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Painel da Rainha Santa Isabel (Milagre das Rosas de Alenquer)
Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova. Op cit., pg. 61
De frente para a porta de entrada encontra-se o terceiro painel lateral do lado da epístola, alusivo à Padroeira, acompanhada por 6 pedreiros. Em primeiro plano, a Rainha Santa Isabel, apoiada no seu bordão de peregrina, oferece uma rosa a um mestre pedreiro que se ajoelha à sua frente com o chapéu pousado no joelho e com a sua cesta de ferramentas,
Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova. Op cit., pg. 61
Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor. Op cit., pg. 61
Fazendo-se acompanhar de uma personagem mais nova, remetendo para a representação de um mestre e o seu aprendiz. A composição destas figuras é marcada pela carregada diagonal que a entrega da rosa confere aos braços das personagens. Na cena de fundo identificam-se quatro pedreiros através do material em que trabalham e das ferramentas que utilizam.
… É o Milagre das Rosas de Alenquer que se encontra representado em Santa Clara-a-Nova, tal como fora pedido em contrato, identificando-se a temática através das rosas que os pedreiros trazem consigo, aludindo ao momento em que a rainha as distribui. A santa é vestida com roupas nobres, sem coroa e identificada através dos atributos das rosas e do bordão de peregrina.
Painel de Santa Isabel de Portugal
Painel do retábulo que se encontra no fundo da igreja, na parede de separação dos coros, no lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit., pg.66.
Painel do retábulo que se encontra no fundo da igreja, na parede de separação dos coros, no lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor.. Op. cit., pg.66.
É composto pela imagem de Santa Isabel que se ergue entre pilastras, vestida de clarissa, coroada e com auréola, segurando na mão direita o bordão de peregrina e rosas no regaço. Elevada sobre um pedestal tem a seus pés 3 personagens (que aparentam ser uma criança, um homem de moletas e uma senhora) que erguem seus olhos, mãos e taças para a personagem principal, formando um triângulo compositivo.
De fundo foi retratada uma paisagem com árvores e montes. Na edícula de remate do retábulo foi representado o brasão régio que une a casa de Portugal com a de Aragão.
Carvalho A. R. A. Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. 2015. Edição da Universidade de Coimbra. Acedida em https://www.academia.edu/23902176/Os_Retabulos_da_Nova_Igreja_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_em_Coimbra ...
Chamamos hoje a atenção dos nossos leitores para uma série de sete entradas, extraídas de uma dissertação que versa o tema em epígrafe.
De assinalar que este trabalho vai para além do mero estudo dos retábulos existentes na Igreja do Mosteiro, sendo complementado não só pela análise do todo da igreja, das razões que levaram D. João IV a determinar a sua construção e ainda por estudos comparativos com outras igrejas.
Nessa análise é, nomeadamente salientado, que o novo mosteiro é construído numa cota mais elevada, em confronto direto com o polo da Universidade, onde o poder régio é reforçado pela presença sistemática do brasão real, tal como acontece na entrada da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova, demarcando o patrocínio do monarca na edificação. O impacto e a monumentalidade do mosteiro na malha urbana de Santa Clara confere à paisagem um equilíbrio de complementaridade com a Alta de Coimbra, sendo já pertencente à representação iconográfica da cidade e atuando como uma espécie de polo de ligação entre as duas colinas, separadas pelo rio mas unidas pela mesma tutela.
O Autor apresentada a localização do conjunto retabular existente.
Reconhecendo o menor conhecimento do público em geral, pelo conjunto retabular do corpo da igreja que na obra se encontra a partir da página 44, será ao mesmo que estas entradas serão dedicadas
Os retábulos que envolvem a nave da igreja de Santa Clara-a-Nova apresentam notória homogeneidade na sua composição que, em comunhão com a perfeita simbiose entre talha e espaço arquitetónico, deixam transparecer singular sensação de conjunto. Os retábulos do corpo da igreja foram executados de raiz para aquele espaço específico, enquadrando-se na perfeição com o campo arquitetónico a eles destinado. … No contrato de encomenda de 1692, lavrado a 28 de Outubro com os mestres entalhadores António Gomes e Domingos Nunes, estipulava-se que se executassem dois retábulos colaterais e nove retábulos laterais … fazendo-se usar de “(…) pao de Castanho130 Cortado em boa talhadia.
