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O imponente e austero cenóbio, rematado por torreões ao gosto do de Filipe Terzi, marca a paisagem da margem esquerda do Mondego.
…. A documentação relativa à construção do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova mostra de facto que, apesar da multiplicidade de arquitetos e engenheiros militares que sucederam a Frei Turriano, a Planta Universal e infraestruturas, tais como a “ (…) obra e canos de água (…) ”, são da sua autoria. (Silva 2000)
O seu exemplar do Livro III de Sebastiano Serlio, dedicado às Antiguidades, poderá estar na génese do desenho do claustro.
Fig.3 - Tercero y quarto libro de architettura, Sebastiano Serlio, tradução castelhana Francisco Villalpando, 1573. (fonte: Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra,cota R-61-1). Op. cit., pg., não numerada.
Nele anota proporções de átrios, claustros, cortili e fóruns, cuja função e disposição é fundamental na organização das restantes dependências. Não seria, portanto, de estranhar que o claustro do Mosteiro Isabelino já estivesse delineado nas plantas originais, da sua autoria.
O interesse que mostra pelo emprego da gramática das ordens como enunciam …. A solução que mais tarde seria adotada no esquema compositivo do claustro encontra-se espelhada nessas recomendações serlianas, sobretudo no que concerne às estruturas porticadas, das quais salientamos:”se os arcos queremos hazer, há de ser sobre Pilastrones quadrados. Y demas de esto sobreponer o arrimar a ellos las columnas redondas para mas ornato”.
Modelo 3d do Claustro Serliano do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, antes da reforma barroca. Proposta do autor, (2017). Op. cit., pg., não numerada.
…. Apesar de ser o autor da Planta Universal, a documentação que se conhece da obra não refere que Turriano alguma vez a tenha dirigido ou visitado, muito menos a do claustro que se inicia 20 anos depois da sua morte.
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, claustro. Acervo RA
Após Turriano abandonar o projeto, Mateus do Couto … é chamado para dirigir a obra no Mosteiro … continuará a trabalhar nas medições dos trabalhos efetuados no Mosteiro, sendo sucedido nos seus diversos cargos, pelo seu protegido, Manuel do Couto.
Esta inter-relação entre arquitetos e engenheiros-militar no projeto do Mosteiro irá refletir-se na obra que hoje podemos observar erguida. Apesar de se apresentar com uma feição resultante das reformas Joanina e Pombalina, muito ao estilo de Custodio Vieira e Carlos Mardel, pode-se verificar que os elementos estruturais são mais próximos da cultura arquitetónica militar de feição maneirista. As tipologias que observamos surgiram com as diversas reformas barrocas, resultantes da inadequação do modelo original, tendo parte da estrutura original sido alterada de forma a adaptar melhor o Mosteiro às necessidades das Clarissas.
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Portais da igreja e convento. Acervo RA
Podemos apenas supor que as proporções e a cenografia do projeto do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, que muitas vezes se aproximam das empregues num Palácio da Fé, poderão estar relacionadas com a necessidade que os Bragança tinham de projetar uma imagem forte de patrocínio Régio.
Tavares, P., Salema, S. e Pereira, F. B. 2013. A Fundação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova de Coimbra. Propagandística política, tratadística arquitectónica e engenharia militar entre a Dinastia Filipina e a Dinastia de Bragança. Estudo realizado no âmbito do Programa Doutoral Heritas – Estudos de Património, acedido em:
file:///C:/Users/Administrador/Downloads/A_Fundacao_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_a.pdf
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