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Albertino Marques também bateu, para a capela do Seminário Maior de Coimbra, um Sacrário. De acordo com a notícia saída no Correio de Coimbra de 13 de outubro, em 1948, o Tabernáculo, já se encontrava forjado e cinzelado.
Sacrário da Capela do Seminário Maior de Coimbra
Na notícia do periódico, que transcrevo, pode ler-se: “Nas oficinas do conceituado artista conimbricense sr. Albertino Marques foi agora construído um Sacrário em ferro forjado e cinzelado que bem pode considerar-se uma obra prima daquele distinto serralheiro. O aludido Sacrário, que se destina à capela do Seminário, foi construído segundo as regras da Liturgia e pode bem considerar-se um autêntico cofre de segurança pelas condições que presidiram à sua execução. Com a construção deste augusto tabernáculo são já em número de doze os sacrários que Albertino Marques tem executado para esta diocese, gravando-se em todos eles o apurado gosto artístico e raras aptidões que distinguem os trabalhos daquele nosso amigo, exímio artista que tão distintamente fez ressurgir entre nós a joalharia do ferro no período áureo da sua mais bela renascença”.
Esta notícia levanta-me dois problemas, pois leva-me a questionar qual o pontificado em que teria sido encomendado. Como refere a notícia, o “cofre de segurança” e qual a razão que levou à feitura, naquela época, de tantos Sacários em ferro destinados a guardar o Santíssimo Sacramento, bem como as localidades que os acolheram.
D. António Antunes
Examinando a listas dos Bispos que se sentaram na cadeira episcopal conimbricense chega-se à conclusão que D. António Antunes (Cumeira, 1875.11.18-Coimbra, 1948.07.20), que foi o 59º bispo de Coimbra, toma posse da diocese em 1936 e governa-a até à sua morte, acontecida em julho de 1948. Por seu turno, D. Ernesto Sena de Oliveira (Funchal, 1892.04.30-Coimbra, 1972.10.13) entra a 2 de fevereiro de 1948 e encontra-se à frente da diocese aeminiense, onde entrou em 13 de março de 1949, até 12 de agosto de 1967, data em que resignou. Foi o 50º Bispo da diocese e o 25.º conde titular de Arganil, de juro e herdade, entre 1948 e 1967 e veio a falecer a 13 de outubro de 1972.
A partir desta análise pode concluir-se, com grande margem de certeza, que o Sacrário destinado à Capela do Seminário de Jesus, Maria e José, foi encomendado a Mestre Albertino na liderança de D. António Antunes.
A notícia do Correio de Coimbra refere que “com a construção deste augusto tabernáculo são já em número de doze os sacrários que Albertino Marques tem executado para esta diocese”. A quantidade de Sacrários que o Mestre cinzelou para a diocese não pode deixar de me levar a questionar qual a razão de um tão vultuoso número de encomendas, até porque era normalmente referido tratar-se de verdadeiros cofres fortes, providos na porta de duas fechaduras com segredo, e colocados sobre o altar ou na banqueta, a fim de guardar a píxide ou a custódia.
A porta destes pequenos cofres era, quase sempre, decorada com iconografia relativa à eucaristia, o que não se verifica no presente caso.
Anacleto, R. Albertino Marques. Sacrário do Seminário Maior de Coimbra. 2024. Texto inédito.
Albertino Marques, verdadeiro burilador do ferro, ao longo da vida, na sua oficina da Rua João Machado, local onde passou a trabalhar a partir de 1929, bateu diversas peças de cariz religioso encomendados por variadas instituições.
A título de exemplo, e como mera nota de rodapé, recorde-se que, em 1931, bateu para a capela do Colégio da Rainha Santa, então ainda instalado no edifício do antigo Colégio da Trindade, a lâmpada do Santíssimo e a impropriamente denominada banqueta, composta por seis castiçais e pelo respetivo crucifixo. E digo impropriamente, porque a banqueta é um pequeno degrau colocado na retaguarda da mesa de altar, destinado a servir de apoio à cruz e aos seis castiçais. O conjunto, por assimilação, passou a ser, normalmente, designado por banqueta. E é na aceção comummente aceite que vou continuar a usar esta designação.
