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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 06.09.16

Coimbra: o tempo de gestação de Portugal 1

A opção mais fácil seria tratar apenas o Condado Portucalense, desde o momento em que o imperador das Hispânias, Afonso VI (1096-1109), atribuiu o governo desse território a seu genro, Henrique de Borgonha, em 1096 ... Mas na verdade, a anterior ocupação do território e a sua perceção como unidade sociopolítica de contornos específicos tem origens em tempos mais antigos, remontando às presúrias dos séculos IX e X e à forma como as famílias a quem o território foi concedido para povoar e aquelas a quem a gestão «direta» desse mesmo território seria entregue viriam a relacionar-se, quer entre si, quer com o poder real asturo-leonês.

... Os tempos em que Portucale e Coimbra eram apenas terras concedidas em presúria a condes curialistas já nos alertam para um relacionamento muito próximo destas famílias com a monarquia vigente, dominando a região e os que nela se encontravam, consolidando unidades políticas embrionárias nas quais o reino de Leão viria a decalcar os futuros condados.

... A política de Afonso III parece ter encontrado os seus primeiros ensaios nas regiões da Galiza, Entre Minho e Douro e entre Douro e Mondego, provavelmente fruto da rapidez com que, nessas regiões, o esforço da conquista progredia no último quartel do século IX.

É assim que o encontrarmos, entre 868 e 878, acompanhando os progressos dos sucessos militares, a distribuir territórios de forma quase sistemática àqueles que virão a ser considerados os «fundadores» do domínio senhorial dos condados portucalense e conimbricense ... em 878, depois da conquista de Coimbra, entrega a região conimbricense a Hermenegildo Guterres, a quem se juntariam Godesteu, Ero e Diogo Fernandes, que acabariam, em conjunto, por marcar o condado conimbricense de forma indelével e por, união quase sistemática a mulheres da família de Vimara Peres, de Afonso Betotes e da monarquia asturiense, dominar muitos dos sucessos políticos daqueles anos, sobretudo os que se passavam junto da corte régia.

Este conjunto de famílias da alta nobreza dominaria consistentemente a região por quase século e meio ... Porto e Coimbra e as regiões circundantes assumiram então um papel importante como polos de atração de gentes, das populações vindas do Norte, num primeiro momento, e das que a eles se juntavam logo a seguir, chegadas do termo desses núcleos populacionais e suas regiões adjacentes.

A fundação de mosteiros e a dotação de igrejas constituíram outras importantes fontes de poder e de colonização.

... O crescente protagonismo destes nobres encontrou um dos seus expoentes máximos no envenenamento do rei Sancho I por Gonçalo Moniz, então conde de Coimbra e descendente de Hermenegildo Guterres ... as famílias condais de Coimbra acabaram por estabelecer alianças matrimoniais com as famílias de Entre Douro e Minho de tal maneira próximas que, fruto de acasos biológicos, acabam por predominar sobre as primitivas fundadores e aglomerar num só espaço de dominação social aquilo que começara por estar cindido em dois. O Condado Portucalense e o conimbricense, por força das alianças entre as famílias condais dos primitivos pressores, acabariam por se fundir insensivelmente num grande território dominado pelas mesmas famílias.

Branco, M.J. Antes da independência de Portugal. In Portugal e Espanha. Amores e desamores. Volume I. Coordenação de Matos, A.T., Costa, J.P.O. e Carneiro, R. 2015. Lisboa. Círculo de Leitores. Pg. 17 a 19, 28 a 32

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por Rodrigues Costa às 11:01


6 comentários

De Joao a 10.02.2019 às 18:38

Qual é a descendência dos Vimara em Portugal tem ligação aos Reis Portugueses patterno ?

De Anónimo a 10.02.2019 às 22:25

A genealogia é uma área pela qual nunca tive grande interesse. Daí o não poder responder à sua questão. Em https://pt.wikipedia.org/wiki/Vímara_Peres pode obter algumas informações, tendo a convicção que noutras fontes mais qualificadas poderá encontrar respostas mais aprofundadas.

De Joao a 10.02.2019 às 22:46

Agradeço mas esse link está desatualizado e nada sabem, pensei que tivesse mais conhecimento, os Vimara é uma casa que deu acesso a outra casa de Vimarae e que pertence à realeza Portuguesa, pela casa de Weimar ou Vimarae Saxonis

Registo em latim de Vimara e família Vimarae e na qual o meu 8 avô patterno de Coimbra deixou descendência em freguesia Andre de Poyares. Possuo registos em latim que Vimarae é Dux de Guimaranes e de Dux de Bragancia

Vimara frater fuccefTor fuit. Poftquem rexit Compoftella nam ecclefiam alius quidam exfamilia Vimarae, ,cuius nomcnlitcris proditum nó inueni.Hica Veremundo Rege proptercclcra fua vinculis traditus eft.Hæc omnia exhiftoria Compoftellana 965

Vimarae alius exeadem fàmilia fucceffor eft datus, cuius nomen memoriae proditum non eft (Ifquariam nonnulli codices habent fufpicor fàlfò).Is duobus confanguinéisjnihilo fànior cüm effèt, Regis iufiü carceri eft mancipatus

A história como a conhecemos em Portugal, não é a verdadeira, não.

