria da Conceição (Rato), homem cuja atividade artística não se encontra bem documentada, mas que, com tantos outros “ferreiros” mais conhecidos contribuiu para o desenvolvimento da tão significativa arte conimbricense do ferro. 

Fig. 6 - Portal e ventanas. Gradaria de ferro forj

Fig. 6 - Portal e ventanas. Gradaria de ferro forjado

 Mestre Conceição não se quedava confinado ao mérito artístico, mas assumia-se como cidadão prestante, pois durante mais de trinta anos desempenhou o cargo de comandante dos Bombeiros Voluntários.

Corre, na parte superior do edifício, uma platibanda de cantaria que, a espaços, suporta urnas e se interrompe, aqui e além, por pequenos frontões e por elementos esculturados.

Na zona central, a platibanda é descontinuada por uma pseudoarquitrave onde se pode ler «Agencia do Banco de Portugal».  

Uma edícula, onde se destaca um relógio, sobrepujada por um frontão interrompido que contém, ao centro, as armas de Coimbra cingidas por uma coroa mural, termina o conjunto.

Fig. 7 - Agência do Banco de Portugal. Pseudoarqu

Fig. 7 - Agência do Banco de Portugal. Pseudoarquitrave e edícula com relógio

 Refira-se a existência de um relógio na zona nobre do edifício, máquina, na época, omnipresente em fábricas, escolas, estações de caminho de ferro e muitas outras estruturas, utilizada até à exaustão depois do take off industrial, na medida em que obriga à passagem do tempo do pouco mais ou menos para o tempo da hora certa.

A agência mondeguina, como era comum, possuía caixas fortes que, devido ao já aludido grande desnivelamento do terreno, para além de se encontrarem instaladas no subsolo, “ocupam um vasto espaço e são construídas com a maior solidez em «béton» couraçado de ferro, com portas à prova de fogo, construídas pela Fábrica Portugal”.

No rés-do-chão, precedia um espaçoso hall ao redor do qual se instalavam as diversas secções da Agência com o pessoal especializado a desempenhar os serviços adequados, um longo vestíbulo e vários gabinetes destinados à receção do público.

Fig. 8 - Hall.jpg

Fig. 8 – Hall

 Fechava o hall uma cobertura de ferro e vidro que exibia vitrais saídos da oficina de Cláudio Nunes, conhecido vitralista.

As colunas, de ferro fundido, foram executadas na oficina de José Alves Coimbra.

O edifício possuía um conforto que, para a época, se pode considerar fora do comum, passando pelo aquecimento central, instalado pela conhecida casa francesa de Felix Labat que “é das mais perfeitas”, e por uma iluminação que quase nos atrevíamos a apelidar de feérica a cargo da firma lisboeta Herrmann.

Encarregou-se dos serviços de canalização de água e de gaz, bem como do fornecimento dos artigos sanitários necessários Caetano da Cruz Rocha que tinha o seu estabelecimento na Calçada.

 

ORIENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

OBRAS DE CONSULTA

DAMÁSIO, Diogo Filipe Monteiro, Arquitetura do Banco de Portugal. Evolução dos projetos para a sede, filial e agências do Banco de Portugal (1846-1955), Coimbra, 2013. [Policopiado]

http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2011/11/banco-de-portugal-em-coimbra.htmll

https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_Portugal

https://www.bportugal.pt/page/historia

Relatorio do Conselho de Administração do Banco de Portugal. Gerencia do anno de 1905. Balanço, documentos e parecer do Conselho Fiscal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1906, p. 21.

 https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/relatorioca1905.pdf.

 PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS

Architectura Portugueza (A), 4, Ano VI, Lisboa, 1913.04.00.

Gazeta de Coimbra, Coimbra, 1912.10.26; 1912.11.02.

Jornal de Coimbra, Coimbra, 1911.08.05; 1912.01.31; 1912.10.30.

Defeza, Coimbra, 1910.03.25.

Noticias de Coimbra, Coimbra, 1908.01.18; 1909.10.02.

Construcção Moderna (A), 273, Ano IX, n.º 9, Lisboa, 1908.10.10.

Resistencia, Coimbra, 1903.05.03; 1906,07,01; 1907.07.02; 1907.08.25; 1907.09.20; 1907.10.03; 1907.10.06; 1908.11.15.

Conimbricense (O), Coimbra, 1906.07.05.

Tribuno Popular (O), 4893; 5211, 6907, Coimbra, 1903.05.06; 1906.06.30; 1907.06.08

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por Rodrigues Costa às 13:09

Quinta-feira, 05.07.18

Coimbra: Edifício da Agência do Banco de Portugal 1

Criado por decreto que D. Maria II assinou a 19 de novembro de 1846, o Banco de Portugal resultou da fusão do Banco de Lisboa, banco comercial e emissor, com a Companhia Confiança Nacional, sociedade de investimento especializada no financiamento da dívida pública. 

O Banco de Portugal, para além da sua função de banco comercial, assumia-se também como banco emissor; fundado com o estatuto de sociedade anónima, até à sua nacionalização, acontecida em 1974, era maioritariamente privado.

Apesar de, a partir de dezembro de 1887, ter deixado de partilhar o direito de emissão de notas com outras instituições, só em 1891 é que passou efetivamente a deter o exclusivo da emissão de moeda, porque apenas então assinou um acordo com os outros bancos emissores.

Depois de uns primórdios atribulados, o Banco de Portugal entrou numa fase de crescimento pujante e acabou por se tornar o banco comercial mais importante do país.