Banqueta
Em 1939, a Madre Superiora do Colégio Missionário de S. José de Cluny, sito em Nogueiró (Braga), encomendou também, ao mestre, uma banqueta.
A Confraria da Rainha Santa, em 1944, mandou executar um Sacrário destinado ao templo.
Entre 1947-1948, por encomenda do Dr. Santos Costa, então Ministro da Guerra, e sob a direção do P. Luís Lopes de Melo (capelão militar e pároco da Sé Velha), que muito se interessou pela boa execução dos trabalhos e pela sua obediência aos preceitos litúrgicos, Albertino Marques bateu, para a Capela do Colégio Militar (Lisboa) uma banqueta, as Sacras, uma estante para missal e um Sacrário.
As Sacras, que normalmente integram três peças, uma central, maior do que as duas laterais, são painéis escritos em latim e emoldurados, contendo alguns dos textos imutáveis da missa, a fim de serem utilizados pelo celebrante como auxiliares de memória.
Sacrário do templo da Rainha Santa
Acerca do Sacrário que se destinava ao templo conimbricense da Rainha Santa, o Correio de Coimbra, de 15 de julho de 1944, escrevia: “Com destino à igreja da Rainha-Santa, acaba de ser executado na acreditada oficina do conceituado artista Sr. Albertino Marques, um sacrário de ferro forjado e cinzelado, cofre precioso onde aquele distinto serralheiro revela toda a competência que o celebriza como um dos melhores joalheiros de ferro do nosso país e onde vincou, com relevante mestria, todas as suas aptidões na execução de tão maravilhoso cofre sagrado. Este sacrário, construído com todas as regras da liturgia, é dotado de duas fechaduras de segredo, ostentando na sua portada o brasão de Portugal e Aragão sobreposto no emblema da confraria da Rainha-Santa”.
Anacleto, R. Albertino Marques. Sacrário do Seminário Maior de Coimbra. 2024. Texto inédito.
A fotografia sempre esteve presente na vida de Alexandre Ramires.
Presença que o levou a ser não só um dos maiores conhecedores portugueses das técnicas fotográficas primitivas, bem como um especialista nas fotografias de temática coimbrã.
Conversa Aberta: A fotografia em Coimbra no século XIX, cartaz
O título da sua palestra é prova do que afirmo e da razão do apreço que tenho por este estudioso.
Se muito aprendi com as Conversas Abertas, em ordem a esta estou muito, mas mesmo muito, interessado em conhecer as surpresas que Alexandre Ramires nos reserva.
Conversa Aberta: A fotografia em Coimbra no século XIX, folha de sala
Por meu lado espero lá estar às 18h00 da próxima 6.ª feira, dia 28 de Junho e penso que, se for, gostará tanto como eu espero vir a gostar.
Rodrigues Costa
Iniciamos hoje a divulgação de dois textos inéditos, que dividimos por quatro entradas, da autoria de Regina Anacleto e que têm como objetivo a divulgação sumária da vida de Mestre Albertino Marques e o estudo de uma peça que ele cinzelou para a Capela do Seminário Maior de Coimbra.
Albertino Marques que nasceu em Coimbra, na freguesia de Santa Cruz, a 27 de abril de 1890, é um dos artistas que, na primeira metade do século XX, trabalhavam o ferro forjado na cidade do Mondego.
Albertino Marques (Coimbra, 1890-Coimbra, 1966)
O artífice frequentou a Escola Industrial Brotero e quando, em 1907, apenas com 14 anos, terminou o curso iniciou o seu percurso como obreiro do ferro com o serralheiro António Maria da Conceição (Rato) e, posteriormente, em 1918, na oficina de Francisco Nogueira Seco, localizada no Quintal do Prior.