Painel de S. Francisco
Relevo da estigmatização de São Francisco de Assis, da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Pormenor. Op. cit., pg. 49.
O primeiro retábulo lateral do lado da epístola corresponde à estigmatização do santo fundador, … é composto pela figura do santo, de frei Leão e de um serafim. Frei Leão encontra-se sentado no canto inferior esquerdo absorvido pela leitura de um livro e ignorando a ação que se desenrola à sua volta. S. Francisco, posicionado no lado direito, estica-se em direção à aparição do serafim envolto em nuvens, que se encontra no canto superior esquerdo, conferindo marcante diagonal na composição. A cena é rodeada de rochas e árvores e, como fundo, apresenta uma paisagem com a representação de casario.
Ambas as figuras vestem hábito franciscano e o serafim é representado cruxificado.
Relevo da estigmatização de São Francisco de Assis, da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Pormenor. Op. cit., pg. 49.
… No retábulo dos estigmas a importância da liberdade do artista na execução da obra, sem se cingir a uma gravura única, permitiu a oportunidade de mostrar a desenvoltura expressa na qualidade técnica. Isto deveu-se à escolha de uma das mais trabalhadas temáticas franciscanas que não ofereceu dúvidas aos imaginários quanto à sua representação.
Painel da visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco
Relevo do painel sem altar localizado no fundo da igreja, do lado da epístola, relativo à visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco. Op. cit., pg. 55
A figura de S. Francisco ganha destaque num segundo retábulo que não consta do contrato inicial mas que, nitidamente, saiu da mesma oficina, reforçando, mais uma vez, o relevante papel da imagem do fundador da ordem. O painel sem altar do lado da epístola que se encontra ao fundo da igreja na parede de separação dos coros, coroa o túmulo de uma “(…) senhora da dinastia de Avis (…)” . O foco principal do relevo dirige o olhar do espectador para o canto inferior direito onde se destacam as figuras de S. Francisco, aureolado e posicionado sobre um pedestal; e do papa Nicolau V, ajoelhado a seus pés, ricamente vestido e fazendo-se acompanhar da tiara papal que jaz no chão.
Relevo do painel relativo à visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco, pormenor. Op. cit., pg. 55
Num segundo plano e a rodear a cena principal quatro figuras posicionam-se em composição triangular em direção ao canto superior esquerdo do painel, equilibrando a composição e conferindo uma diagonal realçada pelo contraste com a verticalidade e rigidez da figura do santo. Como cenário de fundo, uma parede de pedra com um arco de volta perfeita e uma porta encerram o espaço principal onde se desenrola a cena, iluminada por um candeeiro. No canto superior esquerdo encontra-se uma inscrição onde se lê: FVNERIS S FRANCISCI / PERMIRA CONSTITVT). Na edícula que remata o painel, gravaram-se os símbolos representativos de S. Francisco expostos sobre uma cabeça de anjo alada centrada numa nuvem. Mais uma vez, usou-se a representação dos dois braços cruzados com chagas mas acrescentou-se a Cruz de Cristo.
Carvalho A. R. A. Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. 2015. Edição da Universidade de Coimbra. Acedida em https://www.academia.edu/23902176/Os_Retabulos_da_Nova_Igreja_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_em_Coimbra ...
É já depois de amanhã, 6.ª feira, dia 24 de fevereiro, pelas 18:00 que irá decorrer na Sala D. João III, no Arquivo da Universidade de Coimbra, a segunda sessão de 2023 do ciclo Conversas Abertas.
O tema da palestra, tantas vezes e infelizmente menosprezado pela intelectualidade, aborda a importância da cultura popular, raiz da nossa identidade, e tem por título, A importância da pesquisa e da recolha direta no trabalho de um grupo de folclore.
