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Em Portugal, o desenvolvimento das classes novas coincide no tempo e no espaço, como aliás nos outros países sucedeu, com o aparecimento ou o desenvolvimento dos seus núcleos urbanos. São fenómenos que se produzem simultaneamente.
A primeira revolta de cidadãos, que a história portuguesa regista, data de 1111 e, como de razão, deu-se em Coimbra, primeira povoação que adquire no nascente reino desenvolvimento urbano, mercê do comércio marítimo. A Coimbra, como vários documentos atestam, cabe ainda durante mais de um século a primazia entre os núcleos urbanos portugueses e a categoria da metrópole do reino, tanto quanto a designação tinha cabimento nesse tempo. Aliás, a assistência da corte e a jurisdição real mitigavam por via de regra a oposição de classes. Esta dava-se onde o senhorio pertencia à nobreza ou, com mais frequência, ao clero.
Coimbra fora naquele recuado tempo, como vimos, o burgo flúvio-marítimo português mais seguramente abrigado nas profundidades dum estuário. Só quando as condições de segurança se generalizassem a toda a costa, tomariam desenvolvimento as povoações menos distantes do mar. É apenas, volvido cerca de um século, em perfeita relação cronológica com o seu desenvolvimento económico, que o Porto, cujo senhorio pertencia ao bispo respetivo, acordou para as lutas de emancipação.
Cortesão, J. 2016. Os Descobrimentos Portugueses. Volume II. Lisboa, Expresso. Pg. 207 e 208
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