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O arco de honra, igualmente conhecido por Arco de São Sebastião, está disposto obliquamente devido à posição da artéria pública sobre a qual passa, diferenciando-se dos restantes pelo tratamento material e composição artística. Dispõe, pois, na verdade, de um conjunto de inscrições e esculturas, de cariz religioso, que em muito o enobrecem.
Aqueduto. Arco de S. Sebastião
Assim, em cada uma das faces da cornija superior, logo acima do fecho do último arco do extremo sul, foram aplicados, em posição central, o escudo com armas reais portuguesas, ladeadas em posição inferior com as lápides referentes à construção do aqueduto com os textos encomiásticos divididos em duas tábuas, datados de 1570. Na face sul, orientada para a Alameda Doutor Júlio Henriques, a inscrição surge em latim, e na face norte, virada para a Praça Papa João Paulo II, a respetiva tradução em português.
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Resumindo o conteúdo dos testemunhos epigráficos, podemos salientar o cuidado do monarca em dotar de água potável a principal zona urbana frequentada pela comunidade escolar, que fora responsável pelo crescimento imediato do núcleo urbano conimbricense.
Aqueduto. Arco de S. Sebastião, templete
A coroar o respetivo arco principal, sobre o canal adutor, ergue-se um pequeno templete, de planta trapezoidal, composto por colunas dóricas que suportam uma cúpula e lanternim superior. Em cada um dos flancos, cada um dotado com o respetivo nicho, encontra-se as esculturas dos oragos do aqueduto: a de São Sebastião disposta na face sul, e a de São Roque, na face norte.
Aqueduto. Arco de S. Sebastião, imagem de S. Roque
Aqueduto. Arco de S. Sebastião, imagem de S. Sebastião
Desconhecemos, no entanto, o nome do arquiteto responsável pelo projeto, assim como o dos mestres-de-obras que conduziram os diversos trabalhos construtivos.
Pacheco, M.P.D. Do aqueduto, das fontes e das pontes: a arquitetura da água em Coimbra de Quinhentos. Acedido em https://www.academia.edu/37539380/DO_AQUEDUTO_DAS_FONTES_E_DAS_PONTES_A_ARQUITETURA_DA_ÁGUA_NA_COIMBRA_DE_QUINHENTOS
Se o leitor bem reparar, na imagem de S. Sebastião vêm-se dois orifícios no tronco, onde estavam inseridas duas setas que, quanto se dizia, eram de prata.
Um dia um estudante, disseram logo as más línguas de Coimbra, condoído com o “sofrimento” secular da imagem, arranjou maneira de subir até lá e “retirou” as setas, deixando um letreiro: Basta de tanto sofrer!
Plagiando os italianos esta história se é verdadeira, tem graça. Para além de reveladora de um certo espirito académico que, com os anos, tem vindo a desaparecer.
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