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A' Cerca de Coimbra



Quarta-feira, 02.09.15

Coimbra, cerco sarraceno de 1117

Enquanto D. Teresa buscava assim alargar ao norte os limites dos próprios estados, aproveitando as inquietações da monarquia, os sarracenos atravessavam os ermos que se estendiam entre as fronteiras portuguesas a sul e as praças do Gharb na margem direita do Tejo, e vinham cercar o castelo de Miranda … e acometer o castelo de Santa Eulália, junto de Montemor … Os sarracenos arrasaram-no até os fundamentos e depois, retrocedendo, dirigiram-se ao de Soure. Aqui, porém, o terror dos habitantes tornara inútil o cometimento; porque, lançando fogo àquela povoação e desamparando-a haviam-se acolhidos aos muros de Coimbra. Miranda, Soure, Santa Eulália, com outros castelos que por esses tempos existiriam, formavam uma linha curva de fortificações avançadas, que defendiam a capital do distrito pelo lado do oriente, meio-dia e poente. Destruídos eles, Coimbra ficava exposta ao primeiro embate dos inimigos. Esse, talvez, foi o objeto desta entrada, feita ainda em 1116

O amir de Marrocos resolveu passar à Espanha … reunindo numerosas tropas … encaminhou-se para Coimbra. Estava desguarnecida ou derribada a linha de castelos que a defendia, e Ali veio sem resistência assentar campo em volta dela (Junho, 1117). D. Teresa achava-se então aí. Tal e tão repentina foi a invasão dos sarracenos que a muito custo a rainha se pôde salvar dentro dos mutos da cidade. Os arrabaldes ficaram reduzidos a cinzas e as fortificações foram combatidas durante vinte dias sem interrupção de um só. Defenderam-se, porém, os cercados vigorosamente, e o amir, conhecendo que era inútil o insistir, retirou-se, assolando tudo a tal ponto – diz um escritor árabe – subsistiram por largo tempo claros vestígios daquela terrível entrada. De feito, ainda sete anos depois o lugar onde existira Soure achava-se convertido em habitações de feras.

Herculano, A.1987. História de Portugal. Vol. II. Lisboa, Circulo de Leitores, pg.53, 54

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por Rodrigues Costa às 20:14


3 comentários

De Anónimo a 28.01.2018 às 17:20

Boa tarde e parabéns pelo blog.
Precisava de uma descrição extensa do cerco de 1117. Creio que existe um relato de um cronista muçulmano bastante detalhado, mas não consigo encontrar.
Será que me pode ajudar?
Muito obrigado,

Fernando Baptista
fjsbaptista@hotmail.com

De Rodrigues Costa a 28.01.2018 às 20:40

Obrigado pelo seu interesse.
O que sei sobre a questão que coloca é o texto de José Pinto Loureiro, no primeiro volume de Coimbra no passado.
Ali, nas páginas 73 a 75, é descrita da uma forma breve o cerco de 1117, sendo referidas as seguintes fontes:
- «Chronicon Oliveirense», na Revista de Guimarães, 1940 (vol. Comemorativo); e «Chronica Gothorum» rm P-M-H. Scriptores;
- Alexandre Herculano. História de Portugal, t II, pág. 85;
- Crónica de D. Afonso Henriques, de Duarte Galvão, com notas de José de Bragança, pág, 42-43;
- A Sé Velha de Coimbra, Vol I, pág. 38.
Pedi ajuda a quem sabe mais do que eu. Se me chegar alguma informação complementar transmitirei.

De Fernando Baptista a 29.01.2018 às 23:44

Obrigado, fico grato.
Vou procurar onde sugeriu. Entretanto, se souber algo mais, diga alguma coisa, por favor.
Muito obrigado 👍

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