Após a morte deste artista sucedeu-lhe na sociedade, de parceria com os descendentes do industrial e com Daniel Rodrigues. A sociedade girava sob o nome de “Seco, Graça & Marques”. Contudo, Daniel, em 1919, separou-se e inaugurou a sua serralharia no Terreiro da Erva, n.º 36, local onde permaneceu até ao fim da vida e Albertino, a partir de 1929, instalou a sua oficina na Rua João Machado.
Albertino Marques, que jamais deixou de estudar, com o desejo de melhorar a sua formação, passou a frequentar a Escola Livre das Artes do Desenho e a ter como mentor mestre João Machado.
A sua capacidade de saber fazer falar o ferro tosco, tornando-o delicado, introduziu o seu nome entre os mais conhecidos artistas que, em Portugal, se dedicaram à arte de forjar.
A serralharia artística constituiu o objetivo primacial de toda a vida de Albertino Marques, mas, nomeadamente por questões de ordem económica, tornou-se-lhe impossível colocar à margem outros trabalhos mais vulgares.
Lanterna do Parque de Santa Cruz
Ativista das antigas organizações operárias, cedo compreendeu a importância da publicidade na difusão da arte do ferro, facto que, de algum modo, lhe permitiu espalhar as peças saídas da sua oficina por todo o país; os artefactos passavam por tocheiros, em estilo gótico, renascentista ou ‘modernizado’, por lâmpadas cinzeladas ou por portas e grades para jazigos e campas.
Publicidade
No meio artístico conimbricense, sobretudo no ligado ao ferro forjado, a partir de 1933, instalou-se uma grave crise que se foi prolongando até meados da centúria, agravada por vicissitudes várias, a passarem pela falta da encomenda de trabalhos importantes que ajudassem os artistas a preservar a sua arte e pelo panorama económico da sociedade, que dificilmente permitia às pessoas dispor de numerário passível de possibilitar a compra de obras já que estas não se assumiam como bens necessários à sobrevivência.
Albertino Marques, antes de, em 1955, por razões de saúde, ter encerrado, definitivamente, a sua oficina, realizou várias obras em serralharia artística para instituições religiosas.
Posteriormente, passa a entreter as horas de ócio escrevendo sobre coisas de Coimbra e da sua arte. Nesses escritos, publicados no jornal «O Despertar», revela o gosto e o conhecimento das várias formas de arte, bem como o seu interesse por tudo o que diz respeito à sua cidade natal.
Caricatura de Albertino Marques
A 27 de abril de 1966, com 76 anos de idade, depois de ter dedicado 62 à arte do ferro forjado, morre em Coimbra na sua residência, sita na Rua João Machado, o artista Albertino Marques.
Anacleto, R. Albertino Marques (Coimbra, 1890-Coimbra, 1966). Breves notas soltas. 2024. Texto inédito.
Com esta entrada terminamos a divulgação do trabalho do Doutor Jonathas Ribeiro dos Santos Campos de Oliveira, sobre o período fundacional do Mosteiro de Santa Cruz. Texto que, em no nosso entender, interessa não só pelo seu conteúdo, bem como pela curiosidade do seu autor ser um académico brasileiro.
Famílias nobiliárquicas coimbrãs também contribuíram para o crescimento patrimonial experimentado por Santa Cruz de Coimbra até 1162, por meio de doações, vendas ou testamentos feitos à Comunidade agostiniana. Dois fatores se destacam para refletir sobre tal fenômeno: um relacionado a um possível caráter simbólico que o mosteiro pudesse ter no período; e outro, aos efeitos práticos que as transferências traziam ao patrimônio particular.
