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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 31.03.22

Coimbra: António Nobre, aluno da Universidade 1

Carlos Santarém Andrade organizou há alguns anos uma série de percursos que intitulou Passear na Literatura, tendo elaborado, para cada um, textos ilustrados que merecem ser relembrados. Recordamos o percurso dedicado a António Nobre.

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Passear na Literatura. António Nobre, capa

«Vem a Coimbra. Hás-de gostar, sim meu amigo.

Vamos! Dá-me o teu braço e vem daí comigo.»

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Passear na Literatura. António Nobre, pormenor de capa

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Passear na Literatura. António Nobre, contracapa

Em Outubro de 1888, após a pacatez das férias, Coimbra retoma o seu bulício característico, com o regresso às aulas e a chegada de novos alunos que vêm frequentar a Universidade. Entre eles está António Nobre, que vem cursar Direito.

Instala-se numa casa junto ao Penedo da Saudade, então fora do perímetro urbano, de cuja janela disfruta a bucólica paisagem a que o Penedo é sobranceiro, cuja amplidão recortada de quintas e olivais contrasta com o estreito emaranhado das ruas da cidade.

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“O Penedo da Saudade é, na verdade, o único sítio em que se podia viver: à janela do meu quarto, que dá para as bandas de onde nasce o sol, passo eu infinitos segundos meditando  na minha vida que é ainda mais triste do que eu.”

Carta Augusto de Castro, 18 Outubro 1888

As duras praxes estudantis, o tédio das aulas, o rigor universitário, são para o poeta uma amarga experiência:

«Hoje, mais nada tenho que esta

Vida claustral, bacharelálica, funesta,

Numa cidade assim, cheirando, essa indecente,

Por toda a parte, desde a Alta à Baixa, a tente

E ao pôr do Sol, no Cais, contemplando o Mondego,

Honestos bacharéis são postos em sossego

E mal a cabra bala aos ventos os seus ais,

“Speech" de quarto de hora em palavras iguais,

Os tristes bacharéis recolhem às herdades,

Como na sua aldeia, ao baterem as Trindades.»

Mas o fascínio da cidade não o pode deixar indiferente:

«Contudo, em meio desta fútil coimbrice,

Que lindas coisas a lendária Coimbra encerra!

Que paisagem lunar que é a mais doce da Terra!

Que extraordinárias e medievas raparigas!

E o rio? e as fontes? e as fogueiras? e as cantigas?»

E, depois, há ainda os amigos:

«O que, ainda mais, nesta Coimbra de salgueiros

Me vale, são os meus alegres companheiros

De casa. Ao pé deles é sempre meio-dia:

Para isso basta entrar o Mário da Anadia.

Até a morte é branca e a Tristeza vermelha

 E riem-se os rasgões desta batina velha!»

E, para quebrar a “vida claustral”, nada como os passeios pelos arrabaldes:

«Manuel, vamos por aí fora

Lavar a alma, furtar beijos, colher flores,

Por esses doces, religiosos arredores,

Que vistos uma vez, ah! não se esquecem mais:

Torres, Condeixa, Santo António dos Olivais,

Lorvão, Cernache, Nazaré, Tentúgal, Celas!

Sítios sem par! onde há paisagens como aquelas?

Santos lugares onde jaz meu coração,

Cada um é para mim uma recordação…»

Andrade, C.S. Passear na Literatura. António Nobre. S/d. Coimbra, Câmara Municipal

 

 

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por Rodrigues Costa às 10:15

Terça-feira, 29.03.22

Coimbra: Eiras nos Finais do Século XVIII

O estudo agora apresentado resultou na sua essência da dissertação de mestrado que defendemos em julho de 2003. No entanto, investigações desenvolvidas posteriormente permitiram-nos abordar alguns temas que não teriam cabimento num trabalho com objetivos estritamente académicos.

A comunidade que será objeto deste estudo situa-se em plena região centro, sendo desde 1836 uma das freguesias do concelho de Coimbra. Contudo, durante muitos séculos a sua identidade estruturou-se em moldes bem diferentes – vila e sede de um concelho que integrava o termo de Coimbra (que detinha a jurisdição crime), mas possuindo autonomia no cível (que pertencia ao donatário de Eiras, o Mosteiro de Celas de Coimbra).

Eiras situa-se a cerca de 5 km de Coimbra. Uma légua a ser percorrida por todos aqueles que deixavam a cidade da margem do Mondego em direção a Norte, a uma pequena vila, de cerca de 100 fogos. A paisagem é marcada pela sua posição na fronteira entre as terras do campo e as terras do monte, entre as férteis planícies do Bolão e as serranias que se desenham no horizonte, como a de Luzouro, Espinhaço do Cão ou a da Aveleira.

… No século XVIII, o elemento que dominava a paisagem era, sem dúvida, a água.

