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Avenida Sá da Bandeira (continuação)
Apesar do loteamento da quinta [de Santa Cruz] se ir fazendo e de serem vendidos muitos assentos de casas, a verdade é que a urbanização se processava lentamente; a imprensa assacava a culpa às vereações municipais, acusando-as de “terem votado o empreendimento ao abandono”.
Fig. 12. Projeto para a construção da Avenida de Santa Cruz (Sá da Bandeira) 1906. [AHMC. Diversos. Maço 3, documento 2].
Por seu turno, em torno da praça, também se iam levantando moradias mais ou menos sumptuosas e, certamente, relacionadas com o poder económico dos proprietários; cerca de 1897, João de Moura Coutinho de Almeida d’Eça e João Francisco dos Santos fazem construir as suas casas, com esquinas voltadas, respetivamente, para as Ruas Alexandre Herculano e Oliveira Matos e, em 1906, Alberto Carlos de Moura apresenta à Câmara o projeto e pede autorização para erguer um edifício de habitação na zona fronteira, um pouco antes do início da Lourenço de Almeida Azevedo.
A verdade é que se os dois primeiros, embora sem se inserirem nos modernos cânones arquitetónicos europeus e até lisboetas, acompanham a tendência citadina a que mais à frente nos reportaremos, o terceiro utiliza linhas de extrema simplicidade, a poderem considerar-se mais do que arcaizantes.
Edifício na Praça da República. Foto RA
Edifício na Praça da República, pormenor. Foto RA
Em dezembro de 1890 o engenheiro João Teófilo da Costa Góis, que já havia sido incumbido de continuar os estudos dos terrenos da quinta de Santa Cruz, tendo em vista a prossecução da venda de mais lotes, apresenta, na sessão da Câmara do dia 18, a planta de um novo arruamento que “parte de um dos ângulos da Praça D. Luís I e vai sair na estrada de Celas junto à quinta do sr. Francisco Maria de Quadros”. Trata-se da Lourenço de Almeida Azevedo que começou a ser aberta em maio de 1891 e pavimentada em 1904. A obra de calcetamento e de construção dos passeios da via foi adjudicada a Joaquim dos Santos Machado, da Abrunheira, pela quantia de 1.440$000 réis.
Fig. 13 – Largo D. Luís (Praça da República) e Rua Lourenço de Almeida Azevedo. [Bilhete Postal].
Anteriormente, em 1889, já havia sido lançada a ‘subideira’ que ligava a zona de confluência das Ruas Oliveira Matos e Castro Matoso à ladeira do Castelo: são as mais tarde chamadas ‘Escadinhas do Liceu’, posteriormente aniquiladas pelas estadonovenses Escadas Monumentais.
Anacleto, R. Coimbra: alargamento do espaço urbano no cotovelo dos séculos XIX e XX. In: Belas-Artes: Revista Boletim da Academia Nacional de Belas Artes. Lisboa 2013-2016. 3.ª série, n.ºs 32 a 34. Pg. 127-186. Acedido em https://academiabelasartes.pt/wp-content/uploads/2020/02/Revista-Boletim-n.%C2%BA-32-a-34.pdf
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