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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 12.09.24

Coimbra: Construção da Linha do Norte 1

Primeira de duas entradas dedicadas à história das decisões que levaram à chegada da Linha do Norte, à nossa Cidade. 

O texto da autoria do Engenheiro Frederico de Quadros Abragão, com o título Caminhos de Ferro Portugueses. Esboço da sua história, publicado em 1956, resulta de um minucioso trabalho de investigação que nos permite conhecer as razões das opções então tomadas.

historia_linha_norte_coimbra_1956_capa.jpgCaminhos de Ferro Portugueses. Esboço da sua história, capa

Cumpre, ainda, agradecer a Jacinto Gil, membro do grupo no Facebook "Comboios Nacionais", pela ajuda na pesquisa das imagens aqui reproduzidas.

 Passado Pombal, segue [a Linha do Norte] o vale do rio Soure até à sua confluência com o Mondego. Perto de Alfarelos, entra no vale deste rio, seguindo na margem esquerda até às proximidades de Coimbra, onde o atravessa em duas pontes, ficando a estação a 1500 metros do centro da cidade.

Aqui terminava a 3.ª Secção, com 47,694 metros. 

Em 14 de Junho de 1861, o Conselho de Obras Públicas emitira parecer acerca do traçado da linha do Norte entre Pombal e Coimbra, segundo as alterações apresentadas pela empresa construtora.

Esta propunha-se seguir a diretriz de Wattier [projetista da obra de construção da linha], em conformidade com o disposto no contrato, mas com as modificações que dizia aconselhadas pela experiência.

As variantes apresentadas tinham por fim assentar o caminho de ferro em terrenos firmes, livres das cheias do Mondego, evitar a passagem da linha por vales estreitos e escabrosos, diminuir as declividades e uma grande extensão de alinhamentos curvos e procurar a aproximação do porto da Figueira. Em Formoselha estabelecer-se-ia uma estação que serviria as povoações de Granja do Ulmeiro (futuro Alfarelos), Formoselha, Santo Varão e Pereira, servindo ainda Montemor, S. Lourenço e mais povos à direita do Mondego. 

Em consequência da vila de Pereira ocupar a encosta desde a beira do Mondego até ao cimo do monte, foi forçoso atravessá-la com o caminho de ferro. 

O traçado proposto pela empresa passava junto de Soure como o de Wattier; depois, na Granja do Ulmeiro e Formoselha e na povoação de Arzila e iria atravessar o Mondego junto ao Almegue (?), 100 metros mais abaixo do que o traçado primeiro previsto. 

A planta deste traçado satisfaz as boas condições técnicas: curvas de grande raio, alinhamentos retos bastante longos e terreno o menos submersível pelas cheias que se pode obter. Porém a passagem do Mondego tem o inconveniente de forçar uma grande parte desta secção a ficar em terreno inundado e obrigar a estação de Coimbra a estar 200 metros mais adiante do que devia.

Esta├º├úo Velha. 2.jpgEstação de Coimbra primitiva. Acervo RA

Estação Velha. Meados de 1870. Foto de Ars├®n

Estação de Coimbra primitiva. Fotografia Arséne Hayes. Acervo RA

Com pequenas alterações em perfil e na implantação da estação de Coimbra, e outras de pormenor, o Conselho de Obras Públicas julga aceitável a variante proposta pela empresa construtora. 

E, com efeito, o traçado é aprovado em portaria de 8 de Julho seguinte, nos termos daquele parecer. 

A ponte de Arzila, no troço entre Alfarelos e Coimbra, tem dois vãos de 21,70 metros. 

Abragão, F. Q. 1956. Caminhos de Ferro Portugueses. Esboço da sua história. Lisboa, Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.

 

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por Rodrigues Costa às 16:11


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