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A iniciativa de dotar a cidade de uma moderna rede de abastecimento de água a partir do Mondego surgiu em 1865, graças ao médico António Augusto da Costa Simões, antigo Presidente da Câmara. Dois anos antes, “O Instituto” tinha publicado a análise das águas das principais fontes da cidade e do rio, efetuadas pelo professor Francisco António Alves que concluía: «Para bebida devia preferir-se a agua do rio e da fonte do Cidral. Convinha construir poços a certa distância do rio, que por filtração dos terrenos recebessem a agua d’elle, tendo no fundo grossa camada d’areia para a tornar mais límpida, mormente durante as cheias do Mondego. D’estes poços poderia elevar-se a agua por meio de bombas e reservatórios, que tornassem mais commoda a sua distribuição pelos habitantes de grande parte da cidade».
António Augusto da Costa Simões (1819-1903)
Fonte: http://pt.ars-curandi.wikia.com/wiki/António_Augusto_da_Costa_Simões
No seguimento deste estudo, Costa Simões médico experiente e ciente da importância deste melhoramento urbano para a saúde pública, enquanto realizava uma viagem de estudo pela Europa apresentou à Câmara Municipal os “seus oferecimentos para tratar em Paris do projeto de abastecimento d’agua para esta cidade”. Para estudar este projeto, recorreu ao engenheiro Louis Charles Mary, e no início de 1866, já em Coimbra, apresentou à nova vereação o projeto de abastecimento de água à cidade aproveitando as águas do rio, mas na mesma data a vereação preferiu adicionar à rede existente, as águas da Quinta dos Sardões, em Celas, e talvez por esta razão ou por outros constrangimentos a questão da nova rede de abastecimento de águas foi sendo esquecida.
Só em 1870, sob a presidência de Anthero Augusto Marques de Almeida Araújo Pinto foi aberto o primeiro concurso para o projeto e construção de uma rede de abastecimento de água a partir do rio. Surgiram duas propostas, a primeira apresentada por Costa Simões em parceria com Cândido Xavier Cordeiro, a segunda de Louis Penny, de Londres. A escolha recaiu sobre a primeira mas dificuldades … levaram à rescisão do contrato … Foi aberto novo concurso e voltou a ser assinado [outro] contrato … no dia 13 de Agosto de 1873, mas novamente não se conseguiu mobilizar investidores e este segundo contrato acabou por caducar.
… Costa Simões conseguiu estabelecer uma parceria com o empresário francês, Hermann Lachappelle … o contrato foi assinado a 28 de Fevereiro de 1879 … [mas Simões viu-se] obrigado a trespassar o contrato a 3 de Junho de 1881 para o engenheiro industrial inglês James Easton … [que, depois de analisar as cláusulas] confrontado com a sua pequena dimensão recusou-se a assinar o contrato definitivo “sem a conclusão da rede de esgotos”. Depois de uma série de tentativas e muitas divergências, em 1887 o contrato com o concessionário inglês foi rescindido.
Fonte do Largo da Feira
Fonte da Sé Velha
Fonte de Sansão
Vinte e dois anos depois de iniciado o processo [o problema da] distribuição de água mantinha-se com graves prejuízos para a cidade que continuava a depender da água de fontes e nascentes.
Calmeiro, M.I.B.R. 2014. Urbanismo antes dos Planos: Coimbra 1834-1924. Vol. I. Tese de doutoramento em Arquitetura, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, pg. 264-271
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