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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 01.08.17

Coimbra: Colégios Universitários

Breve explicação

Com a presente é iniciada uma sequência de 28 entradas dedicadas aos Colégios Universitários de Coimbra.

Este conjunto de entradas têm como principal fonte um muito interessante texto sobre o tema do Doutor António de Vasconcelos, o qual é parte do seu livro Escritos Vários.

Os Colégios são apresentados na ordem definida por aquele Professor, a qual respeita a sequência cronológica do ato fundador de cada colégio.

 

Transferida para Coimbra a Universidade portuguesa em 1537, logo em 1539 vem o primeiro Colégio colocar-se à sua sombra, seguido doutros, que sucessivamente se vão fundando e anexando, construindo-se edifícios próprios, sempre sob a proteção e, geralmente com subsídios e amparo do grande Rei-mecenas D. João III

... em 1557, já em volta do gigantesco tronco da florentíssima e frutífera Universidade de Coimbra, vegetavam, exuberantes de vida, como vigorosas vergônteas, à roda de feracíssima oliveira, nada menos de 14 colégios universitários!

O número foi depois crescendo sucessivamente, de forma que, ao findar o século XVI já eram 16, quando terminou o século XVII contavam-se 20, e no século XVIII atingiu o número de 23; aqui parou.

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 Planta com a localização dos Colégios Universitários de Coimbra e respetiva legenda

Não eram todos os Colégios do mesmo tipo; se bem os considerarmos, temos de os agrupar em três classes ou tipos distintos. Vejamos:

Entre eles havia 1 Colégio inconfundível, que era o principal, e parecia dever estar solidamente unido à Universidade, como parte essencial e indispensável. Era o Real Colégio das Artes ... onde se ministrava o ensino das línguas e literaturas, da filosofia e humanidades, o que constituía a 5.ª das Faculdades académicas, a Faculdade das Artes. Por isso se dava a este Colégio a denominação de «Escolas menores», em contraposição às «Escolas maiores», onde residiam as 4 faculdades principais.

... Era pois singular este tipo de Colégio universitário.

... Ao segundo tipo pertenciam 2 colégios – o de S. Pedro e o de S. Paulo ... Ali faziam os colegiais a sua preparação e tirocínio para o professorado universitário.

Trajos dos colegiais.jpg

 Trajos dos colegiais dos dois Colégios Reais, de S. Pedro, e de S. Paulo

 ... Havia um terceiro tipo colegial, que era o mais numeroso. Colégios de alunos ou leigos, que neles viviam agremiados, para seguirem os estudos universitários, sustentados pelas rendas das respetivas instituições, rendas estas devidas quer à munificência régia, quer à caridade doutros benfeitores, quer a consignações feitas por entidades religiosas interessadas.

Alguns deste Colégios se fundaram primitivamente para abrigar e sustentar rapazes seculares pobres, geralmente clérigos.

... Outros foram desde o princípio fundados pelas Ordens monásticas, para ilustração e ensino daqueles de seus frades, para isso escolhidos.

 ... Também as Ordens militares tiveram Colégios universitários para os seus freires estudantes.

... Os edifícios dos Colégios das Ordens religiosas e militares não eram habitados exclusivamente pelos frades e pelos freires alunos; ali residiam também, com os estudantes, os lentes das Ordens respetivas. Lá viviam ainda os frades leigos e serviçais necessários, constituindo cada Colégio uma família numerosa.

... À frente de cada um destes Colégios estava um prelado, que em geral se apelidava Reitor, em linguagem académica; excetuava-se o do Colégio das Artes, que era tratado por Principal.

Todo o seu pessoal: prelado, lentes, estudantes, familiares e serviçais, eram considerados pessoas da Universidade, para o efeito de gozarem os respetivos privilégios, foro e isenções.

Cada Colégio tinha os seus estatutos ou regulamentos privativos ou especiais, mas estavam sujeitos às numerosas prescrições dos «Estatutos da Universidade».

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 161-165, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 22:14


4 comentários

De Beatriz Silva a 08.09.2022 às 22:17

Tenho lido os seus estudos sobre Coimbra e gostaria de saber , se possível, se tem algo sobre o início da existência de casas naa parte terminal da Rua Dr João Jacinto, antiga Rua da Esperança, em frente à actual Casa da Escrita.

De Rodrigues Costa a 08.09.2022 às 22:28

Boa noite
Nasci muito perto dessas casas. A da esquina foi reconstruída e nela funcionou uma mercearia. Julgo que a casa que lhe interessa é uma casa antiga que tinha uma garagem (seria uma cocheira?) com entrada pela rua do Colégio Novo.
Não tenho material sobre essas casas. Assim, sugiro que tente no Arquivo Histórivo Municipal de Coimbra e fale com a Sr.ª Dr.ª Paula França. Poderá que ela lhe dê alguma pista.
Obrigado
Rodrigues Costa

De Beatriz Silva a 08.09.2022 às 22:47

Muito obrigada pela sua informação que vou aproveitar pois talvez encontre mapas ou desenhos antigos da zona. Na descrição do Cabido da Sé (AUC) dessa zona em 1745, há referência a quintal e casa, não existindo as casas para cima (uma agora pintada de azul e subsequentes para cima na rua). A casa que refere é uma casa entranhada noutra e existiria já nessa altura (logicamente que deve ter vindo a ser remodelada). A zona é antiga, estava dentro de muralha interna, e na cave da Casa da Escrita (Casa do Visconde) existe um arco em pedra românico, do lado que pertence à Misericórdia.

De Rodrigues Costa a 08.09.2022 às 23:10

Desconhecia essa informação. Obrigado.
Bom êxito para o seu trabalho
Rodrigues Costa

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