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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 24.09.24

Coimbra: Igreja de S. José 2

Segunda entrada sobre o trabalho do Doutor João Alves da Cunha dedicado à história da construção da nova igreja de S. José.

Uma vez escolhida a segunda orientação para a futura igreja, Januário Godinho deu início ao anteprojeto, concebendo um edifício basilical de cariz moderno.

…. Em termos formais, refirase ainda que ao alto e longo volume proposto, com fachada tripartida e três portais de arco parabólico voltados a sul, se ligavam outros dois elementos litúrgicos individualizados e desta forma valorizados – a alta e esguia torre sineira, do lado nascente, e o baixo e circular batistério, do lado poente. Formavase deste modo uma composição arquitetónica em equilíbrio assimétrico que era ainda acompanhada por um corpo linear que acomodaria diferentes atividades da paróquia e que não só definiria o adro, como também serviria de barreira entre este e o estádio.

…. Apresentado o anteprojeto durante o ano de 1947, este foi alvo de um parecer muito positivo por parte da Direção Geral dos Serviços de Urbanização.

…. o assunto da construção da igreja conheceu um prolongado silêncio, a que não terá sido alheia a morte de D. António Antunes … D. Ernesto Sena de Oliveira [o bispo de Coimbra que lhe sucedeu] … a 31 de outubro de 1949, … incluiu a construção da igreja de S. José na lista das obras prioritárias a comparticipar na sua diocese.

…. Januário Godinho trabalhou no projeto da igreja de São José até 18 de novembro de 1950. Numa extensa memória descritiva – 14 páginas –, o arquiteto apresentou e justificou as suas decisões.

…. Na sua composição sobressaía a solução simultaneamente decorativa e construtiva das paredes laterais, que a partir da altura de quatro metros seriam formadas por “uma grelhagem enquadrada nos tramos dos pilares, à maneira das construções góticas; esta grelhagem é constituída por uma série de elementos diferentes e prefabricados que, uma vez montados segundo composição cuidada, formam painel único de efeito surpreendente e variado”. De acordo com o arquiteto, pretendiase obter, “salvo as devidas proporções, um ambiente semelhante ao das grandes catedrais, em que o jogo de luz é o principal objetivo; neste caso, a grelhagem constitui uma estilização adequada aos tempos modernos … Quanto aos espaços vazios da grelhagem seriam fechados com vidro colorido, em tons simples e sem figuras.

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Igreja de S. José, projeto. Planta, cortes e alçados (Arq. Januário Godinho, 1950). Fonte: Arquivo da Igreja de S. José de Coimbra. Op. cit., 282

…. Januário Godinho concebeu, deste modo, “uma igreja moderna que, para além da sua elevada função espiritual, possa contar aos vindouros, na medida do possível, um pouco da história da arte e da técnica de construção do nosso século”.

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Igreja de S. José, projeto. Maquete (Arq. Januário Godinho, 1950). Fonte: Arquivo do autor. Op. cit., pg. 283

…. [Depois de diversos pareceres] A 10 de julho, o Diretor Geral dos Serviços de Urbanização tratou então de informar o Bispo de Coimbra da não aprovação do projeto de Januário Godinho, sendo que “Pelo mesmo despacho determinou Sua Exª [o Ministro das Obras Públicas] que se aconselhasse a entidade interessada na realização da obra, a promover a elaboração de outro estudo.

…. 28 de agosto de 1951 a ordem chegou ao Diretor de Urbanização do Distrito de Coimbra para que este diligenciasse “que o estudo do novo projeto (…) seja elaborado pelo Sr. Arquiteto Álvaro da Fonseca.

…. Foi preciso esperar até dezembro de 1952 para a apresentação do projeto por Álvaro da Fonseca. Se este mantinha várias opções da proposta de Januário Godinho – como a orientação ou o desenvolvimento longitudinal –, revelou diversas diferenças que mostravam responder às críticas que levaram à rejeição do antecessor.

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Igreja de S. José, anteprojeto. Plantas e perspetivas (Arq. Álvaro da Fonseca, 1952). Fonte: Arquivo da Igreja de S. José de Coimbra. Op. cit., pg. 289

Segundo a nota descritiva de Álvaro da Fonseca “projetando-se a igreja para uma cidade de valioso passado artístico, procurouse conjugar os elementos tradicionais da nossa arquitetura com as orientações do presente. Assim, para a valorização das fachadas, envolveuse a nave por uma galeria que forma um estilizado claustro aberto e, para evitar que as zonas de serviço desequilibrassem os volumes arquitetónicos, estabeleceramse as mesmas em ligação com a capelamor, dando a sugestão dos deambulatórios tradicionais”.

Cunha, J. A. 2019. Igreja de São José, Coimbra: história da sua construção. In: Lusitania Sacra. 39 (janeiro-junho 2019), pg. 269-302. Universidade Católica Portuguesa. Texto e imagens acedidas em: https://www.academia.edu/77771199/Igreja_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_Coimbra_hist%C3%B3ria_da_sua_constru%C3%A7%C3%A3o

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por Rodrigues Costa às 11:04


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