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A Paróquia de S. José editou uma muito interessante pagela dedicada à estatuária ali existente de onde retiramos as imagens que ilustram esta entrada.
Rosto da pagela
As obras, datadas de 1961, são da autoria de Maria Amélia Carvalheira.
Via Sacra, N.ª Senhora e S José
Esculturas em pedra, com influência do clássico, equilibradas, sóbrias e respeitando o material usado, da autoria de Maria Amélia Carvalheira, artista de arte sacra imbuída dos pergaminhos, que identificam a indiscutível capacidade criativa da escultora e a robustez e qualidade da sua extraordinária obra.
Obra que incute um silêncio de fé amadurecida e acolhedora das formas da tradição, com expressão própria e que revela grande seriedade criativa.
O seu conjunto constitui uma referência da arte sacra do século XX em Coimbra e no país.
Imagem de Nossa Senhora
Imagem de Nossa Senhora, pormenor
A imagem de Nossa Senhora é, em particular, reconhecida pela sua expressão e invulgar beleza. Grandiosa na expressiva contemplação que ressalta do seu rosto, na atitude de oração e na simplicidade.
José e o Menino Jesus
José e o Menino Jesus, pormenor
São José impõe na estrutura imagética que o identifica, um rosto de pai carinhoso, impregnado da serenidade de homem santo, contemplativo na transcendência que o fortalece, e abrigando no seu manto o Menino.
I. Jesus é condenado à morte por Pilatos
XII. Jesus morre na cruz
O conjunto de esculturas representativas da Via-Sacra mostra o caminho doloroso de Cristo a caminho do Calvário. Cada quadro documenta de forma impressionante, o sofrimento, a dor, a blasfémia, o aviltante desprezo da dignidade humana, a coragem a resignação, a mística humildade e a grandeza
do Salvador.
Algumas revestidas de movimento. Outras adornadas com a iconografia que preside a uma época e que respeitam a tradição bíblica.
Autoria: Maria Amélia Carvalheira
Maria Amélia Carvalheira, nasceu em Gondarém, Vila Nova de Cerveira, em 5 de Setembro de 1904. Faleceu em Lisboa no dia 31 de Dezembro de 1998, com 94 anos.
Imagem acedida em: https://www.facebook.com/MariaAmeliaCarvalheira/photos.
Escultora de Arte Sacra, com uma vasta, notável e diversificada produção artística que distribui por quase todo o país e estrangeiro. Em Fátima possui um vasto espólio.
Perpassa na sua obra uma “fé amadurecida e acolhedora das formas da tradição ... criando esculturas de grande seriedade … atenta a verdades do reino intemporal''. "A figura de Maria, Mãe de Jesus ... ocupa um lugar de honra nas suas manifestações artísticas".
Entre os prémios recebidos sobressaem: a Condecoração da Santa Sé "Pro Eclesia et Pontificie" e o "Grau de Comendadora da Ordem de Mérito" de Portugal.
Igreja Paroquial de S. José. N.ª Senhora, S. José e o Menino e Via Sacra. 2012. Coimbra, Gráfica de Coimbra, Ld.ª
Acerca da Casa de Sub-ripas ainda há poucos anos alguns caturras teimavam a favor da lenda que pusera dentro das suas paredes a tragédia do D. Maria Telles — morta ás mãos do marido por intrigas da irmã rainha.
Rainha D. Leonor Teles, a origem da intriga. Imagem acedida em https://www.google.pt/search?q=leonor+teles
O resultado da intriga. Imagem acedida em http://invitaminerva45.blogspot.com/2017/07/estorias-curiosas-da-nossa-historia-2.html
Isto, apesar de tal invenção estar claramente destruída desde 1871, com a publicação ou aproximação de certas datas históricas e documentos. Entre outros podem ver-se os artigos e cartas publicadas nos n.os 2526, 2527 e 2530 do Conimbricense daquele ano, por J. Martins de Carvalho, Miguel Osório, Senhor das Lágrimas, e Dr. Filipe Simões. Nem mesmo valeria a pena discutir o caso, se não estivéssemos num país onde quase toda a gente prefere seguir e repetir o que ouve a investigar e a refletir por conta própria.
Assim, sempre enfileiro aqui os argumentos que minaram a ingénua invenção.