O palestrante será o Professor Doutor António José dos Santos Gabriel que para além da sua carreira universitária, tem uma assumida paixão pela cultura popular, sendo hoje uma figura de referência no meio folclórico.
A entrada, como sempre, é livre e após a apresentação do tema segue-se um tempo de debate.
Agradecemos a sua participação e a ajuda na divulgação do evento.
PRÓXIMAS SESSÕES DAS CONVERSAS ABERTAS
Tema: As terras do aro de Coimbra e o seu relacionamento com o município coimbrão.
PALESTRANTE: Dr.ª PAULA FRANÇA, Arquivo Histórico Municipal de Coimbra
Tema: Igreja de Santo António dos Olivais: de ermitério à realidade atual.
PALESTRANTE: Doutora REGINA ANACLETO, Prof.ª Jubilada da FLUC
Tema: O Castelo de Coimbra
PALESTRANTE: Arq.ª ISABEL ANJINHO
Tema: A Escola Tipográfica da Imprensa da Universidade de Coimbra.
PALESTRANTE: Dr.s ANA MARIA BANDEIRA e ILÍDIO BARBOSA PEREIRA, Arquivo da Universidade de Coimbra
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Auto de Entrega, capa
Auto de Entrega. Original do documento
Auto de Entrega. Original do documento, folhas das assinaturas
As imagens são complementadas pelo seguinte texto.
Após a Grande Guerra de 1914-1918 vão surgir nos vários países europeus Comissões de Cidadãos que irão erigir 𝗠𝗼𝗻𝘂𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼𝘀 𝗮𝗼𝘀 𝗠𝗼𝗿𝘁𝗼𝘀 𝗲𝗺 𝗖𝗼𝗺𝗯𝗮𝘁𝗲 𝗽𝗲𝗹𝗮 𝗟𝗶𝗯𝗲𝗿𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗲 𝗽𝗲𝗹𝗮 𝗣𝗮𝘇 𝗻𝗼 𝗠𝘂𝗻𝗱𝗼.
Em Portugal nas décadas de 20 e 30 do século XX, vamos assistir a várias dessas iniciativas, em várias cidades e vilas honrando o sacrifício dessas pessoas pela comunidade.
Em Coimbra, em meados de 1923, é organizada uma Comissão composta por elementos militares e civis a fim de angariar donativos para a execução de um monumento à memória dos militares mortos na Grande Guerra, naturais da cidade e concelho.
Em 1928, a Comissão do Monumento aos Mortos Conimbricenses na Grande Guerra apresentou o seu projeto. Pretendiam que a edificação fosse na Praça da República.
Todavia, vai surgir alguma polémica quanto a esta localização. Só em 1929 se aprovou, em Câmara, a planta do monumento a erigir aos Mortos da Grande Guerra, sendo a localização no jardim da Avenida Sá da Bandeira, frente à antiga instalação da Inspeção de Incêndios, atual edifício da Polícia Municipal, onde ainda hoje se encontra.
𝐎 𝐌𝐨𝐧𝐮𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐚𝐨𝐬 𝐌𝐨𝐫𝐭𝐨𝐬 𝐂𝐨𝐧𝐢𝐦𝐛𝐫𝐢𝐜𝐞𝐧𝐬𝐞𝐬 𝐝𝐚 𝐆𝐫𝐚𝐧𝐝𝐞 𝐆𝐮𝐞𝐫𝐫𝐚 𝐞𝐱𝐢𝐬𝐭𝐞 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐦, 𝐧𝐚 𝐀𝐯𝐞𝐧𝐢𝐝𝐚 𝐒𝐚́ 𝐝𝐚 𝐁𝐚𝐧𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚, 𝐝𝐞𝐬𝐝𝐞 𝟏𝟗𝟑𝟐.
AHMC, Documento do mês de fevereiro. 2023. Acedido em; www.facebook.com/arquivohistoricocoimbra.
