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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 22.11.16

Coimbra: o 8 de Maio de 1834

A Câmara, com a saída das últimas tropas de D. Miguel, reúne extraordinariamente em 7 de Maio, véspera da entrada em Coimbra das tropas liberais vindas da Mealhada, e a contragosto, ou por fracas convicções políticas, a Câmara da presidência do Vereador mais velho, Dr. Joaquim da Costa Pacheco, delibera «proclamar Dona Maria II Rainha de Portugal, com geral satisfação e entusiasmo não só dos membros da mesma Câmara. Mas de toda a cidade, de cujos sentimentos estão sabedores os mesmos representantes da Cidade e da Câmara.»

Esta deliberação foi levada ao comandante das forças liberais, estacionadas, como se disse, na Mealhada, forças que «passaram» por Coimbra no dia seguinte, sob o comando do Duque da Terceira.

Aquela «satisfação e entusiasmo» era postiça dado que a cidade, pela situação especial de nela estar a Universidade, o Bispado, e os numerosos Colégios religiosos, fora sempre mais para a banda da fação de Dom Miguel, só que a repentina metamorfose dos edis não obstou à sua substituição imediata.

Quanto à Câmara, parece que nada mais aconteceu que esta mudança, já o mesmo não se dando com o Bispo Dom Joaquim de Nazaré, que indo despedir-se, ao Alentejo, de Dom Miguel, foi preso no regresso a Coimbra, em Arraiolos, e depois levado para o Castelo de Lisboa, onde esteve preso cinco meses.

E os saneamentos também chegaram à Universidade, sendo dela expulsos quarenta e seis lentes e numerosos estudantes.

O período que se seguiu àquele 8 de Maio, após uns dias de euforia liberal, foi o que era de prever, como reação a anteriores perseguições miguelistas. Dos partidários miguelistas, os mais notáveis que não puderam fugir, foram presos e alguns assassinados nas ruas.

Martins de Carvalho, impoluto liberal, que sempre combatera o miguelismo e por isso se homiziara e sofrera prisão, escreveu atribuindo esses crimes a exaltados, não escondendo que, em Coimbra, se instalara a anarquia e pela Beira era grande a inquietação, formando-se quadrilhas de bandidos e assassinos como os Brandões e outros.

Silva, A. C. 1988/89. Notas para a história da zona envolvente do Mosteiro de Santa Cruz. Separata de Arquivo Coimbrão, vol. XXXI-XXXII. Coimbra. Câmara Municipal. Pg. 26 e 27

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por Rodrigues Costa às 23:20



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