S. Teotónio. Viseu. Imagem acedida em https://diocesedeviseu.pt/padroeiro/
Na presença de D. Afonso Henriques, São Teotónio lança os hábitos a novos cónegos regrantes de Santa Cruz de Coimbra. Viseu. Imagem acedida em https://diocesedeviseu.pt/padroeiro/
Na primeira questão, a possível representação que a própria casa monacal pudesse ter para a nobreza coimbrã estaria associada a uma supremacia espiritual simbólica que, em meio ao grupo social, ela deteria face à organização paroquial. Enquanto esta estaria voltada ao serviço terreno dos cristãos, isto é, “ao Povo de Deus que caminha penosamente nesta terra”, a outra, estava relacionada ao anúncio profético do paraíso; distanciava-se da pugna vinculada ao plano terreno. Por conseguinte, dado a significação que uma apresentava frente à outra, a supremacia espiritual do mosteiro frente aos demais e sua transcendência teriam atraído a atenção nobiliárquica de Coimbra. Conforme salienta Mattoso, [...] o mosteiro, com a sua comunidade permanente, que desafia os séculos e as vicissitudes deste mundo, representa também a própria eternidade e é, portanto, uma garantia da permanência da família. Ligada a um mosteiro, ela não só será fecunda, não só se reproduzirá [...], nível da honra alcançada e os poderes que a assemelham ao próprio Deus ou aos seus Santos.
Nesse sentido, identificando no monaquismo um caminho de acesso ao sagrado, cuja proximidade ao plano divino encontrava seu sentido na vida austera, as famílias coimbrãs provavelmente viram no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra uma via de promoção de sua própria condição espiritual.
A segunda questão, diz respeito aos efeitos práticos que a transferência trazia aos bens associados. Se na primeira linha interpretativa, a partir da reflexão conduzida por Mattoso, a importância da doação se estabelece em virtude de um interesse que
transcendia a questão material, se apoiando exclusivamente nos resultados mais abstratos do termo, isto é, no âmbito espiritual, aqui, a importância se faz mais imediata, concreta, ou seja, se alicerça no plano terreno.
O prestígio e poder que, gradativamente, o mosteiro de Santa Cruz de Coimbra teria conseguido ao longo do tempo, fruto, como vimos, do vínculo que mantinha com Afonso Henriques e seus associados, além do próprio apoio papal, teria aumentado sua capacidade de proteção em relação ao patrimônio que detinha.
Este dado teria, consequentemente, garantido a força combativa do exército portucalense quando sob ameaça, formando, assim, um conjunto institucional pouco suscetível às instabilidades oriundas de um período marcado pelos constantes conflitos. Nesse panorama, famílias dotadas de patrimónios significativos, cuja efetiva ação para defendê-los se encontrava enfraquecida ou inexistente, veriam na associação ao Mosteiro, seja em momentos conflituosos ou não, uma forma de verem garantidas a proteção e manutenção dos bens dos quais dispunham.
Das anotações relativas a Testamentos, Cartas de doações e de vendas à Santa Cruz de Coimbra constantes no Livro de D. João Teotónio, por exemplo, é indiscutível que as décadas de 60 e 70 do século XII são as que em maior volume dão mostra das aquisições por parte do Mosteiro. Portanto, período de priorado de D. João Teotónio (1162-1181).
Não seria diferente, dado a possibilidade de ter por incentivo o avanço almóada que se fazia presente no último quartel do século XII em território portucalense. Com isso, cabe salientar também, em paralelo, o próprio incentivo promovido pelo segundo prior, atraindo para os crúzios considerável número de doações e testamentos, aumentando assim o patrimônio material do Mosteiro.
De facto, foi com ele [D. João Teotonio] que, desde 1152, se fomentou a partir das doações feitas um patrimônio que organizado viria a dispor de rendas próprias que permitiram ampliar instalações e adequá-las à medida da procura crescente.
O crescimento e expansão experimentados pela Comunidade agostiniana entre 1132 e 1162 caracterizaram essa primeira etapa de vida do Mosteiro.
Oliveira, J.R.S.C. A Cidade de Coimbra e o Mosteiro de Santa Cruz no Século XII. Reflexões sobre o Priorado de S. Teotónio. 2017. In: Acedido em:
No texto que ora transcrevemos sobre a investigação de Jonathas Ribeiro dos Santos Campos de Oliveira, continua a debruçar-se sobre as circunstâncias do período inicial do Mosteiro de Santa Cruz.
