Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 19.10.21

Coimbra: Jazigo dos Condes do Ameal

O conde do Ameal, Dr. João Maria Correia Aires de Campos, após a morte de seu pai, resolveu mandar construir, no cemitério da Conchada, um mausoléu condigno, de acordo com o seu estatuto social e com a fortuna pessoal que detinha.

Jazigo dos Condes do Ameal.JPG

Jazigo dos Condes do Ameal

 … Embora seja, normalmente, atribuída a paternidade do edifício ao escultor [Costa Mota (Tio)] e até eu mesma já o tenha, com base nas notícias da época, escrito, a verdade é que atualmente perfilho outra posição.

O arquiteto Augusto de Carvalho da Silva Pinto que nasceu em Lisboa a 7 de Maio de 1865, projetara, em 1892, de parceria com Costa Mota, o monumento a Afonso de Albuquerque que se ergue em Lisboa na antiga praça de D. Fernando, hoje chamada do Império.

Jazigo e monumento.jpg

Jazigo e monumento

 … Parece-me lícito pensar que Silva Pinto, ao mesmo tempo que traçou a silhueta do monumento lisboeta, embora a estudar em Paris, tenha projetado o jazigo que Costa Mota se encarregou de acompanhar na sua execução.

… Como quer que seja perece-me, até pela proximidade cronológica existente entre o projeto do monumento a Afonso de Albuquerque (1892) e a feitura do panteão conimbricense (1893), que não é descabido atribuir a autoria do neogótico jazigo dos condes ao lápis de Silva Pinto.

A capela tumular, “feita de pedra lioz de primeira qualidade, dos jazigos de Pero Pinheiro” custou ao seu proprietário 20 contos de réis, acrescidos de mais dois que se destinavam a custear a compra do terreno. Situa-se numa verdadeira praceta, como não há outra em todo o cemitério e é visível não só dentro do recinto, como também de vários pontos da cidade. O local de implantação do moimento no recinto foi escolhido bem de acordo com os teres e haveres do proprietário e com a sua condição social.

Capela com “o primeiro corpo em fórma de prisma octogonal” apresenta uma “cupula em pyramide, terminada por uma figura, representando a religião, de 2,m60 de altura”. O pórtico central devia ter (mas não tem), “duas figuras, terminando com um frontão, encimado com uma cruz. Desde a base até á cabeça da figura da religião mede 17 metros e meio”. O jazigo, no seu todo, mostra uma filiação muito próxima da batalhina Capela do Fundador sobretudo a partir do segundo piso e tendo em conta a inexistente, na atualidade, agulha terminal.

António Augusto da Costa Mota, nos primeiros dias de novembro de 1893 deslocou-se a Coimbra para tratar de assuntos relacionados com a construção do grande mausoléu que “será uma obra prima no seu genero em Portugal” e deixou encarregado de, na sua ausência, dirigir os trabalhos, o arquiteto Júlio César Bivar.

Jazigo dos Condes do Ameal. escultura.JPG

Jazigo dos Condes do Ameal. escultura

Jazigo dos Condes do Ameal, porta.jpg

Jazigo dos Condes do Ameal, porta

Jazigo dos Condes do Ameal, esculturas da porta.JP

Jazigo dos Condes do Ameal, esculturas da porta

Jazigo dos Condes do Ameal, interior 1.JPG

Jazigo dos Condes do Ameal, interior 1

Jazigo dos Condes do Ameal, interior 2.JPG

Jazigo dos Condes do Ameal, interior 2

Jazigo dos Condes do Ameal, interior 3.JPG

Jazigo dos Condes do Ameal, interior 3

Jazigo dos Condes do Ameal, interior 4.JPG

Jazigo dos Condes do Ameal, interior 4

Anacleto, R. Catálogo. In: O Neomanuelino ou a reinvenção da arquitetura dos descobrimentos. 1994. Lisboa, Comissão Nacional para as comemorações dos descobrimentos portugueses. Pg. 198-199

 

Tags: Coimbra séc. XIX, Cemitério da Conchada, Jazigo dos condes do Ameal

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 17:24


5 comentários

De Anónimo a 20.10.2021 às 22:10

Há coisas incríveis que acontecem.
Já há tempos que queria ir à Conchada para ver se encontrava o Jazigo dos Condes do Ameal. Isto porque numa busca sobre o Conde de Ameal (curiosidade por ter sido mecenas da Tuna Académica), acabei por ler a entrada que tem na wikipédia. Lá consta uma interessante descrição do Jazigo da familia, que me deixou mesmo com vontade de visitar. O que eu acho interessante, é que me voltei a relembrar do assunto ontem. Fiz uma busca e ao seu blog fui parar, a um post de 2019, sobre umas visitas guiadas ao cemitério da Conchada (muita pena me deu não ter sabido).
Isto portanto Ontem! E Hoje aqui está ele! Já viu que coincidência?
A tal entrada na Wikipédia, não sei se a conhece (https://en.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Maria_Correia_Ayres_de_Campos,_1st_Count_of_Ameal) fascinou-me mesmo foi pela colecção de arte que possuía e rompeu-me o coração, saber que foi toda leiloada. Incluía até Caravaggio! Rembrandt, Rubens, Brueghel, Zurbarán, Murillo, Ribera , Goya, Delacroix...Diz que foi um dos mais importantes leilões da Europa. Sendo a sua casa o actual palácio da Justiça, poderíamos ter um lá um museu de referência...

De Anónimo a 20.10.2021 às 22:18

Mais uma vez me esqueci se assinar....

Ana Amado

De Anónimo a 21.10.2021 às 10:36

Bom dia Ana Amado
Antes do mais obrigado pelo seu interesse.
Já conheço a entrada ue refere. Coimbra foi, ao longo dos tempos, espoliada de muita coisa. Na minha opinão o maior roubo que foi feito foi do património que existia no Mosteiro de Santa Cruz.
É uma triste sina da nossa Cidade.
Obrigado pelo seu comentário.
Rodrigues Costa

De Anónimo a 21.10.2021 às 12:07

Sobre essa espoliação de Santa Cruz, tem algum post?

Ana Amado

De Anónimo a 21.10.2021 às 20:08

Boa noite
Estão publicados três entradas sobre o título genérico de Coimbra: Peças levadas do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a primeira das quais em 27 de Fevereiro 2020.
Obrigado pelo seu interesse
Rodrigues Costa

Comentar post



Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog  

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

calendário

Outubro 2021

D S T Q Q S S
12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31