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A estrutura de acesso ao interior do Sacrário da Capela do Seminário insere-se numa moldura e surge decorada com elementos relacionados com a Paixão de Cristo. No interior de um friso dourado retangular, rematado superiormente em hemiciclo pode observar-se a Cruz, que tem uma forte carga simbólica, sobrepondo a coroa de espinhos e os cravos.
Cruz, coroa de espinhos e cravos
A tradição cristã engrandece prodigiosamente o simbolismo da Cruz ao condensar nesta imagem a história da Salvação e da Paixão do Salvador e a iconografia utiliza-a tanto para expressar o suplício do Messias, como a sua presença. Onde está a Cruz, está o Crucificado.
Abaixo da Cruz podem ver-se duas palmas cruzadas que, de alguma forma, envolvem o crismon.
Palmas e crismon
A palma simboliza a vitória, a regeneração, a imortalidade e, para os cristãos, representa a Ressurreição de Cristo depois da Paixão. Por seu turno, o crismon é um importante símbolo da Igreja primitiva formado pelas letras gregas do nome de Jesus Cristo, isto é, XP. Na Idade Média foi substituído pelas três primeiras letras do seu nome IHS.
Enjunta a alfiz
A zona superior do Sacrário, a enjunta, ou seja, a zona triangular compreendida entre o friso semicircular superior e o alfiz (moldura que rodeia a frente da estrutura) encontra-se decorada com duas rosas estilizadas. Na iconografia cristã, a rosa simboliza tanto o cálice que recolhe o sangue de Cristo, como a transfiguração das gotas deste sangue, ou ainda se pode assumir como símbolo das chagas de Cristo.
Fechadura
No centro da porta, rodeia a fechadura uma fina grinalda.
Em suma, Mestre Albertino Marques bem podia sentir-se orgulhoso com o Sacrário que havia forjado e cinzelado, na sua oficina da Rua João Machado, para a Capela do Seminário Maior de Coimbra.
Sacrário da Capela do Seminário Maior de Coimbra
Anacleto, R. Albertino Marques. Sacrário do Seminário Maior de Coimbra. 2024. Texto inédito.
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