Enquanto vigorou o padrão-ouro, ou seja até 1891, uma das suas principais preocupações passou por assegurar a convertibilidade das notas que emitia em moeda metálica. 

Por via do contrato celebrado, em dezembro de 1887, entre o Banco de Portugal e a Coroa portuguesa, a instituição passou a exercer as funções de banqueiro do Estado bem como de caixa geral do Tesouro, obrigando-se a criar agências em todas as capitais de distrito, tanto do continente, como das ilhas.

A maior parte dessas agências acabou por se instalar em edifícios ocupados pelo Governo Civil, associando-se, desta forma, a uma entidade governamental passível de remeter para valores de respeitabilidade e de segurança.

Este organismo estatal ocupava, quase sempre, edifícios desamortizados que haviam sido outrora palácios ou conventos e, a fim de desempenhar funções bancárias tiveram de ser parcialmente adaptados, pois viram-se na necessidade de se inserir numa estratégia destinada a assegurar o estatuto de instituição de prestígio inerente ao Banco de Portugal. 

Fig. 1 - Colégio dos Lóios 01.jpg

 Fig. 1 - Colégio dos Lóios onde funcionava o Governo Civil e onde esteve instalada a primeira Agência do Banco de Portugal

 Na sequência da obrigatoriedade de criar agências nas capitais de distrito, em Coimbra, também se instalou, a 3 de fevereiro de 1891, uma filial do banco que, seguindo as normas comuns, se instalou no edifício onde se encontrava sediado o Governo Civil, ou seja, no antigo Colégio de S. João Evangelista, mais conhecido pelo nome de Colégio dos Lóios.

Ignoramos se Ricardo Loureiro foi o primeiro gerente da instituição, mas sabemos que cessou funções em 1904 e que a 18 de janeiro do ano seguinte tomou posse do cargo o dr. Guilhermino Augusto de Barros, ainda em funções no ano de 1908.

Em 1903 a entidade bancária, face à necessidade de autonomia e à evolução dos serviços, já pensava selecionar um edifício apropriado ou um local onde pudesse ser construído de raiz o imóvel destinado a instalar autonomamente, a agência daquele Banco e, para tal, fez deslocar a Coimbra o diretor Castanheira Neves.

O local de implantação do edifício e a escolha do estilo podem inserir-se dentro das decisões mais importantes a tomar quando, na época, se procurava erguer uma infraestrutura destinada a instituição bancária.

A primeira encontra-se diretamente ligada à preocupação em situar o Banco num local onde existisse uma atividade económica forte, facto que pressupunha e existência de uma elite social que, obviamente, permita exercer uma influência significativa sobre o comércio local. Esta decisão, que se inseria na chamada centralidade económica, conduzia à aquisição de terrenos ou imóveis situados estrategicamente.

A segunda, relacionava-se com a escolha de um estilo arquitetónico que correspondesse às necessidades complexas dos estabelecimentos bancários e que passava, também, pela criação de uma imagem de marca capaz de individualizar e valorizar a instituição. O estilo arquitetónico e a decoração utilizada deviam ser adequados e escolhidos de forma a agradar tanto aos utentes do Banco, como à população. Mais à frente, e no que respeita à agência mondeguina, iremos deter-nos mais pormenorizadamente sobre este assunto. 

Fig. 2 - Localização do Colégio de Santo Antón

 Fig. 2 - Localização do Colégio de Santo António da Estrela

 A casa de José Guilherme, sita na zona da Sé Velha, merecia consenso, pois erguia-se num local de, ao tempo, reconhecida movimentação comercial. Posteriormente, também se perfilou como opção para a construção do imóvel o terreno do antigo Teatro Académico ou ainda o local outrora ocupado pelo Colégio de Santo António da Estrela; esta última escolha, onde mais tarde foi construída a casa do dr. Ângelo da Fonseca, posteriormente (até à sua extinção) ocupada pelo Governo Civil, acabou por ser abandonada devido a dificuldades relacionadas com a implantação do edifício.

 

ORIENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

OBRAS DE CONSULTA

DAMÁSIO, Diogo Filipe Monteiro, Arquitetura do Banco de Portugal. Evolução dos projetos para a sede, filial e agências do Banco de Portugal (1846-1955), Coimbra, 2013. [Policopiado]

http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2011/11/banco-de-portugal-em-coimbra.htmll

https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_Portugal

https://www.bportugal.pt/page/historia

Relatorio do Conselho de Administração do Banco de Portugal. Gerencia do anno de 1905. Balanço, documentos e parecer do Conselho Fiscal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1906, p. 21.

 https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/relatorioca1905.pdf.

 

PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS

Architectura Portugueza (A), 4, Ano VI, Lisboa, 1913.04.00.

Gazeta de Coimbra, Coimbra, 1912.10.26; 1912.11.02.

Jornal de Coimbra, Coimbra, 1911.08.05; 1912.01.31; 1912.10.30.

Defeza, Coimbra, 1910.03.25.

Noticias de Coimbra, Coimbra, 1908.01.18; 1909.10.02.

Construcção Moderna (A), 273, Ano IX, n.º 9, Lisboa, 1908.10.10.

Resistencia, Coimbra, 1903.05.03; 1906,07,01; 1907.07.02; 1907.08.25; 1907.09.20; 1907.10.03; 1907.10.06; 1908.11.15.

Conimbricense (O), Coimbra, 1906.07.05.

Tribuno Popular (O), 4893; 5211, 6907, Coimbra, 1903.05.06; 1906.06.30; 1907.06.08

 

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por Rodrigues Costa às 16:33


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