Em primeiro lugar: da leitura da passagem de Fernão Lopes [Chronica de El-rei D. Fernando – Tomo IV da coleção de livros inéditos de história portuguesa.... pag. 350 a 354] invocada como fundamento da lenda — infere-se exatamente o contrário do que queriam aqueles caturras; pois o pai da nossa história muito positivamente indica como teatro da tragédia uma casa próxima á igreja de S. Bartolomeu — igreja situada no mesmo local onde existe a atual, constituída em 1756. Pertencia essa casa a um homem nobre, de nome Álvaro Fernandes de Carvalho.
— Depois: seguindo Fernão Lopes, também Frei Manuel dos Santos na «Monarchia Lusitana» refere o facto como passado na freguesia ou arrabalde de S. Bartolomeu.
— Há mais: porque é que António Coelho Gasco— escritor do século XVII, autor da Conquista, antiguidade e nobreza da mui insigne e Ínclita cidade de Coimbra —nada menciona do facto? Certamente por estarem já no seu tempo arrasadas ou irreconhecíveis as casas de Álvaro de Carvalho. Mas se a tragédia se tivesse dado na Casa de Sub-ripas ele aí tinha o teatro do crime — e não passaria em silêncio tão importante acontecimento.
— Ainda: nos pergaminhos e papéis do arquivo dos Perestrellos —proprietários históricos das casas de Sub-ripas até há poucos anos — nada apareceu, entre documentos referentes a estas casas, que desse o caso como acontecido nas suas moradas.
Não faço, nesta altura, pesar a circunstância de ver dado como acontecido numa casa quinhentista um facto pertencente ao século XIV; pois os defensores da lenda explicavam: que a casa existente fora levantada sobre as ruínas da casa ou torre do crime. Mas a isto responde-se: no século XVI, mercê de vida nacional mais pacífica e das novas condições da cidade, já podiam ser abandonadas partes da muralhas com as torres — como de resto o prova o documento da doação a João Vaz; enquanto que nos tempos precários — tão abrolhados de perigos o surpresas — do reinado de D. Fernando I não podia estar ainda desprezada a muralha de Coimbra, e convertidas as suas torres do vigia em aposentadorias de princesas.
Este argumento de boa razão fortalece os que nos fornecem os documentos.
Para mais — a lenda é de origem relativamente recente, e nenhum dos escritores que a adotaram o fez como historiador. Sorria-lhes á fantasia.
Mas não há remédio senão passar sem ela.
O interesse que nos merece a Casa de Sub-ripas em nada diminuirá, de resto, por termos afugentado dos seus desvãos e terraços o fantasma da linda e branca Maria Telles, imolada a golpes de bulhão, pelo filho da outra mísera e mesquinha numa madrugada de novembro de 1379.
Coimbra. 25 de março do 1906.
Manuel da Silva Gayo
Gaio, M.S. Palácios, castelos e solares de Portugal. IV – A casa de sub-Ripas, In “Illustração Portugueza”, 9, Primeiro semestre, 2.ª série. Lisboa, 1906, p. 265-272.
Por razões de agenda, no corrente mês de maio, a iniciativa do blogue “A’Cerca de Coimbra”, com o apoio do Arquivo da Universidade de Coimbra e do Clube de Comunicação Social e que tem vindo a decorrer na Sala D. João III do Arquivo da Universidade de Coimbra, terá duas sessões.
A primeira decorrerá no dia 13 de maio, às18h00, com entrada livre, até ao limite da lotação e decorrerá no formato habitual, ou seja, intervenção inicial da Palestrante, seguida de período aberto à participação dos assistentes
Matricula de Antero de Quental
A palestrante será a Dr.ª Berta Duarte que abordará o tema “Judeus de Coimbra”.
A “Judiaria Velha” foi, ao longo da Idade Média, uma das mais importantes no território nacional, ocupando uma parcela considerável da área urbana e detendo os equipamentos considerados prioritários para as comunidades – os Banhos de Purificação, o Cemitério e a Sinagoga.
A presença de Judeus em Coimbra atravessou tempos em que a coexistência com os cristãos, grupo maioritário na sociedade, foi relativamente pacífica, mas outros tempos vieram, de intolerância, que a custo permitiram a mera sobrevivência.
Solicito e agradeço a divulgação desta iniciativa.
Com o obrigado do
Rodrigues Costa (responsável pelo blogue “A’Cerca de Coimbra”)
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