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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 27.06.23

Coimbra: A arte do ferro forjado 9, a “Chama da Pátria”

Depois da guerra de 1914-1918, começou a desenvolver-se, um pouco por todo o país, o culto aos Mortos da Grande Guerra. As entidades responsáveis determinaram que, numa grande manifestação nacional, fossem trasladados para o Mosteiro da Batalha, os restos de um desses heróis.

Em Coimbra, e mais concretamente no Quartel General, despontou um movimento no sentido de ser colocado um lampadário condigno na Casa do Capítulo batalhino, junto do sarcófago que deve guardar os despojos do soldado desconhecido. Para concretizar esta ideia, foi aberta uma subscrição, que, num primeiro momento se pensava estender a todas as unidades militares do país, mas, posteriormente, se limitou à contribuição dos oficiais, sargentos e praças da 5.ª divisão do Exército, com sede em Coimbra.

Desde logo ficou assente que o candelabro, mais tarde denominado “Chama da Pátria”, fosse executado por Lourenço Chaves de Almeida, que até era militar. Entretanto, uma comissão composta de oficiais do exército pertencentes às várias unidades desta cidade, procurou António Augusto Gonçalves para lhe pedir que desenhasse a peça.

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“Chama da Pátria”

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“Chama da Pátria”. Pormenor

O lampadário, de ferro forjado, utilizou o estilo gótico e mede 1,80 m de altura; foi exposto ao público no átrio da Câmara Municipal de Coimbra, aquando do II congresso Beirão. Na cerimónia, em que estiveram presentes numerosas senhoras, autoridades, académicos, professores e uma enorme multidão, proferiram-se discursos patrióticos e foram elogiados Chaves de Almeida e António Augusto Gonçalves. Antes de ir para a Batalha, por deliberação do governo, foi exposto, primeiro, em Lisboa e depois, em Viana do Castelo, na altura em que ia ser imposta a Cruz de Guerra à bandeira que a França oferecera à brigada do Minho. O lampadário ocupou o seu lugar no Mosteiro de Santa Maria da Victória no dia 28 de junho, data da assinatura do tratado de paz.

RA. 9. Chama da Patria na Sala do Capítulo do

“Chama da Pátria” na Sala do Capítulo do Mosteiro da Batalha

O Presidente da Comissão Administrativa do município de Coimbra, em 1930, encomendou ao “ferreiro”, a fim de ser colocado no salão nobre, um candelabro de 30 luzes; data, também, desse ano a execução de um candelabro para a casa do Dr. Ângelo da Fonseca.

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Lustre destinado ao Salão nobre da Câmara Municipal de Coimbra

Em 1938, em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas-Artes esteve patente uma exposição de ferros de arte de Lourenço Chaves de Almeida, homem que trabalhava em Coimbra há quarenta anos, sendo, por isso, justo considerá-lo um artista conimbricense. A mostra, antes de encerrar, recebeu a honrosa visita do então Presidente da República, António Óscar de Fragoso Carmona.

RA. 9. Lustre encomendado pelo Dr. Bissaia Barreto

Lustre encomendado pelo Dr. Bissaia Barreto

Anacleto, R. A arte do ferro forjado na cidade do Mondego, primeira metade do século XX.  In: História, Empresas, Arqueologia Industrial e Museologia. 2021.Edição Imprensa da Universidade de Coimbra, pg. 259-292.

 

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por Rodrigues Costa às 10:04


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