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Extrato de uma comunicação apresentada no ciclo de conferências comemorativo dos 900 anos de Almedina. (continuação)
Em meados do século passado, subsistiam algumas atividades económicas hoje desaparecidas da Alta.
Onde havia uma tipografia, há um bar
Existiam cinco tipografias. Uma junto à igreja do Salvador, as restantes quase ao cimo da Couraça, na rua do Norte nas traseiras da Sé Velha.
Haviam duas carvoarias.
Aqui era a carvoaria a Rua do Loureiro
Uma mesmo junto ao Arco do Bispo e outra na rua do Loureiro. Eram casas escuras, de trabalhadores todos cobertos de pó negro onde se comprava o carvão a peso que era carregado com pás metálicas. Ali também se vendia carqueja para acender o fogareiro e que ao arder, deitava um cheiro muito agradável.
Dois marceneiros. O Sr. Herculano que tinha a oficina por baixo do arco que liga a hoje Casa da Escrita.
O outro, era o Sr. Casimiro que morava na Couraça e cuja oficina, à maneira medieval, estava à porta da sua habitação.
Ao lado estava o Clemente alfaiate e na Rua da Matemática o Sr, Moura era um alfaiate afamado, bem como o Sr. Lapa, ao cimo da Couraça. E nas escadas de Quebra Costas estava o Mário alfaiate.
Dos barbeiros restava o Senhor Albino barbeiro que ia, de casa em casa, cortar os cabelos.
No inicio da Rua dos Coutinhos um colchoeiro fazia travesseiros de suma-a-uma e colchões de palha cozidos com umas agulhas muito grandes, as agulhas de albardar.
E as vendas da Alta! Umas só mercearias, outras um misto de taberna e mercearia.
Onde era a venda do Romão, há um alojamento turístico
Na Couraça a venda do Romão era um misto de taberna e mercearia e a venda da Camila só taberna, cujo dono para além de vendeiro era o regedor da freguesia.
Onde era a venda do Zé Bruto, hoje uma ruína
No Largo da Matemática a loja do Zé Bruto, hoje uma ruína. Na Rua da Matemática já não existem as vendas do Senhor Ventura e do Senhor Carvalho, como já não existe a Menina Lídia, julgo que é um alojamento para estudantes, junto à Casa da Escrita.
Na zona da Sé Velha havia 4 lojas. No Largo, a grande loja das sete portas uma espécie de mercearia fina e hoje uma loja para turistas. A loja do Barão – não sei se era apelido – com mercearia e taberna, hoje um restaurante para turistas. Muito perto, na Rua do Correio já não há a loja da Batateira, nem a loja da rua dos Coutinhos.
Onde era a loja das 7 portas, há uma loja de cerâmica artesanal
A tasca do Pinto, com seu ramo de loureiro
Já me ia a esquecer da célebre e muito antiga venda que servia refeições e petiscos, na esquina da Rua do Cabido com o Largo do Salvador, ao tempo gerida pelo Sr. Pinto e sua Mulher.
As tabernas eram identificadas com um ramo de loureiro colocado sobre a porta e o vinho era guardado em grande toneis e vendido nuns copos estreitos e altos de vidro muito grosso.
Nas mercearias, os cereais, o açúcar, as batatas estavam guardadas em tulhas, ou sacos de serapilheira. Eram vendidos a peso. Também haviam bacias com água e bacalhau cortado às postas, o bacalhau demolhado, vendido a 15 tostões. Ainda existiam as barricas de manteiga e de peixe salgado e seco, polvo e sardinha esta com um aspeto amarelado.
Em frente à igreja do Salvador havia uma padaria muito concorrida e um depósito de pão, na Sé Velha, abaixo da loja do Barão.
Mas, para mim a melhor loja – se assim se podia chamar – era a Senhora Prazeres que vendia à porta de sua casa, pevides, tremoços, alfarroba, amendoins e sobretudo bananis, uma espécie de chapeuzinho de açúcar caramelizado suportado por um pequeno pau.
Rodrigues Costa (continua)
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