Obrigado pelo esforço
João

De Anónimo a 11.02.2019 às 09:54

Obrigado pelas interessantes informações. Já li, há muito tempo, um trabalho sobre Vimara Peres, mas sinceramente não me recordo aonde estava esse trabalho. Para mim, Vimara sempre foi uma figura algo estranha e pouco explicada na história de Portugal.
Obrigado, mais uma vez, pelas infirmações

De Anónimo a 11.02.2019 às 13:02

Vou lhe postar aqui algo para ficar a pensar e digo lhe com toda a certeza absoluta do que lhe falo, Vimaranis é Vimarae ou Vimara ou Vimario

Esta casa de Vimara vem de Saxónia, Saxe de Saal, Hohenthal de Magdebourg.

Os Vimara deram a casa de Vimarae, casa esta que na qual me corre sangue nas veias. O meu 8 avô patterno foi João Vimarae casado com Mathilda Ferz (descendente dos Bispos de Braga), João Vimarae é um rei português, e este tem um ducado em Guimarães e Bragança e vem descrito na Casa Real Portuguesa essa atribuição ao respetivo rei.

O que lhe vou deixar aqui é o registo da Alemanha de Saxe de Dresden

Alguns registos em latim.

GuIMARANES, Latein. Vimario nicht weit von Braga, ist ein Herzogth

In pacto Regem Borussiae inter et Magnum Ducem Vimariae (Weimar) inito Parisiis d. 22 Sept. a. 1815 Magnus Dux Vimario-Saxoniae obligationem in se suscepit sinendi, ut Borussia, si hoc e re sua esse existimet, navigabiles reddat fluvios Unstrut et Geram etiam quatenus Ducatum Vimanensem perfluant. Neque hanc navigationem Dux portoriis onerabit, neque etiam ipsam impediet ratione subditorum Regis Borussici. Art. 8. (2).

(o meu 6 avô patterno foi o ultimo Inquisitor da Santa Inquisição em 1815)

Lucensis Civitatis ab exteriori, porta Castelli ejusdem urbis, interius, quivulgo Bezerrile dicitur, inter menia ejusdem oppidi, & domum cujusdam Petri Didaci, & Canoniciper viam qua itur ad principalem portam Ecclesiae Beatae Mariae ante Ecclesiam Sancti Joannis Baptistae, deinde secus pinaculum templi d tivum compiti Sancti Romani, atque per medium callis, inter domum Vermudi Didaci; & circum adjacentem aliam domum cujusdan Canonici Eronis ad domum Vimarae Gundemariz:


Senhor ,que é húa diuifam do Bipado de Dume, en que entre outras pefoas feafsinou, Lucidus Vimarani. E, Vimara Froilani. Por. que Vimarano era nome proprio de homem,do qual foi chamado Illfus P. hum filho del Rei D. Affonfo I. de Leam: o qual nome também foi feruia de fobrenome, fegundo o confirmo, Lucidus Vímarani, quer dizer, Lucido filho de Vimarano." ! Vimara, tambem ê nome de houro deleza mem, e afsi Froilano. Vimara ;">'; Froilani, è o mefmo que Vimara filho de Froilano. Eafsifica Mariana l. refpondido aquem de Braga mandou etas memorias, q pareciam deus súas arguir maior antiguidade deta

Nam Princeps Thomas Sabaudus Royano ac Corbejam expugnawit , amnemgue Somonam tranfiit. Joannes Vertenfis, unus ex Imperatoris exercitus Præfe&tis , Picardiam , Campaniamque ita armis infeftabat , ut Lutetiam Parifionum in anguftiis poneret & Civibus fummum incuteret timorem. Ad has itaque cohibendas hoftium incurfiones rniffus eß cum exercitu in Belgium Gafio , Dux Aurelianenfis , & Chrißianiffimi Regis Ludovici XIII. frater , qui Hifpanos eis amnem Somonam receptui canere compulit : multaque Oppida abfque ullo certamine in deditionem fuam recepit ... Dum haec in ' Belgio gererentur, Germani , feeundam fortunam experti , Tabernam, Alfatiæ Civitatem , Magdeburgum , & Moguntiam', quamvis eorum conatibus Cardinalis a Valetta &,Dux Vimarius (trenue obfifterent , receperunt , Principem Condeum incoeptam Urbis Dolae obfidionem folvere coegerunt, & superato Arari fluvio , ad Ladonam oppugnandam accefferunt_, quam, tamen a Duce Vimario , ât a Cardinali a Valetta

· · · · Chriftophori Labrugienfi fecedens, ibidem gloriofo fine quieuit ad Annum DCCCC. vel circiter. 9 OO

„ . ' XVIII. D. Ov ecv s huius nominis I, Epifcopus Tudenfis XVIII. Eius - *. nomen indonatione Regis Ranimiri Monafterio S. Ifidori ad An

.. • * num DCCCC. XXXV. - 935 • XIX. D. VIMARA huius nominis I. Epifcopus Tudenfis XIX. inter- fuitCongregationi Epifcoporum Caftelle, & Legionis, quæ Afturicæ fa&a eft ad Anfium Domini DCCCC. XXXVlI. deinde, Sede dimißá, ad Monafterium S.Stcphani Silenfe properans, ibi dem fecedens, Confeffor gloriofus occubuit. 937
XX. D. BALT A R I v s huius nominis I. Epifcopus Tudenfis XX.
- - Eius nomen inuenitur in Scriptura Vimarae praedccefforis poft reliétam Sedem ad Annum DCCCC. XLIX. & eius memoria

Só para afiançar que a minha família de Coimbra e Braga é a única descendente direta da Realeza Portuguesa, da casa de Guigues, Savoie e Saxe


Cumprimentos

De Anónimo a 11.02.2019 às 19:15

Obrigado pelas suas informações.

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