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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 03.06.21

Coimbra: Alargamento do espaço urbano no cotovelo dos séculos XIX e XX. 22

A Escola Industrial Brotero deambula pela cidade 1

Ao subir a Avenida Sá da Bandeira voltamos a deter-nos para pensar no grandioso edifício, nunca construído, destinado a nele funcionar a Escola Industrial e Comercial Brotero. Mas, para tal, forçoso se torna recuar no tempo e compreender a filosofia que envolveu a criação daquele estabelecimento de ensino.

A monarquia estava, no final de Oitocentos, a investir na instrução, com particular ênfase na vertente industrial, até porque chegara à conclusão que este tipo de desenvolvimento, já posto em prática noutros países, funcionara como mola impulsionadora do progresso.

É no contexto da ideologia subjacente que António Augusto de Aguiar assina, a 03 de janeiro de 1884, o decreto que criava, em Coimbra, a Escola de Desenho Industrial, ‘batizada’ de Brotero, em dezembro do mesmo ano.

Fig. 38. O refeitório dos crúzios albergou, conj

Fig. 38 – O refeitório dos crúzios albergou, conjuntamente com a Associação dos Artistas de Coimbra, a Escola Brotero. [BMC.I, Bmc_b231].

Para albergar o novo estabelecimento de ensino a Câmara cedeu a igreja do Colégio da Trindade, mas a escola jamais se alojou no templo e, para que o novo estabelecimento de ensino iniciasse as suas funções, a Associação dos Artistas que, como vimos, ocupava o refeitório crúzio, em 1885, ofereceu, de forma parcial, as suas instalações, para que as aulas se pudessem iniciar.

Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de C

Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Coimbra. Diploma

Refeitório dos crúzios, hoje Sala da Cidade.jpg

Refeitório dos crúzios, hoje Sala da Cidade

Dois anos volvidos, em 1887, os vereadores republicanos António Augusto Gonçalves e Manuel Augusto Rodrigues da Silva apresentaram uma proposta no sentido de transformar a Brotero numa escola industrial. A sugestão justificava-se porque, na cidade, a indústria mais vultuosa era a da cerâmica e porque se perfilava a hipótese de que a Escola Nacional de Cerâmica “que andava na mente do Sr. ministro das obras públicas”, se localizasse em Coimbra.

A alteração veio a acontecer quando Emídio Navarro, através de decreto publicado no Diário do Governo de 10 de janeiro de 1889, transforma a “Escola de Desenho Industrial” em “Escola Industrial” Brotero.

Três anos antes (1886), sendo diretor António Augusto Gonçalves, a escola passou a utilizar, para além da parte da sala cedida pela Associação dos Artistas, o espaço pertencente à Câmara Municipal situado por cima do refeitório crúzio; contudo, em meados de 1889, o estabelecimento de ensino, então ‘provisoriamente’ instalado, continuava a usufruir os mesmos espaços.

Como consequência, procedeu-se a adaptações que passaram por lhe anexar, num primeiro momento, o andar superior da ala oeste do claustro da Manga (atual Jardim da Manga), a antiga capela do noviciado e, mais tarde, o segundo piso da fachada sul, bem como o próprio claustro e os pisos térreos das duas mencionadas alas.

Fig. 39. Claustro da Manga. [Revelar Coimbra, 31].

Fig. 39 – Claustro da Manga. [Revelar Coimbra, 31].

Anacleto, R. Coimbra: alargamento do espaço urbano no cotovelo dos séculos XIX e XX. In: Belas-Artes: Revista Boletim da Academia Nacional de Belas ArtesLisboa 2013-2016. 3.ª série, n.ºs 32 a 34. Pg. 127-186. Acedido em https://academiabelasartes.pt/wp-content/uploads/2020/02/Revista-Boletim-n.%C2%BA-32-a-34.pdf

 

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por Rodrigues Costa às 12:04



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