Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O Doutor Rui Pedro Mexia Lobo que exerce a sua docência no Departamento em Arquitetura da FCTUC viu, o trabalho que hoje abordamos, ser escolhido como o de uma primeira série de publicações de Trabalhos Finais, considerados de excelente qualidade, desenvolvidos por alunos finalistas.
Citação que é, mais do que suficiente, para se aquilatar do interesse do mesmo.
Perspetiva 2 – 1780. [Visualização dos três Colégios estudados, nos finais do séc. XVIII]. Op. cit., pág. 199
Simão Rodrigues [um] dos fundadores da Companhia [de Jesus] fundava em 1542 o Colégio de Jesus em Coimbra para a preparação dos missionários do oriente.
A construção do Colégio de Jesus de Coimbra, também denominado das Onze Mil Virgens, foi iniciada em 1547 a partir de uma primeira planta desenhada por um arquiteto não identificado do rei D. João III. Esta planta seria modificada em 1560, sob a direção do mesmo arquiteto, de forma a acomodar-se melhor à boa ordem, disciplina e desafogo que exiria uma casa religiosa destinada a recolher duzentas pessoas.
No entanto, a primeira fase da construção não terá corrido com a celeridade certamente desejada. Com efeito, foi possível obter na Biblioteca Nacional de Paris, plantas dos dois pisos do Colégio de Jesus de Coimbra e da respetiva igreja, às quais se pode atribuir a data próxima de 1568 ou 1569, que diferem em alguns pontos importantes da disposição geral definitiva adotada na construção do colégio.
…. Atendendo à descrição do Pde. Francisco Rodrigues na sua História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal, respeitante ao processo evolutivo da planta deste colégio, é possível fazer corresponder as plantas de Paris às alterações do esquema do Colégio das Artes efetuadas posteriormente ao início das obras do mesmo, no próprio ano de 1568 ou já em 1569.
Deste modo, ainda terá sido possível integrar a parte do Colégio de Jesus já levantada até essa data no esquema do edifício definitivo, o que leva a supor qua a sua construção estaria muito pouco adiantada na altura, ou seja, vinte anos depois de supostamente ter começado.
Erguendo-se o colégio nos terrenos cedidos pelo rei, sobre a vertente norte da Alta da cidade, os jesuítas tiraram máximo partido de uma posição aparentemente pouco favorável, voltando a sul as fachadas do colégio e da igreja de forma a fazerem frente para a cidade construída, definindo e limitando o antigo Largo da Feira.
Gravura de 1732 que mostra o complexo colegial da Companhia de Jesus em Coimbra… Op. cit., pág. 20
…. A fachada da igreja, cujo corpo se insere no volume edificado do colégio, avança oito metros relativamente ao plano da frente principal do mesmo, voltada a sul. Esta disposição, em que a igreja assume um protagonismo conotado com a missão apostólica da congregação, representa uma evolução perante os planos originais em que a frente da igreja alinhava com a frente do colégio. A evolução mais significativa, contudo, prende-se com o desvio da axialidade da igreja. Enquanto que nas plantas de Paris o corpo da igreja é simétrico em relação ao edifício colegial, como seria natural … já na solução construída a igreja coloca-se em alinhamento diferente, chegando-se para o lado esquerdo da frente edificada do conjunto. Este desvio provocou uma série de alterações, de uma situação para a outra, na colocação funcional e dimensão relativa dos diversos pátios interiores que constituem o negativo "vazio" da estrutura “cheia” do edifício.
Fachada da Sé Nova, antiga Igreja do Colégio de Jesus, no enfiamento da Rua dos Loios. Op. cit., pág. 20
Esta deslocação só pode ser explicada pela necessidade de rematar o Largo da Feira, colocando-se a fachada da igreja (hoje Sé Nova) no prolongamento de duas antigas ruas que nele desembocavam. Tratava-se da mais tarde denominada Rua dos Loios, adjacente ao colégio homónimo, também frontal ao Largo, e da Rua do Marco da Feira, que vinha do Castelo.
Lobo, R.P.M. Os Colégios de Jesus, das Artes e de S. Jerónimo. Evolução e Transformação no Espaço Urbano. 1999. Coimbra, Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tenologias.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.