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A cerâmica fabricada em Coimbra tinha na cidade e povoações circunvizinhas um mercado de certa importância. Porém, ele era insuficiente para absorver toda a produção, pelo que parte da louça aqui produzida ia para outras localidades das Beiras, Alentejo, Algarve, Ilhas, África Portuguesa, Espanha e Brasil. O seu transporte efetuava-se por via terrestre, fluvial e marítima.
Desconhecemos a quantidade e o valor da louça vendida em Coimbra e para fora. Admitimos, no entanto, que nas muitas lojas de venda deste artigo existentes na cidade – 60, em 1879 – fosse transacionada uma grande parte da louça produzida.
De acordo com as informações que chegaram até nós, a cerâmica expedida pelos fabricantes de Coimbra tinha boa recetividade noutros mercados, o que se ficava a dever ao reduzido preço e grande durabilidade. Para o norte de Espanha ia louça de Coimbra, assim como para Caminha, Porto, Lisboa e muitas outras terras. Se achamos exagerada a afirmação de que em Lisboa e Porto só se consumia louça grossa de Coimbra, já aceitamos perfeitamente que a presença desta se tornasse incómoda para os fabricantes e comerciantes daquelas cidades, especialmente pelo seu módico preço.
… a progressiva introdução os mercados da faiança fina ou meia porcelana ia atrofiando a venda da faiança grossa … a cerâmica de barro vermelho viu-se verdadeiramente ameaçada e, pode dizer-se, aniquilada – na sua antiga organização – com a instalação de novas e mais modernas unidades, designadamente na Pampilhosa e no Cabo Mondego.
Os meios de transporte, por seu turno, apesar dos progressos de que foram beneficiando … apresentavam limitações de diversa ordem. A rede estradas, não obstante algumas beneficiações de que foi alvo a partir da Regeneração (1851), continuou a ser insuficiente para permitir as necessárias ligações, sobretudo com o interior … O caminho-de-ferro foi sendo instalado na região, mas lenta e deficientemente. A título de exemplo, veja-se o seguinte facto: ainda em 1905, o transporte de louça, de Coimbra para Viseu e seu distrito, era feito em carro de bois. É que, como o ramal do caminho-de-ferro de Viseu era de via estreita, tornava-se necessário fazer transbordo em Santa Comba Dão, o que obrigava as fábricas de Coimbra a terem ali empregados … «ficando por estes factos o transporte assim feito (em carro de bois) muito mais barato e commodo, ainda que mais demorado». E que dizer do assoreamento do Mondego – e da falta de água no mesmo em grande parte do ano – e do porto da Figueira da Foz, com todos os inconvenientes que daí advinham para a navegação?»
Mendes, J. A. Cerâmica em Coimbra nos finais do século XIX e inícios do século XX (Achegas para o seu estudo). In A Cerâmica em Coimbra. 1982. Coimbra, Comissão de Coordenação da Região Centro. Pg. 23 a 44.
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