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Os Portões: páginas de bronze. (Homero, Gil Vicente, Camões, Antero, Cesário, Nobre, Florbela, Pessoa e Eugénio de Castro).
Houve preocupação notória, por parte dos mentores do projeto, em enobrecer a entrada das faculdades e isto nota-se especialmente na Faculdade de Letras.
… olhemos, de novo, a entrada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e perscrutemos o sentido daquelas “letras” de bronze. A erudição que tem lugar no interior do edifício transpira para o exterior pelos poros da fachada que são os seus portões. Aí se deixa antever um pouco do estudo que toma lugar na Faculdade de Letras. Completamente dedicado à temática da literatura, os portões da Faculdade de Letras exibem páginas (em imagens) das obras de Homero, Gil Vicente, Camões, Antero de Quental, Florbela Espanca, Cesário Verde, Eugénio de Castro, António Nobre e Fernando Pessoa.
Os Autores dos relevos que citam episódios das obras dos escritores que acabámos de enumerar são discípulos e Barata Feyo, alunos da Escola Superior das Belas-Artes do Porto: Maria Alice Gomes Pereira, Olívio Machado França, Joaquim Barbosa e Manuel Vigário.
… O primeiro portão dedicado a Mestre Gil Vicente, exibe [para além de outras] a primeira peça do teatro português: o “Monólogo do Vaqueiro” de 1502.
Portão dedicado a Mestre Gil Vicente. Op. cit., pg. 51
De regresso ao Mundo Antigo, de Homero, não temos dúvidas na identificação das cenas representadas nos portões que ladeiam a porta mais ao centro: fomos encontrá-las a todas na “Odisseia”
Portão dedicado a Homero. 1. Op. cit., 52
Portão dedicado a Homero. 2 Op. cit., 54
O painel central é o que oferece maiores dúvidas e, como diria Nuno Rosmaninho, admitimos que os seus relevos se tratem de “súmulas interpretativas de cada um dos poetas”, da obra dos poetas ou de algum passo da obra desses poetas.
Portão dedicado aos Poetas Contemporâneos. Op. cit., 53
O último portão é dedicado ao Poeta de Portugal por excelência, Luís Vaz de Camões. É tratado, quer na sua obra épica, quer na sua escrita lírica.
Portão dedicado a Camões, pg. Op. cit., pg. 55
Os autores dos relevos estudaram bastante para representarem as obras: leram-nas e colheram informações sobre elas. Quando dizemos autores, poderemos querer referir-nos aos seus mentores pois não sabemos se a obra foi idealizada apenas pelo arquiteto ou também, e com certeza que isto terá acontecido, pelo diretor da Escola de Escultura do Porto e, ainda, pelos escultores que, não teremos motivações para duvidar de Barata Feyo, contribuíram para que a obra “resultasse feliz”.
Duarte, M.D. 2003. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Ícone do Poder. Ensaio iconológico da imagética do Estado Novo. Prefácio de Regina Anacleto. Coimbra, Câmara Municipal.
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