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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 14.01.25

Coimbra: Colégio de Jesus, construção e transformações 2

A evolução da planta do Colégio de Jesus de Coimbra, desde o plano conhecido até à concretização do edifício segundo um esquema relativamente modificado, comprova a flexibilidade das soluções construídas dos estabelecimentos jesuítas, atendendo a situações concretas de implantação, orientação e disposição funcional.

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Complexo colegial da Companhia de Jesus em Coimbra. Anteprojeto, c. de 1568. Planta dos pisos térreos… Op. cit., pág., 18.

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Complexo colegial da Companhia de Jesus em Coimbra. Anteprojeto, c. de 1568. Planta dos pisos superiores... Op. cit., pág., 19.

…. Assim, o edifício seria atravessado, de face a face e em ambos os pisos, por longos corredores a eixo das alas, cuja largura era sensivelmente a das celas, e que permitiam uma fácil distribuição e circulação em todo o colégio. Exteriormente a sua localização era facilmente identificada através das janelas de maiores dimensões que os rematavam. No piso superior o pé-direito do corredor aumentava em relação ao do rés-de-chão, com as janelas de topo coroadas por um óculo e por um frontão simples rematados por pináculos.

…. As celas organizavam-se segundo as direções dos corredores e constituíam, elas próprias, o módulo, unidade mínima indivisível geradora de uma malha que estrutura todo o edifício. O módulo podia adaptar-se a várias funções sendo, sempre que necessário, agrupadas duas ou mais celas, para se obterem salas mais amplas.

As salas de maior capacidade que se abriam no colégio eram a das disputas, que se dizia também da matemática, a livraria, a capela e o refeitório. Estas duas últimas salas, formavam um corpo alongado que se estendia. a este do edifício em direção à encosta, no prolongamento da ala central poente-nascente, que ligava às cozinhas e respetivas oficinas, como se pode ver na referida gravura do Séc. XVIII. Paralelamente, mais a sul ao longo da fachada nascente, construiu-se um corpo de passagem que dava acesso do primeiro piso do Colégio de Jesus para o Colégio das Artes.

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Reconstituição do piso superior do Colégio de Jesus de Coimbra.

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Reconstituição do piso térreo do Colégio de Jesus de Coimbra.

…. A capela situava-se no primeiro andar por cima do acesso ao refeitório, que por sua vez, formava uma sala alongada de pé-direito duplo. Seria iluminado por grandes janelas no lado sul segundo a planta que se acrescentou ao material disponível (relativo ao volume principal do colégio) na realização deste trabalho. A sala das disputas e a livraria seriam provavelmente as duas grandes divisões da ala norte-sul por detrás da igreja, como se pode constatar pelas reconstituições e pelos levantamentos pombalinos já referidos. A biblioteca, de maiores dimensões, ficaria no primeiro andar, sendo-lhe inferior a sala das disputas, de metade do tamanho, ao nível do rés-de-chão.

A planta cruciforme do colégio definiu a abertura de três grandes pátios de serviço que desmassificavam a construção e permitiam a iluminação das divisões. Seria natural que fossem quatro, mas a colocação da igreja, desviada para o lado poente, comprometeu a existência de um quarto espaço. Assim, à esquerda da igreja e separada desta por um corredor, encontra-se a sacristia, de pé-direito duplo, abóbada semicircular e com uma janela na parte alta de cada topo. No alinhamento da sacristia existe ainda um pequeno pátio, embora bastante menor em área que os restantes. 

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Claustro do Colégio de Jesus, construído entre 1732 e 1772. Op. cit., pág. 27

Enquanto os dois pátios mais a norte mantiveram o seu caracter, mesmo depois das intervenções pombalinas, o pátio a sul, que ladeava a igreja, terá sofrido alterações importantes ainda durante a primeira fase histórica do edifício. Na gravura já mencionada, pode-se constatar a existência de uma única arcaria, voltada a sul (no lado norte, portanto) na direção da entrada do edifício à qual o pátio estava associado.

…. Não era propriamente um claustro. Tratava-se de um pátio de receção e distribuição do edifício que dava seguimento à portaria e à entrada do colégio, assinalada exteriormente pelo pórtico-telheiro habitual nos colégios jesuítas.

 Lobo, R.P.M. Os Colégios de Jesus, das Artes e de S. Jerónimo. Evolução e Transformação no Espaço Urbano. 1999. Coimbra, Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tenologias.

 

 

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por Rodrigues Costa às 09:56


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