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Coimbra tinha, na primeira metade do século XIX, três mercados que satisfaziam as necessidades alimentares dos seus habitantes: um, com raízes seculares, na Praça de S. Bartolomeu (hoje oficialmente denominada Praça do Comércio, e igualmente conhecida por Praça Velha); o mercado de Sansão, em frente da fachada principal do Mosteiro de Santa Cruz e da sua Igreja (atual Praça 8 de Maio) e ainda um mercado semanal às terças-feiras no antigo Largo da Feira, frente à Sé Nova, reminiscência da chamada Feira dos Estudantes, instituída no século XVI por D. João III, para a comunidade da Universidade, após a sua transferência definitiva para a cidade.
… resolveu a Câmara, em 13 de Junho de 1840, que as vendedeiras de cereais de Sansão passassem para o então denominado Pátio de Santa Cruz, situado no local que é hoje o início da Rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes …
Pouco depois, em 6 de Maio de 1857, nova alteração surgiu, com a mudança do mercado dos cereais para a antiga horta do mosteiro … continuando a existir a velha praça em S. Bartolomeu
… Era, ao tempo, consensual a necessidade da construção de um mercado, pois a velha praça instalada em S. Bartolomeu não satisfazia as condições mínimas …as opiniões dividiam-se quanto à sua localização. Alvitravam-se dois locais: a horta de Santa Cruz e a Sota, na velha Baixa Coimbrã … sendo decidido pela Câmara da presidência do Dr. Manuel dos Santos Pereira Jardim, em 5 de Janeiro de 1866 … escolher o terreno da horta de Santa Cruz, em detrimento da Sota … iniciam-se em Outubro de 1866 as obras, com a escavação de 3.695 metros cúbicos de terras, para nivelamento dos terrenos … em 21 de Outubro de 1867 aprovado o regulamento, data em que se decidiu dar ao novo empreendimento o nome de Mercado D. Pedro V … de facto, no dia 17 de Novembro de 1867, era, finalmente inaugurado o novo mercado que tanta polémica levantara … O novo mercado seria contemplado com um candeeiro a gás, a que em breve se juntariam mais quatro.
… logo em 1872 temos notícias de reparações …Até ao fim do século XIX, foi o mercado alvo de pontuais reparações, cobertura de barracas, ou instalação de esgotos … em 12 de Janeiro de 1899, viria a ser tomada a tão útil e necessária decisão de mandar vedar o recinto do mercado.
Andrade, C.S. 2001. Mercado D. Pedro V. Uma História com História. Texto publicado em suplemento especial no Jornal de Coimbra de 14 de Novembro de 2001
Durante muito tempo, pode mesmo dizer-se que ao longo de alguns centénios, o nível demográfico de Coimbra se manteve mais ou menos estável, embora tal não obstasse a que as pessoas tivessem necessidade de se abastecer. A fim de responder a esta precisão, aconteciam mercados e feiras: a Praça Velha, o fórum junto ao Arco de Almedina, o terreiro do Paço Real, e a Feira dos Estudantes, depois de 1537, eram os locais privilegiadamente utilizados para a sua realização. Contudo, depois de a Praça Velha se ter tornado exígua, alguns produtos, sobretudo aves e grãos, passaram a ser comercializados frente à igreja de Santa Cruz, no Terreiro de Sansão.
Estes três espaços (Praça do Comércio, Feira dos Estudantes e Terreiro de Sansão) mantém-se até à segunda metade do século XIX, mas, apesar das contínuas disposições camarárias que especificavam o local exato da venda de cada produto, as vendedoras amontoavam-se de modo um tanto ou quanto caótico …
A edilidade, algum tempo depois da extinção das ordens religiosas, tivera a noção da importância de que se revestia para a cidade a posse do mosteiro (Santa Cruz) e da cerca fradesca, até para que neste último espaço se viesse a construir um mercado público capaz de substituir, com vantagem, a dispersão dos vendedores.
Contudo, tornou-se necessário esperar por 1867 para que a nova praça, projeto mais do que modesto elaborado pelo engenheiro Everard, fosse, com pompa e circunstância, aberta ao público, depois de batizada com o nome de D. Pedro V.
A autarquia decidiu, em 1899, encarregar o arquiteto Silva Pinto de elaborar o projeto de uma praça pública destinada a ocupar o local onde se erguia a de D. Pedro V, mas esse estudo jamais saiu do papel e apenas o pavilhão destinado à venda do peixe se construiu, tendo sido inaugurado a 8 de Março de 1908.
Anacleto, R. 2010. Coimbra Entre os Séculos XIX e XX. Ruptura Urbana e Inovação Arquitectónica. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 153, 155
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