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Fonte de Eiras

 … A importância da água para a rega, para acionar as inúmeras azenhas que permitem moer o cereal ou fazer o azeite levaram as senhoras de Eiras, as freiras do mosteiro de Celas, a defender de forma inequívoca as linhas de águas que atravessavam o seu domínio territorial e jurisdicional. O seu interesse pela água, especialmente pela preservação dos caudais, prendia-se com o facto das monjas de Celas deterem o monopólio da utilização dos lagares. A água era essencial, não só para acionar as estruturas de moagem como para o próprio processo de elaboração do azeite.

… O primeiro desses poderes estruturantes é o senhorial. Eiras pertencia a um dos muitos donatários que dividiam entre si o termo coimbrão – o mosteiro de Celas. O Mosteiro há muito implantado no burgo de Celas estabeleceu ligação com o lugar de Eiras em 14 de abril de 1306 quando o rei D. Dinis escambou com as freiras de Celas a terça parte da vila de Aveiro pela aldeia de Eiras e padroado da sua igreja. – “[…] a qual aldeia [Eiras] eu a vos dou e outorgo em escambo com entradas e saidas e com montes e com valles rotos e por romper pastos, e com matos e com todollas outras couzas que a dita aldea pertencem asi commo eu milhor ouvo, e com todos os direitos que eu hi ey e de direito devo aver e com o padroado da Igreja deste lugar d’ Eiras […]”. Este escambo e a consequente posse de Eiras acabaram por ser sucessivamente confirmados por outros monarcas portugueses.

… Assim, enquanto donatárias, e decorrente dos seus direitos jurisdicionais e de padroado, as freiras de Santa Maria de Celas recolhiam em Eiras e seu limite um vasto conjunto de direitos senhoriais, consagrados em foral e transcritos, através do testemunho das gentes de Eiras, no tombo de 1740. … O foral de Eiras terá tido a sua origem no reinado de D. João I.

 …  Os limites de uma paróquia de Antigo Regime eram construídos sobre um mapa cujas fronteiras não se materializavam em marcos ou divisórias como acontecia com os limites senhoriais ou concelhios.

O seu centro era a igreja (edifício de culto e local de enterramento dos mortos), os seus limites eram os da obrigação dos sacramentos que uniam um conjunto mais ou menos vasto de pessoas e o seu mapa os róis de confessados que o pároco redigia a cada Quaresma.

Eiras. Igreja Matriz de Eiras.jpgIgreja Matriz de Eiras. Imagem acedida em https://www.allaboutportugal.pt/pt/coimbra/monumentos/igreja-matriz-de-eiras-3

A paróquia de Santiago de Eiras era vigararia da apresentação do Mosteiro de Celas. Tinha uma área de cerca de 9 Km que incluía a vila, onde se situava a igreja matriz, os lugares de Casais de Eiras, Vilarinho, Murtal, Escravote, Carvalho e Redonda – lugares que pertenciam ao domínio senhorial de Celas, mas também a outros senhorios como é o caso do Murtal ou dos de Casais de Eiras.

O lugar de Vilarinho dividia-se pelas freguesias de Eiras e Brasfemes, sendo os dízimos aí recolhidos divididos pelas duas paróquias.

… Um outro poder que se materializava no espaço era o municipal. A vila de Eiras era um concelho constituído por uma câmara Municipal, com um juiz ordinário, um juiz do crime, dois vereadores, um procurador do concelho, dois almotacés e um escrivão da câmara proprietário do ofício. O juiz ordinário, os vereadores e o procurador da câmara eram eleitos anualmente através de um processo que as atas da câmara de Eiras descrevem com clareza – “[…] sendo presente o dito cofre fixado com tres chaves e sendo aberto […] se achou huma saca dobrada e cozida com bolinhas brancas e lacradas com lacre preto e sendo assim achada a dita saca ou bolsa de pelouros e aberta dentro della se acharam tres pelouros ou bolas de sera e sendo tirada hum dos ditos tres pelouros se achava dentro delle um bilhete embrochado o qual sendo aberto nelle se achavam nomeados os oficiais que serviriam […]”. No que toca ao juiz do crime o processo de eleição era diferente, uma vez que a jurisdição crime pertencia a Coimbra. Assim, o concelho de Eiras apenas poderia indicar três nomes que seriam enviados à câmara de Coimbra que, por sua vez, nomearia o juiz que exerceria o mandato no ano seguinte.

Para além destes cargos e ofícios, detetámos ainda a presença de Almotacés. Estes oficiais exerciam a sua atividade de fiscalização económica em pares que eram eleitos de dois em dois meses a partir de uma pauta estabelecida no início do mandato das justiças desse ano.

