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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 29.10.24

Coimbra: A Universidade e as Artes 1

O Professor Doutor Vítor Serrão publicou um livro que intitulou A Universidade de Coimbra e as Artes. Uma dimensão do sublime, no qual analisa de uma forma aprofundada, o todo – nas suas diversificadas formas de expressão – do acervo artístico da Universidade de Coimbra.

Com esta entrada e com a seguinte, procuramos chamar a atenção dos leitores, mais interessados, para uma obra que importa ler e estudar.

Em Coimbra, cidade sábia, sob a tutela ou inspiração da sua Universidade secular, o que existe de mais requintado e erudito na criação e na produção artística portuguesas encontra um acervo sólido, absolutamente valorativo de testemunhos dos diversos estilos e épocas na evolução da arte portuguesa, do mesmo modo que se impõe sempre a dimensão da fruição, da convivialidade da festa, da troca de experiências e ensinamentos, a incorporar os traços de um quotidiano moldado por vários séculos de História.

A coleção de arte móvel da Universidade testemunha, a meu ver de maneira eloquente, esse património de conquistas e de perdas, de qualidade e de diversidade, de radicalidades e de expressões do sublime, tão bem atestado em peças que agora se expõem como traço da muito referida sublimidade artística gerada no seio da Universidade. A pintura de Santa Luzia, acompanhada pelos símbolos do seu martírio, que se encontra no Museu de Arte Sacra, anexa à Capela de São Miguel, mostra um discurso pictórico dos anos centrais do século XVI muito em sequência dos modelos dos chamados ‘Mestres de Ferreirim’, mas que traduz, ao mesmo tempo, um sentido de mudança estética a animar o pincel deste anónimo artista de Coimbra, no modo como alteia o figurino e enfoca em moldes ‘irrealistas’ os panejamentos e os fundos, na busca de outros paradigmas imagéticos plausíveis. Quando comparada com uma quase coeva tábua da Prisão de Cristo do mesmo Museu, ainda muito presa a modelos tradicionalistas da ‘escola’ viseense, torna-se evidente que o sopro da inovação não era apanágio de todos os artistas ao serviço da Universidade… 

UC- Prisão de Cristo.jpg

Prisão de Cristo [sic.]. Op. cit., pg. 25

UC. Santa Luzia.jpg

Santa Luzia. Op. cit., pg. 30

UC. Custódia.jpg

Custódia. Op. cit., pg. 31

 

À luz das pesquisas da História da Arte, as encomendas custeadas pela Universidade vêm mostrar, o alinhamento desta modalidade artística pela inovação e a busca de novidade em termos de estilo, programas e modelos estéticos. O estudo desses ciclos pictóricos permite preencher algumas páginas importantes no quadro da evolução da produção nacional, com especial ênfase em fases prestigiantes da sua vivência como já fora o caso do Renascimento na primeira metade do século XVI, e é caso exemplar o Maneirismo no final da mesma centúria, ou ainda o ciclo do Barroco nos séculos XVII e XVIII.

Serrão. V. A Universidade de Coimbra e as Artes. Uma dimensão do sublime. Acedido em:

https://www.academia.edu/8097261/A_Universidade_de_Coimbra_e_as_artes_uma_dimens%C3%A3o_do_intang%C3%ADvel

 

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por Rodrigues Costa às 10:55



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