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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 01.08.24

Coimbra: Mosteiro de Santa Ana, prestadores externos de cuidados médicos

Através do Livro do Registo dos Ordenados que se costumam pagar no Convento de Santa Ana, entre 1758-1856, sabemos que tinham ao serviço um Cirurgião, um Médico e um Sangrador, a quem pagavam um salário. Para além destes, pagavam, também aos padres Capelães, ao Dr. António Gomes, ao Dr. Francisco Lopes ao solicitador do Convento, ao escrivão, ao agente das causas, ao sacristão ou ao tesoureiro.

CSA 1.jpgVista da fachada atual do Quartel de Sant’Ana e parte do aqueduto de D. Sebastião In: «Sant’Ana. Três séculos de convento, um século de quartel», pg. 14.

“Entrou para o partido de Médico desta comunidade de Sant’Anna de Coimbra o Ilustríssimo Senhor Doutor António Augusto das Neves no mês de Abril de 1825”. Este era remunerado com 10.000 reis e 20 alqueires de milho.

“Entrou para sirurgião desta comunidade Manuel José Ferreira a 18 de Agosto de 1773 com o mesmo ordenado de 4 mil reis e 20 de milho”. Esta remuneração manteve-se até 1826, havendo novo ajuste para 6 mil reis e 12 alqueires de milho, até 1831. Entretanto, existe um hiato de tempo em que não há registos, sendo que no ano de 1850, para exercer a função contratam o Senhor Manuel Amadeo que se manteve até 1856.

Esteve também ao serviço da comunidade o sangrador José António Cortegaça “desde 26 de junho de 1773 com o mesmo salário que são de milho 12 alqueires e 7 mil reis em dinheiro”.

Qualquer deles declara por escrito o pagamento que recebe das religiosas, como seja o caso do sangrador, de nome José António Cortegaça: “Recebi o meo ordenado de sete mil reis e tenho o recebido todos athe o dia 6 de julho de 1786”.

Ressalve-se que a figura do sangrador não consta nas Despesa da Botica. Por oposição, é mencionado o Boticário que não nos surge no Livro do Registo dos Ordenados.

A remuneração mais relevante continua a ser o do médico que aufere por mês 10.000 reis e 20 alqueires de milho. Única exceção, em março de 1861, recebe apenas 6.800 reis.

O cirurgião aufere um ordenado de 8.000 reis e 20 alqueires de milho. Excetuando também para o mesmo ano em que lhe pagam 5.440 reis.

Curiosamente os pagamentos em milho não são quantificados, talvez porque possuíssem este cereal, não tendo necessidade de o comprar. De facto, dos inúmeros trabalhos do campo a que as freiras aludem, destacam-se os trabalhos do milho: semear, sachar, regar e cortar.

O médico examinava, diagnosticava e prescrevia receitas. Tinha um estatuto mais nobre sendo tratado por “Ilustríssimo Senhor Doutor”, enquanto o cirurgião e o sangrador somente por “Senhor”. O cirurgião, normalmente, deslocava-se para tirar dentes, fazer sangrias, tratar luxações, tratar feridas e fazer amputações.

D. Afonso Castelo Branco.jpgAfonso Castelo Branco (fundador do convento). In: «Sant’Ana. Três séculos de convento, um século de quartel», pg. 19.

… Através dos balanços anuais, percebemos que o abastecimento da botica de Santa Ana provinha também de outras fontes exteriores à comunidade, como forma de garantir o provimento de receitas, havendo referência a consideráveis pagamentos a fornecedores. Em janeiro de 1863 “Despendi com o rol das resseitas de 62 – 23490 reis”, ou em janeiro de 1867 “Despendi com o rol das Resseitas da Botica do anno de 66 – 2.4150 reis”.

Sousa, D. Comer e curar no Convento de Santa Ana de Coimbra (1859 a 1871). Texto acedido em: https://www.academia.edu/116755957/Comer_e_curar_no_Convento_de_Santa_Ana_de_Coimbra_1859_a_1871_?email_work_card=title.

 

 

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por Rodrigues Costa às 16:09


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