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A' Cerca de Coimbra



Segunda-feira, 28.09.15

Coimbra, a evolução da alcáçova

… perdida a função central que, em tempos de insegurança, conduzira à edificação do dispositivo militar; dificultada, pela existência da Capela palatina, a expansão da área logística do Paço no setor ocidental do recinto fortificado (como o fora a oriente); ultrapassada também a razão de fundo que levara, originalmente, a dotar a cidadela de uma única entrada virada à «linha de festo» da colina, tudo indica que sobre o velho «albacar», se terá levado a efeito a construção de um novo edifício, suscetível de ampliar a capacidade da estrutura paçã, providenciando-lhe simultaneamente uma nova serventia, ligada à área de serviços que crescera a noroeste do recinto fortificado e a uma zona urbana em paulatino crescimento (como prova a referência, em 1297, a casas erguidas “juxta petrariam subtus alcaçeuam regis nouam”) e, através dela, à zona da Sé.
… Por outro lado e mau grado o revolvimento dos terrenos, o espólio exumado (a quando da escavação de 1979/87 no «Jardim da Capela») forneceria moedas (ceitis e reais) dos reinados de D. João I, D. Duarte, D. Afonso V e D. João III. Em tal contexto e face ao perpétuo vaivém de D. Pedro I – o qual, como escrevia Fernão Lopes, “assi como quem faz correiçom, andava pollo Reino, em guisa que poucas vezes acabava huum mees em cada logar destada”, pouco conciliável com investimentos de fundo em estruturas palaciais e à crise financeira que ensombraria o reinado de D. Fernando I (e à gigantesca obra de fortificação de cidades e vilas em que se empenhou), tudo parece apontar para que a nova ala tenha sido erguida nos anos posteriores à crise de 1383/85 e ao advento da nova Dinastia, respondendo à utilização do Paço por parte do Rei de «Boa Memória», repetidamente documentada e ao desenvolvimento exponencial então sofrido pela Corte e que faria D. Duarte escrever, no «Leal Conselheiro», que poderiam andar nela até 3.000 pessoas. O ritmo seguido pela convocação de Cortes na cidade por parte do monarca (1387, 1390, 1395/96, 1397, 1400) poderá, assim constituir uma referência na edificação da nova ala palatina.

Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 285 a 287

 

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por Rodrigues Costa às 23:02



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