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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 07.02.17

Coimbra e a Arquitetura Revivalista 1

Alguns autores pretendem, justificando, que na história da arquitetura os revivalismos, vivificando o gosto e as formas de épocas passadas, são uma constante. Mas, embora tratando-se de um exagero, a verdade é que esse retorno, e não apenas no que concerne ao aspeto arquitetural, se referencia a lapsos de tempo cada vez menores.

A transposição do período medieval, acontecido sobretudo nos alvores da segunda metade do século XIX, encontra-se ligada ao romantismo e apresenta características novas.

Ao longo do século XVIII e mais propriamente no seu final, algumas correntes ideológicas tomaram lentamente forma, ganharam corpo e enraizaram-se. Decorrente de tal facto e não só, ocorreram alterações económicas, sociais e políticas, de tal modo profundas, que conduziram inevitavelmente a uma mudança de estrutura.

O homem novo que surgiu procurou, lançando mão dos meios ao seu alcance, libertar-se daquilo que poderia recordar-lhe a sociedade repudiada. Tudo o que, de algum modo, se relacionasse com esse passado, incluindo as formas plásticas, devia ser eliminado ou substituído.

A mutação verificado levou a que o passado próximo fosse hostilizado, situação essa que é normal em casos similares, e consequentemente a que a rutura com o rococó e com o classicismo se tornasse uma realidade. E assim, ao quebrar-se o sistema arquitetónico neoclássico que assentava em bases sólidas, é óbvio que se teria de procurar um estilo novo capaz de responder às aspirações dessa geração. Mas não foi fácil a substituição e, como solução, os revivalistas não encontraram outra saída que não fosse o retorno a épocas mais antigas.

... A literatura romântica que refletia também o espírito dos homens dessa época não ficou alheia ao movimento, valorizando tanto a Idade Média como as formas arquiteturais que então vigoraram.

... No final de Oitocentos os condes do Ameal fizeram erguer no cemitério da Conchada este belo jazigo neogótico

Jazigo Condes do Ameal.jpg

A «Casa da Sé» apresenta, sobretudo no grande janelão, semelhanças notórias com a velha catedral conimbricense

Casa da Sé.jpg

O Dr. Fortunato de Almeida fez erigir na Rua Antero de Quental esta bela moradia neobarroca.

Casa Fortunato de Almeida.jpg

Bastante idêntica a esta casa é uma outra que se ergue nas Lages, outrora arrabalde de Coimbra, pertencente à família Martins.

Anacleto, R. 1982. Arquitectura Revivalista de Coimbra. In Mundo da Arte, 8-9. Coimbra, 1982, p. 3-29.

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por Rodrigues Costa às 19:38


2 comentários

De Bruna Vicente a 07.06.2021 às 01:00

Muito interessante, há na rua Lourenço de Almeida Azevedo uma casa antiga lindíssima que faz esquina com a rua João de Deus que sempre me despertou imensa curiosidade, sempre que lá passo não posso deixar de olhar admirada.
Não consegui até agora encontrar nada na internet que falasse sobre a história daquela casa, nem sei muito bem onde procurar...
Gosto muito dos seus posts e ocorreu-me que talvez saiba algo sobre essa casa ou saiba onde posso procurar informações. (se não me engano é a casa número 15 dessa rua)
Bem, de qualquer forma já fico contente de ter várias oportunidades de a admirar

De Rodrigues Costa a 07.06.2021 às 22:41

Consultada a Senhora Professora Doutora Regina Anacleto, autora do texto citado, a mesma informou que tendo procurado não só no arquivo do Departamento de Obras da CMC, mas também nos jornais da época, nada encontrou sobre a casa que refere.
Trata-se de um edifício de caráter eclético, muito provavelmente, construído no início do século XX.
No jardim existe uma fonte romântica com a figura de uma sereia, cuja fotografia foi divulgada na Exposição sobre Fontes realizada vai para dois ou três anos, pelas Águas de Coimbra.
Penso que lhe resta, ganhar coragem, bater à porta e tentar obter mais informações. Obrigado pelo seu interesse.
Rodrigues Costa

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