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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 24.11.22

Coimbra: Museu dos Transportes Urbanos. Reflexões 2

Na anterior entrada referimos o recente trabalho do Professor Doutor José Amado Mendes, intitulado O património industrial e os museus: que relação?

Vamos seguir esse texto, a fim de compreender o que se entende por património industrial.

O património industrial é um novo bem cultural e um dos patrimónios emergentes. A sua grande relevância corresponde ao significado dos fenómenos históricos a que está indissociavelmente ligado, isto é, a Revolução Industrial, o processo de industrialização e o desenvolvimento da tecnologia.

O património que nos foi legado pela industrialização é imenso … A sua diversidade é enorme e passa, entre outras, pelas seguintes modalidades: estruturas… equipamentos … aquivos, fotografias e relatos orais … meios de transportes e comunicações.

Álvarez Areces: «A arqueologia industrial como matéria que estuda, investiga e defende a preservação do património industrial está-se convertendo num movimento cultural e social que amplia, dia a dia, o marco estrito de uma disciplina académica»

O património industrial tem dado um excelente contributo à museologia, em especial à chamada nova museologia, intimamente associada à profunda renovação dos museus, à “criatividade renovada”, iniciada nos anos de 1970 e que se acelerou na década de 1980.

Texto que é ilustrado com as seguintes imagens.

O património industrial e os museus, pg. 68.png

Op. cit. Pg. 68

O património industrial e os museus, pg. 69.pngOp. cit., pg. 69

O património industrial e os museus, pg. 70.pngOp. cit., pg. 70

O Autor prossegue para, no final do artigo, apresentar as seguintes conclusões:

A evolução política, socioeconómica e cultual das comunidades, desde meados do século XX, induziu os decisores, investigadores, professores e agentes culturais a prestarem mais atenção aos vestígios e testemunhos do desenvolvimento económico, ao longo do tempo. Consequentemente, a noção de património cultural ampliou-se de forma significativa, passando a englobar novos aspetos da realidade, de entre os quais se tem destacado exatamente o património industrial.

… Simultaneamente com a valorização e preservação do dito património industrial foi criada, a partir dos anos de 1950, um novo “território” de pesquisa e ensino-aprendizagem, a Arqueologia Industrial. Esta, cujo objeto é precisamente o mencionado património industrial, tem por função o estudo e divulgação, bem como a sua salvaguarda, requalificação e reutilização de bens culturais de índole industrial, no sentido genérico da expressão e sem restrições cronológicas rígidas.

As repercussões desse novo olhar para os bens culturais de índole industrial fizeram-se sentir, por exemplo, no mundo académico – investigação, ensino-aprendizagem e publicações especializadas –, no turismo, especialmente no turismo cultural, e nas políticas e estratégias de gestão cultural, urbanística e ambiental.

No âmbito da museologia – sobretudo na “nova museologia” – os efeitos foram de grande monta e muito contribuíram para a criação ou atualização de elevado número de instituições museológicas, designadamente museus, ecomuseus e centros de interpretação. Em muitas circunstâncias, tem-se também optado pela musealização e preservação in situ de ambientes industriais, mineiras ou relacionados com os transportes e comunicações.

Importa reter esta conclusão e, pensamos, as fotografias que seguidamente publicamos encontram-se em consonância com os conceitos atrás enunciados.

A primeira mostra as primitivas instalações, onde, na Rua da Alegria, os elétricos eram reparados e, inicialmente, guardados.

Primitiva oficina e recolha dos elétricos, nas in

Primitiva oficina e recolha dos elétricos, nas instalações da R. da Alegria

A segunda apresenta a fachada exterior dessas mesmas instalações, quando ali funcionava o Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra.

Museu dos Transportes, exterior.jpg

Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra, exterior

Por último, reproduz-se um pequeno desdobrável do Museu, então elaborado.

Museu Transp Urbanos Coimbra 1.jpg

Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra, desdobrável. Col. Vítor Rochete

Tudo o que ficou dito permite-nos colocar uma questão: a musealização e a preservação dos carros elétricos e da oficina onde eles eram reparados “in situ” é, ou não adequada? Tanto uns, como a outra, fazem parte do património histórico da cidade.

A resposta é, para nós, óbvia.

Rodrigues Costa

Mendes, J.A. 2022. O património industrial e os museus: que relação? In: Revista Memória em Rede, Pelotas, v.14, n.27, Jul/Dez 2022. Pg. 59-84.

 

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por Rodrigues Costa às 10:31


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