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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 25.10.22

Coimbra: Do castro primitivo à cidade de hoje 3

Da observação ao tecido urbano da Baixinha, são detetados alguns padrões morfológicos das cidades medievais, formalizados segundo percursos, largos, praças e quarteirões irregulares. Todos estes elementos de composição urbana possuem forte interdependência, originando um tecido coeso e destacado da restante morfologia.

A sua análise ilustra as características específicas de um modelo fundador da morfologia urbana que continuou a assegurar a unidade e continuidade no espaço e no tempo. O seu aspeto formal reflete as dinâmicas do urbanismo medieval, onde o espaço sempre teve funções de encontro, de troca e de circulação de bens e ideias. O carácter multifuncional, dado na altura, contribuiu para que os elementos estruturadores do espaço fossem agregadores de todas as atividades sociais, económicas, políticas e religiosas da urbe. A rua e a praça eram por isso, os elementos principais do sistema, assumindo o carácter central e identificador para cidade.

Coimbra aos Pedaços, pg. 30.png

Planta reproduzindo a morfologia urbana do arrabalde de Coimbra do século XIII. A colina da cidade alta está representada só pelos limites físicos da muralha.. Fonte: Imagem trabalhada graficamente a partir de desenho de Maria Raquel de Brito e Penha in Coimbra: caminhos de uma cidade. Evolução morfológica da cidade do Mondego. Prova Final do Departamento de Arquitectura da FCTUC. Setembro de 2005. p.37

Como primeira etapa de análise ao tecido urbano deste caso/cidade, procurei esclarecer e anotar algumas etapas do seu processo de formação e consolidação, desde o período romano até aos projetos atuais de intervenção e remodelação da morfologia inicial.

Assim, o sistema topográfico inicial era composto por uma colina e um rio navegável, contribuindo como elemento importante de circulação e ligação às zonas envolventes. Jorge Alarcão faz uma descrição das vantagens topográficas do sítio com “dois vales profundos” que, “cavam um fosso natural em redor da colina”. O primeiro assentamento humano iniciou o processo urbanístico da atual cidade no topo da colina, por razões de controlo territorial e defensivas. Por isso, aqui se implantou o primeiro núcleo citadino que herdou e deu continuidade às preexistências romanas, visigóticas e muçulmanas. O núcleo da Baixinha desenvolveu-se precisamente na borda Poente da colina em contacto direto com a via fluvial.

O local estava inserido numa rede viária de comunicação terrestre, criada na altura de expansão e difusão do Império Romano, funcionando para que todo o tipo de informação, acontecimentos e bens materiais fossem difundidos pelo território peninsular. O poder relacional da via tornou-a no principal agente de divulgação e consolidação urbanas. Assim, a via litoral da Península Ibérica Olissipo-Bracara Augusta foi uma ferramenta do sistema urbano nacional, importantíssima para o processo de assentamento e aglomeração urbanística, pois funcionou como um canal de ligação e como ponto de encontro junto dos aglomerados e promoveu o suporte às relações urbanas.

Coimbra aos pedaços, pg. 35.png

Estrutura urbana da Baixinha. Em sequência (de baixo para cima): o Largo da portagem; a rua Ferreira Borges e Visconde da Luz; a meio, a Praça do Comércio com as igrejas de S, Bartolomeu e S. Tiago; a Praça 8 de Maio como a igreja de Santa Cruz.

Neste sentido, a Baixinha, é o reflexo formal da aglomeração implantada em torno de uma via de passagem às portas de entrada da muralha da cidade propriamente dita.

Ferreira, C.C. Coimbra aos pedaços. Uma abordagem ao espaço urbano da cidade. Prova Final de Licenciatura em Arquitectura pelo Departamento da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, orientada pelo Professor Arquitecto Adelino Gonçalves. 2007, acedido em https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/13799.

 

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por Rodrigues Costa às 09:36



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