Quadros de Pedra
A Leitura e A Escrita. A inspiração e a Criação: relevos da entrada principal e da entrada da biblioteca pela mão de Numídico Bessone.
Observemos, pois, os quadros esculpidos na técnica do baixo-relevo: dois na entrada principal e outros tantos na entrada secundária, no vestíbulo mais inferior.
…. Para a entrada menor da faculdade de Letras … figuram-se duas das atividades mais caras a uma Faculdade de Letras; atividades essas cuja evocação junto à biblioteca seria, obviamente, de grande pertinência. Trata-se da representação da «Leitura» e da «Escrita».
A Leitura é um ato abstrato; a sua concretização é a própria ação de a efetuar, o próprio ato de ler.
A Leitura. Op. cit., pg. 164
Uma figura masculina, vigorosa nos seus músculos, segura um rolo de papel para onde olha: está a ler – é a imagem da leitura.
A outra, que lhe está em paralelo, é-lhe semelhante; difere apenas por na mão direita segurar um material escrevente – é a alegoria da «escrita».
A Escrita. Op. cit., pg. 165
As figuras cinzeladas sobre o granito, mais do que gémeas, parecem ser a mesma. diz que estes homens são “figuração invertida um do outro”.
…. As esculturas da entrada principal, do mesmo autor, embora também vigorosas, são menos rudes que as da portaria da subcave. Talvez para este facto tenha contribuído o próprio tipo de pedra em que foram fabricadas: vidraço banana, pedra calcária, que é por natureza (inclusivamente pela valoração da sua coloração mais alva) mais delicada que o duro e áspero granito das esculturas do piso inferior. Todavia não é apenas este o motivo para a sensação de maior leveza, pois a própria forma de representar, nos quadros escultóricos do piso nobre, se aligeirou.
…. Parece tratar-se também, do mesmo indivíduo operando ações diversas, mas, como as do piso da cave, ações plenamente complementares. Assim, representam, em nosso entender, a «inspiração» (a ação inventiva) de um lado
A inspiração. Op cit., pg. 167
E, do outro a ação criadora, a «inspiração» ou a «criação»
A criação. Op. cit., pg. 168
…. No primeiro painel relevado, a imagem masculina coloca o dedo indicador direito em paralelo à testa e, da sua mão esquerda, acende-se-lhe uma chama. A alegoria da força da criação faz-se representar com um material riscador (ou uma caneta ou um cinzel) sobre o suporte que a pulcra personagem segura com a mão esquerda. A mão direita levanta-se vigorosamente para sustentar o buril que, junto à cabeça do criador, faz brotar, de forma viril, dois poderosos, imagens do génio criador.
Duarte, M.D. 2003. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Ícone do Poder. Ensaio iconológico da imagética do Estado Novo. Prefácio de Regina Anacleto. Coimbra, Câmara Municipal.
Lição tecida com Imagens de Linha (Tapeçaria da Sala do Conselho da autoria de Guilherme Camarinha).
Esta é uma espécie de joia que se expõe na parede da Sala do Conselho, sala, íntima e nobre, das deliberações dos corpos dirigentes da Faculdade de Letras.
Sala do Conselho da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Op. cit., pg. 129
A técnica que ali se quis utilizar não foi a pintura, mas a tapeçaria … De entre os vários artistas que, nos meados da centúria de Novecentos fizeram cartões para tapeçaria, aparece o que mais trabalhou esta técnica, autor escolhido para progenitor da tapeçaria das Letras: Guilherme Duarte Camarinha.
…. É a representação simbólica que a tapeçaria de Camarinha encerra que mais nos interessa, não obstante o traçado do autor ser manifestamente feliz.
Campo pictórico central da tapeçaria. Op. cit., pg. 137
“Onde o Espírito sopra, acende-se a palavra”, diz a filactéria que preside ao tecido … A chama incendiou todo o painel. O fogo propaga-se em todo o quadro quer de um lado, quer do outro, mas o cromatismo que o autor utilizou confere-lhe bem duas ideias distintas; mais ainda, contraditórias – quer nas cores do «bem» quer nas cores do «mal» – são chamas, fogo vivo que avança e recua para mostrar as cenas representadas; contudo chamas, com formas de arestas vivas, línguas de fogo, imagens do «espírito» que move, «acende» a «palavra».
