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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 01.12.22

Coimbra: Museu dos Transportes Urbanos. Reflexões 4

Os eléctricos centenários de Coimbra estão há 20 anos à espera de futuro é o artigo a que nos referimos na primeira entrada desta série, assinado pelo jornalista Camilo Soldado, com fotografias de Paulo Pimenta e publicado no jornal “Público” a 20 de agosto de 2022. Aos seus autores agradecemos a autorização para citarmos o texto e para reproduzir as fotografias.

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O eléctrico 15 foi recuperado e é frequentemente colocado à frente da antiga central. Foto Paulo Pimenta

Vários eléctricos que serviram o sistema de transportes públicos de Coimbra até à década de 1980 estão fechados, na sua antiga remise, desde a década de 2000. Entre os nove veículos que ainda se encontram na antiga central da Alegria, ao fundo da mata do Jardim Botânico, há carros centenários, que são testemunha do nascimento do serviço de transportes públicos de Coimbra.

Entre 1984 e a viragem do milénio, os veículos históricos podiam ser visitados no Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra, que funcionava no mesmo edifício. Desde que o espaço fechou as portas, houve planos para as voltar a abrir, mas nunca saíram do papel.

A viatura mais rara da remise da Alegria é o carro americano, um veículo que andava sobre carris mas era de tracção animal. O “chora”, como ficou conhecido, começou a circular em 1874.

 

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O Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra esteve aberto entre 1984 e a viragem do milénio. Foto Paulo Pimenta

 Nova candidatura

É difícil apontar uma data de fecho com precisão. A autarquia não tem essa informação … Certo é que, entre 2004 e 2008, o antigo museu teve novos inquilinos: a companhia O Teatrão, que ali se instalou depois da Capital Nacional da Cultura (CNC) de 2003 … pelo que o museu já tinha sido desmantelado nesse ano.

… Em Fevereiro deste ano, poucos meses depois de tomar posse, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva, visitava o edifício. “Vamos trabalhar para que possa ter melhores dias”, escrevia o autarca, numa declaração de intenções com que legendava uma publicação nas redes sociais.

Ao PÚBLICO, o gabinete de comunicação da autarquia refere que “o actual executivo pretende criar um núcleo dedicado ao carro elétrico em Coimbra e à sua relação com o crescimento e com a história da cidade”. Para isso, submeteu já “uma candidatura ao programa [de fundos comunitários] 2030 neste sentido”.

… Pelo meio, em 2016, o primeiro director do museu, António Rodrigues Costa, diz ter sido encarregue pelo então presidente da câmara, Manuel Machado, de elaborar um documento que fizesse um ponto de situação do museu. No relatório, há um inventário e breve história de cada veículo, mas há também uma menção a quatro itens em falta: um chassi e motor do eléctrico número 19, que permitiria compreender o funcionamento do veículo; o troleicarro número 21 (o primeiro do género a circular em Coimbra; o autocarro número oito, da marca Volvo, e um carro torre da marca Hansa-Lloyd, utilizado para a manutenção da rede eléctrica.

Desses elementos, sabe-se que o chassi terá sido cedido ao Museu de Sintra e que o troleicarro estaria resguardado nas instalações dos SMTUC. A autarquia não conseguiu responder em tempo útil ao pedido de informação do PÚBLICO sobre a localização dos restantes.

 Manter a memória

… No seu site, Kers publicou a mais completa informação sobre o serviço de eléctricos que circulou em Coimbra, com várias linhas que foram abrindo entre 1911 e 1934 e que chegaram a ligar o centro da cidade como Santo António dos Olivais, o Calhabé e Coimbra B.

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Autarquia tem um projecto para recuperar o espaço e voltar a abrir portas. Foto Paulo Pimenta

 O último eléctrico circulou em Coimbra na noite de 8 para 9 de Janeiro de 1980, perto da uma da madrugada, escreve Ernst Kers, no site onde disponibiliza a informação compilada.

Uma relação complicada

…  Em 2014, o processo é recuperado e o executivo de Machado aprova o traçado da linha, que ligaria a Rua da Alegria à rotunda das Lages, na margem esquerda.

O investimento necessário, estimava a autarquia em 2016, rondava 4,9 milhões de euros. Desde que, em 2016, a câmara aprovou um protocolo com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes a proposta não voltou à praça pública. Questionada pelo PÚBLICO, a CMC responde através do gabinete de comunicação que essa questão está “ainda a ser estudada, não havendo ainda uma decisão do actual executivo”.

Perante tudo “isto”, repetimos o nosso apelo.

Elaborem e planejem os projetos que entenderem, mas façam-no faseadamente.

Num primeiro momento reabram o Museu, o Núcleo, ou que lhe quiserem chamar, porque embora mutilado, ainda ali existem peças únicas a nível mundial.

A reabertura deve ter em linha de conta as novas técnicas museológicas relacionadas com o património industrial, o que está, perfeitamente, ao alcance do Município de Coimbra, sem lhe seja necessário recorrer a subsídios de qualquer Entidade.

Este é, quiçá, o único caminho a trilhar, para tentar redimir, minimamente, os erros do passado.

 

Soldado, C. Os eléctricos centenários de Coimbra estão há 20 anos à espera de futuro. Fotografias de Paulo Pimenta. Acedido em https://www.publico.pt/2022/08/20/local/noticia/electricos-centenarios-coimbra-estao-ha-20 anos-espera-futuro-2017719?access_token=7DA9PSwHVE2PY%2BV2Uq0vzjR8mXXZzKG4s7HJzVdEqM8W9R05xizcUcxDIhPdgDsy

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por Rodrigues Costa às 09:52



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