Ribeiro, A. I. S. 2005. A Comunidade de Eiras nos Finais do Século XVIII. Estruturas, Redes e Dinâmicas Sociais. Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

 

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por Rodrigues Costa às 21:44

Quinta-feira, 24.03.22

Coimbra: Monsenhor Nunes Pereira 5

Alguns traços para o perfil de Monsenhor Nunes Pereira (conclusão)

 E o Padre Doutor António de Jesus Ramos continua a escrever:

Não é possível, nem eu o pretendo, fazer um catálogo completo de todas as peças artísticas de Monsenhor Nunes Pereira. Muitas foram vistas em exposições coletivas e individuais, em Coimbra, Lisboa, Faro, nos Açores, no Brasil, em Espanha, França e Luxemburgo. Outras estão espalhadas por dezenas de igrejas de norte a sul do país, em retábulos, vias-sacras, painéis e vitrais.

 

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Sem título. Fotografia José Maria Pimentel. Op. Cit., pg.102

 "Sou eu mais o caderno,

Meu chapéu, minha bengala:

Já é meu hábito eterno

Duma rua fazer sala" (Nunes Pereira)

Algumas integram coleções particulares, havendo dezenas de famílias que se orgulham de ter uma "ceia" xilogravada por Nunes Pereira a presidir às refeições nas suas salas de jantar.

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Ceia. Nunes Pereira. Coleção Particular

Outras, felizmente, estão agora, na galeria criada no Seminário, onde podem ser apreciadas por todos quantos o desejarem.

Não é possível, porém, deixar de referir algumas das obras mais significativas do artista. Se quisermos apreciar os seus vitrais temos de sair da cidade, (aqui apenas se pode ver um belo painel figurando Jesus a curar um doente, na pequena capela da Clínica de Santa Filomena) e prestar atenção, porque muitos deles não estão assinados. Vila de Rei, Domes, Paleão, Senhora do Mont'Alto, em Arganil, e Ponte de Sótão são alguns dos lugares com vitrais de Nunes Pereira. Mas os mais significativos, podemos admirá-los nas igrejas de Carnide, (um profeta Elias monumental), e de Cardigos, onde o artista descreve, nas janelas do templo, as principais cenas da História da Salvação.

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Vitral da Ressurreição da Igreja de S. José. Nunes Pereira. In: Duarte, M.D. O vitral de Ressurreição da igreja paroquial de São José de Coimbra. Exegese iconográfica da última obra de Augusto Nunes Pereira, Coimbra, Gráfica de Coimbra, L.da, 2004. da Ressurreição da Igreja de S. José. Nunes Pereira. Acedido em https://www.facebook.com/paroquia.saojose     

Vias-sacras xilogravadas podemos encontrá-las, por exemplo, em Nossa Senhora de Lurdes e na capela do Colégio de São Teotónio, em Coimbra, ou nas igrejas do Vidual e de Colmeias; em ferro forjado em Ponte de Sótão e "Pombal"; e em ferro forjado e mosaico de vidro na Serra da Marofa, (Castelo Rodrigo), e em Miranda do Corvo.

Entre as centenas de xilogravuras seja-me permitido destacar, pela sua beleza e dimensões a "Última Ceia" no refeitório do Seminário de Coimbra, o "Baptismo de Jesus" na igreja de São Caetano, "São Lourenço distribuindo esmolas" em Bustos, "O Encontro de Jesus com Nicodemos", na residência paroquial de São José, "Santo António nas quatro igrejas por onde passou", em Pádua, "Anunciação", "Assunção”, “O Milagre de Caná". na capela de Erada, (Covilhã). De temática diferente são as vinte e cinco tábuas que, só por si, passam a merecer uma demorada visita à galeria instalada no Seminário de Coimbra. Refiro-me aos “Contos de Fajão” que, antes do mais são um precioso contributo para quem no futuro, pretenda estudar a história do trajo, da alimentação, dos métodos agrícolas, do modo de convívio e dos demais costumes das gentes da Beira-Serra entre os séculos XIX e XX.

Há porém, outro aspeto que não pode deixe de ser aqui referido por me parecer fundamental: perante qualquer destes trabalhos, não precisamos de ler a assinatura do seu autor. Mal os observamos dizemos de imediato é Nunes Pereira.

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Sem título, em calhau rolado. Nunes Pereira. Op. Cit., pg. 207

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Sem título, em pedaço de tronco. Nunes Pereira. Op. Cit., pg. 208

É este, de resto, o pormenor que distingue o comum dos artistas, dos artistas de eleição – estes não precisam de assinar as suas obras para as identificarmos de imediato como sendo de EI Greco, de Rubens, de Columbano ou de Nunes Pereira.