… A «tela» não termina na representação destes mundos que ladeiam a vista central. Em ambas as extremidades da tapeçaria que, no espaço da Sala do Concelho, ocupam já as paredes laterais, representam-se duas alegorias relacionadas com o espaço do mundo apresentado no lado em que se encontra.
Do lado esquerdo de quem se vira para a tapeçaria, aparecem as figuras identificadas da «Ciência» e da «Arte».
Figuras que ocupam a parede lateral: Ciência e Arte. Op. cit., pg.15.
Do posto em frente, permanecem a «Religião» e a «Filosofia».
Op. cit., pg. 157
Em redor de cada um destes conjuntos de duas figuras, desenha-se uma silhueta, não muito marcada, mas visível, mais uma vez do “infinito” ( ), entrelaçando-se as alegorias como que significando a sua interconexão.
Duarte, M.D. 2003. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Ícone do Poder. Ensaio iconológico da imagética do Estado Novo. Prefácio de Regina Anacleto. Coimbra, Câmara Municipal.
Prosseguindo a sua tão meritória obra de fazer regressar ao nosso convívio livros deslembrados, ligados à nossa Cidade, o antigo estudante coimbrão, Juiz Conselheiro jubilado, Dr. Mário de Araújo Torres, acaba de dar à estampa pela Editora Edições Ex Libris, o livro O Corpo militar Académico de 1808 a 1811. Memórias de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, Fernando José Saraiva Fragoso de Vasconcelos, José Inácio da Rocha Peniz, Alexandre Tomás de Morais Sarmento, José Bonifácio de Andrada e Silva. Recolha de textos, introdução e notas por Mário de Araújo Torres.
Op. cit., capa
Refere Mário Araújo Torres, na contracapa
Op. cit., contracapa
É a presente a primeira vez que é editada em Portugal a obra deste último [Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva], “O Patriotismo Académico”, publicada no Rio de Janeiro em 1812, de que se conhece um único exemplar entre nós (na Biblioteca Nacional de Portugal). Esta obra contém a mais completa relação dos factos ocorridos ao longo das campanhas.
Ainda na contracapa é apresentada a Medalha-insígnia usada pelos estudantes da Universidade e Coimbra que se alistaram no Batalhão Académico do tempo dos franceses.
Op. cit., pormenor da contracapa
São ainda apresentadas duas belas imagens nos fardamentos então usados.
Op. cit., badana da capa
Op. cit., badana da contracapa
Bem como são publicados dois mapas muito relevantes, para conhecermos a importância da participação da academia coimbrã, na defesa da sua Pátria.
Op. cit., pg. 16
Op. cit., pg. 17
Estamos, então, perante mais um trabalho doado a Coimbra, e pago do seu bolso, por Mário Araújo Torres, a quem o Município tarda, inexplicavelmente, a agradecer e a relevar.
Rodrigues Costa
É já no dia 24 de fevereiro, pelas 18:00 que irá decorrer na Sala D. João III, no Arquivo da Universidade de Coimbra, a segunda sessão de 2023 do ciclo Conversas Abertas.
O tema da palestra, tantas vezes e infelizmente menosprezado pela intelectualidade, aborda a importância da cultura popular, raiz da nossa identidade, e tem por título, A importância da pesquisa e da recolha direta no trabalho de um grupo de folclore.
O palestrante será o Professor Doutor António José dos Santos Gabriel que para além da sua carreira universitária, tem uma assumida paixão pela cultura popular, sendo hoje uma figura de referência no meio folclórico.
A entrada, como sempre, é livre e após a apresentação do tema segue-se um tempo de debate.
Agradecemos a sua participação e divulgação.