Durante o priorado de D. Teotónio, concessões de naturezas variadas teriam sido feitas por parte do Infante ao Mosteiro, aumentando-lhe assim tanto o património particular do qual dispôs nesta primeira etapa, quanto às zonas de influência sobre o Condado Portucalense: “[...] o rei lhe concedeu muitos dos bens que aí tinha, tanto móveis como imóveis, enriqueceu o local, confirmou todos os bens do mosteiro, tanto de dentro como de fora, e ao confirmá-los coutou-os”.
S.Teotónio, monumento em Valença. Imagem acedida em https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&ccid=73TXSsPF&id=...
S. Teotónio, monumento em Viseu. Imagem acedida em https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&ccid=73TXSsPF&id=...
…. Dentre as concessões feitas por Afonso Henriques ao Mosteiro regrante, destacamos os coutos que, nos primeiros anos da canónica, teriam composto um conjunto patrimonial significativo. Nesse sentido, tornamos evidente, por exemplo, o couto de São Romão de Seia, de dezembro de 1138; o couto feito a um barco de pesca, de março de 1139; o couto da vila de Gouveia, de novembro de 1140; o couto de parte das vilas de Quiaios e Emide, além de toda a de Lavos, de junho de 1143; o couto de todos os homens e herdades de Santa Cruz, de julho de 1146.
…. O mosteiro de Santa Cruz, ao demonstrar, em certa medida, alinhamento aos interesses defendidos pela Sé romana, obtendo dela o devido reconhecimento e se colocando em direta subordinação, teria exercido no Ocidente peninsular um papel concentrador e difusor das orientações provenientes de Roma. Como agente disseminador dos interesses românicos, trazia para a lógica de organização social o próprio discurso cristão, e para o corpo eclesial, o enquadramento esperado e o referencial de conduta moral estabelecido na base apostólica. Com isso, teria garantido para si o beneplácito da Sé de Pedro para o desenvolvimento de suas atividades, tendo assegurado tanto privilégios quanto a expressiva proteção papal.
O facto de uma rede crescente de paróquias serem fundadas ou ficarem sob a orientação direta do mosteiro de Santa Cruz, que se afirmava isento do poder episcopal, protegido e imediatamente dependente da Sé Apostólica iria contribuir para consolidar o seu próprio processo de isenção [...]. Era igualmente um poderoso meio de a instituição regrante mais se afirmar junto da autoridade episcopal, através do exercício da sua própria jurisdição, e na sociedade em que se situava.
A título de exemplo dos privilégios recebidos, destacamos: a bula «Ad hoc universalis», de abril de 1144, na qual Lúcio II teria confirmado os bens e direitos recebidos pelo Mosteiro, dentre eles os sobre as igrejas de São Romão de Seia, São João de Santa Cruz, Quiaios, Mira, Travanca, etc., isentando-os de dízimo, sem com isso alienar os direitos da diocese.
Papa, Lucio II. Imagem acedida em: https://www.google.pt/search?q=lucio+ii+papa...
Todos repetidos e confirmados por Eugénio III por meio da bula «Apostolica Sedis», de setembro de 1148. O cardeal Jacinto, com a bula «Oficii nostri», de novembro de 1154, além de confirmar as concessões anteriores, teria acrescentado outras novas qual seja, a livre eleição do superior da comunidade regrante e o direito de sepultura. Já Adriano IV, por meio da bula Ad hoc universalis, de agosto de 1157, para além de manter as confirmações já feitas, também a exerce às igrejas do castelo de Leiria e de Taveiro, entre outros.
Um dos pontos que nos chama a atenção nos privilégios eclesiásticos é o da necessidade de uma confirmação contínua das concessões reais ao Mosteiro. Ou seja, mesmo já tendo obtido o devido reconhecimento por parte da Igreja romana, esta consideração parece não garantir um inquestionado direito aos Regrantes sem que passasse por nova confirmação. Era também uma forma de manter, por parte do papado, um controle dos bens adquiridos pelo Mosteiro em um determinado espaço de tempo.
Oliveira, J.R.S.C. A Cidade de Coimbra e o Mosteiro de Santa Cruz no Século XII. Reflexões sobre o Priorado de S. Teotónio. 2017. In: Acedido em:
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