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Dos três monumentos referidos por Sá de Miranda – o arco triunfal, as «grutas», o aqueduto – o segundo ainda se mantém e constituiu uma das mais impressionantes obras de arquitetura romana de Coimbra. Trata-se do criptopórtico sob o Museu de Machado de Castro, antigo paço dos bispos de Coimbra.
A rua que contorna o monumento é ainda hoje conhecida pelo nome de Rua das Covas … No século XIII, a rua era chamada ‘vico de Covis’; no século XII, algumas casas situadas nas imediações eram ditas ‘sub illas covas’ ou ‘circa foveas’.
… O achado, nos entulhos retirados do criptopórtico, de uma pequena ara consagrada ao Génio da Basílica, ‘Genio Baselecae’, sugere que basílica da cidade de ‘Aeminium’ se encontrava implantada naquele local; sendo a basílica um dos edifícios que integravam o fórum, é legítimo supor que o criptopórtico constituía a infraestrutura do fórum eminiense.
O pendor do terreno era grande e havia necessidade de edificar um terraço onde planamente se estabelecesse o fórum. Ora, um embasamento maciço seria talvez menos sólido e seguramente menos útil que alveolado de galerias ou cárceres. Os romanos edificaram, pois, o corpo gigantesco de um pódio com dois andares.
No piso superior, uma galeria em forma de π envolve outra do mesmo traçado. Em cada braço, três passagens dão acesso de uma a outra galeria; nos topos, as galerias são também comunicantes. De través, entre os braços do π, sete cárceres comunicam entre si por estreitas passagens abobadadas disposta no mesmo enfiamento. No andar inferior acham-se outras sete salas mais altas e espaçosas, dispostas ao longo de uma galeria e comunicantes entre si por passagens estreitas. Este andar foi parcialmente destruído por casas que se ergueram encostadas ao edifício.
… Também se acharam quatro cabeças de mármore, duas representando talvez as Agripinas, outras duas, Vespasiano e Trajano. Estas cabeças ornaram provavelmente o fórum onde assentava o criptopórtico, se é que não foram antes veneradas no templo que dominava o fórum.
… O fórum, se efetivamente ficava implantado no criptopórtico, ocupava uma posição central no recinto amuralhado da cidade.
Alarcão, J. 1979. As Origens de Coimbra. Separata das Actas das I Jornadas do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Coimbra, Edição do GAAC. Pg. 34 a 36
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