PRÓXIMAS SESSÕES DAS CONVERSAS ABERTAS
Tema: As terras do aro de Coimbra e o seu relacionamento com o município coimbrão.
PALESTRANTE: Dr.ª PAULA FRANÇA, Arquivo Histórico Municipal de Coimbra
Tema: Igreja de Santo António dos Olivais: de ermitério à realidade atual.
PALESTRANTE: Doutora REGINA ANACLETO, Prof.ª Jubilada da FLUC
Tema: O Castelo de Coimbra
PALESTRANTE: Arq.ª ISABEL ANJINHO
Tema: A Escola Tipográfica da Imprensa da Universidade de Coimbra.
PALESTRANTE: Dr.s ANA MARIA BANDEIRA e ILÍDIO BARBOSA PEREIRA, Arquivo da Universidade de Coimbra
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O Átrio Professor (Frescos do vestíbulo principal).
As duas alegorias que aqui habitam, todavia, resultando de painéis diferentes, unem-se bem através de um traço que, em linha gerais, as aparenta, dando ao local grande homogeneidade pictórica. Na verdade, as obras são de autores diferentes, mas suas cores e até a maneira de distribuir as manchas pintadas, tanto num como noutro painel, se podem fazer equivaler.
… Tomando como guia o deus Cronos (a cronologia), o tema central do painel da parede esquerda (para quem atravessa as portas de fora para dentro) aparece primeiramente exposto na lição. Com efeito, a aula que toma lugar no átrio da Faculdade de Letras desenrola-se em dois tempos, segundo o próprio título dos panéis, a «Alegoria da Antiguidade Clássica» e, depois, do lado direito, a «Alegoria do Génio Português». A autoria artística do primeiro fresco é de Joaquim Rebocho e o autor do segundo painel é Severo Portela Júnior.
Alegoria da Antiguidade Clássica
“Alegoria da Antiguidade Clássica” de Joaquim Rebocho, pintura a fresco de 1951. Op. cit., pg. 63
O exame iconográfico do fresco torna-se muito complexo pela multidão de personagens e de sítios e monumentos desenhados, melhor dito, monumentos citados, que ali, em conjunto, fazem a alegoria à Antiguidade Clássica. Elas são aproximadamente vinte e quatro figuras humanas e estas juntam-se a outras figurações que apontando para variadas situações (cenários, paisagens, lendas, mistérios: enfim, figuração do que é Clássico).
… Porém, a lição que se expõe nas imagens pintadas não é uma mera apresentação de figuras do antigamente. As figuras são ali lisonjeadas, por fazerem parte de uma memória coletiva que é comum, não só à cultura portuguesa, como a toda a cultural ocidental. A lição tem um objetivo claro que terá se ser por nós perscrutado, tendo, por isso, de se olhar o painel de Rebocho por zonas grupais. Assim, surgem logo destacados dois grandes mundos: na metade inferior do campo pictórico, o mundo grego, que na ilharga do lado mais interior da faculdade se prolonga até à zona cimeira, onde o autor «arquitetou» os edifícios da acrópole;
A acrópole ateniense merece uma representação muito fiel. Op. cit., pg. 74.
do lado das portas do edifício, o mundo romano, circunscrito à zona cimeira do fresco.
Alegoria da Glorificação do Génio Português (pintada por Portela Júnior)
Fresco de Severo Portela Júnior, datado de 1951. Op. cit., pg. 86.
O fresco que deste pintor vamos estudar é, na opinião de Jorge Segurado, «um mural de grades dimensões com a figuração dos mais notáveis vultos da cultura portuguesa» e, nas palavras de Fernando Pamplona, «dá-nos uma bela síntese da história da Cultura Portuguesa».
… A tática de representação é semelhante à do outro fresco: recorre-se às figuras mais importantes que evocam os grandes feitos da nação portuguesa. Evocam-se situações que medeiam desde os alvores da nacionalidade, no século XII, até ao século XX. São cerca de oitocentos anos de cronologia através dos acontecimentos que se acharam merecedores de figurarem como ilustrativos de tão alta história. Continuamos, portanto, a projetar o olhar para a História de Portugal.
…. Distinguem-se, à primeira observação, o grupo dos homens ligados à expansão marítima (Infante D. Henrique, João Gonçalves Zarco e Afonsos de Albuquerque).
Os homens escolhidos para figuração das Descobertas. Op. cit., pg. 92
Estamos, agora, em condições de concluir sobre o painel, ou talvez, o retábulo pintado por Severo Portela Júnior… A legenda é mais abrangente; retirada das palavras de Camões, diz «aqueles que por obras valerosas/ se vão da lei da morte libertando». Quem são esses? Todos os que ali estão perpetuados e que, somados, formam a figura da Pátria cujo nome aparece inscrito no fundo do «sacrário» … «São Portugal».
Duarte, M.D. 2003. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Ícone do Poder. Ensaio iconológico da imagética do Estado Novo. Prefácio de Regina Anacleto. Coimbra, Câmara Municipal.
Os Portões: páginas de bronze. (Homero, Gil Vicente, Camões, Antero, Cesário, Nobre, Florbela, Pessoa e Eugénio de Castro).
Houve preocupação notória, por parte dos mentores do projeto, em enobrecer a entrada das faculdades e isto nota-se especialmente na Faculdade de Letras.
… olhemos, de novo, a entrada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e perscrutemos o sentido daquelas “letras” de bronze. A erudição que tem lugar no interior do edifício transpira para o exterior pelos poros da fachada que são os seus portões. Aí se deixa antever um pouco do estudo que toma lugar na Faculdade de Letras. Completamente dedicado à temática da literatura, os portões da Faculdade de Letras exibem páginas (em imagens) das obras de Homero, Gil Vicente, Camões, Antero de Quental, Florbela Espanca, Cesário Verde, Eugénio de Castro, António Nobre e Fernando Pessoa.
Os Autores dos relevos que citam episódios das obras dos escritores que acabámos de enumerar são discípulos e Barata Feyo, alunos da Escola Superior das Belas-Artes do Porto: Maria Alice Gomes Pereira, Olívio Machado França, Joaquim Barbosa e Manuel Vigário.
… O primeiro portão dedicado a Mestre Gil Vicente, exibe [para além de outras] a primeira peça do teatro português: o “Monólogo do Vaqueiro” de 1502.
Portão dedicado a Mestre Gil Vicente. Op. cit., pg. 51
De regresso ao Mundo Antigo, de Homero, não temos dúvidas na identificação das cenas representadas nos portões que ladeiam a porta mais ao centro: fomos encontrá-las a todas na “Odisseia”
Portão dedicado a Homero. 1. Op. cit., 52
Portão dedicado a Homero. 2 Op. cit., 54
O painel central é o que oferece maiores dúvidas e, como diria Nuno Rosmaninho, admitimos que os seus relevos se tratem de “súmulas interpretativas de cada um dos poetas”, da obra dos poetas ou de algum passo da obra desses poetas.
Portão dedicado aos Poetas Contemporâneos. Op. cit., 53
O último portão é dedicado ao Poeta de Portugal por excelência, Luís Vaz de Camões. É tratado, quer na sua obra épica, quer na sua escrita lírica.
Portão dedicado a Camões, pg. Op. cit., pg. 55
Os autores dos relevos estudaram bastante para representarem as obras: leram-nas e colheram informações sobre elas. Quando dizemos autores, poderemos querer referir-nos aos seus mentores pois não sabemos se a obra foi idealizada apenas pelo arquiteto ou também, e com certeza que isto terá acontecido, pelo diretor da Escola de Escultura do Porto e, ainda, pelos escultores que, não teremos motivações para duvidar de Barata Feyo, contribuíram para que a obra “resultasse feliz”.
Duarte, M.D. 2003. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Ícone do Poder. Ensaio iconológico da imagética do Estado Novo. Prefácio de Regina Anacleto. Coimbra, Câmara Municipal.
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