Bastava o que fica dito para consideramos Nunes Pereira como um dos maiores artistas conimbricenses da segunda metade do século XX. Mas é muito mais, imensamente mais, o que fica por dizer da sua atividade como investigador, (lembre-se o seu magnífico estudo "Do cadeiral de Santa Cruz"), como arqueólogo, (é sócio da Associação dos Arqueólogos Portugueses e não devem ser esquecidos os seus trabalhos arqueológicos em Coja, sobre a "Pedra Letreira" no concelho de Góis ou as escavações que identificaram a primitiva igreja de São Bartolomeu), como etnólogo ou como historiador da Arte -Sacra.

Nunes Pereira é também e justamente apreciado como poeta, com várias obras publicadas, a primeira quando tinha 29 anos, e a mais recente no dia preciso em que completou 90 anos de vida, a 3 de Dezembro de 1997. Do primeiro livro de versos -"Da terra e do céu" - escreveu o poeta António Correia de Oliveira: "O que no seu poema comove e domina é a ternura, a doçura, a simplicidade, o sobrenatural e a natureza. Francisco e Clara gostariam de ler grande parte das suas líricas, em certas tardes de Porciúncula". Do mais recente - "Sopa de Pedra" - escrevi eu, na nota que lhe serve de prefácio, que se trata, uma vez mais, do regresso às raízes: "pode afirmar-se que o itinerário traçado começa e termina nos Penedos de Fajão. As excursões a outros lugares, quase sempre pouco demoradas, servem para abrir novos horizontes culturais e artísticos. Nunca se chega a perder, no entanto, o sentido do regresso ao Penedo Portelo, numa fidelidade constante às raízes. É dali, do alto das montanhas, que o poeta contempla e depois, nos descreve um mundo em que a beleza é irmã gémea da simplicidade e a dureza das fragas se transforma como que por encanto, em paraíso terreal, onde os homens vivem ao ritmo natural das horas marcadas por um relógio de sol. O tempo não conta. Conta, sim, a obra feita. Por isso, cada poema de Nunes Pereira é uma pedra do rio da sua infância, que a água límpida foi modelando, pacientemente, até à simplicidade de forma porque a torna naturalmente bela".

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Sem título. Fotografia José Maria Pimentel. Op. Cit., pg.182

É pobre, bem sei, este perfil que aqui vos deixo. Mas está carregado das tintas da muita admiração e da enorme estima que nutro – que todos nutrimos – por este padre exemplar, por este artista de eleição, por este homem bom e simples – Monsenhor Cónego Augusto Nunes Pereira.

Coimbra, 10 de janeiro de 1977.

 Ramos, A. J. Alguns traços para o perfil de Monsenhor Nunes Pereira. In:  Pimentel, J.M. e Oliveira, M.C. 2001. Monsenhor Nunes Pereira. O percurso de uma vida. Coimbra, Edições Minerva.

 

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por Rodrigues Costa às 10:40

Quarta-feira, 23.03.22

Coimbra: Conversas Abertas. Sessão de homenagem a Mons. Nunes Pereira

É já depois de amanhã, dia 25, às 18h00 que serão retomadas as “Conversas Abertas”, iniciativa do blogue “A’Cerca de Coimbra”, com o apoio do Clube de Comunicação Social e do Arquivo da Universidade de Coimbra.

A primeira sessão, bem como as demais deste ciclo, decorrerão na Sala D. João III, do Arquivo da Universidade de Coimbra, com entrada pela Rua de São Pedro n.º 2, parte baixa e traseiras do edifício da Biblioteca Geral da Universidade.

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AUC, escadaria

Na sessão – de entrada livre - que se pretende seja uma singela homenagem ao conimbricense, por opção, que foi Monsenhor Nunes Pereira, será tratado o tema Mons. Nunes Pereira. O homem, o sacerdote e o artista, sendo palestrantes as Senhoras Dr.ªs Virgínia Gomes (Técnica do MNMC) e Cidália Maria dos Santos (Curadora do Museu Nunes Pereira).

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Presépio. NP

No final, o artista plástico José Maria Pimentel, fará a apresentação de uma proposta de monumento a Mons. Nunes Pereira a instalar preferencialmente  junto à rua com o seu nome, em Coimbra.

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A Virgem do leite. NP

Para esta sessão foram dirigidos convites aos Ex.mos Senhores Bispo de Coimbra e Presidente da Câmara para além de outras Personalidades.

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por Rodrigues Costa às 10:34

Terça-feira, 22.03.22

Coimbra: Monsenhor Nunes Pereira 4

Alguns traços para o perfil de Monsenhor Nunes Pereira (cont.)

Continuamos a transcrever o texto assinado pelo Padre Doutor António de Jesus Ramos, com o título, Alguns traços para o perfil de Monsenhor Nunes Pereira:

O Seminário. Eis-nos na segunda etapa que marcou de modo duradoiro a vida e, com ela, a caminhada artística de Nunes Pereira. Foi aqui que a sua propensão natural para o desenho recebeu os primeiros incentivos, sobretudo de dois colegas e amigos, os padres Cruz Gomes e Américo Monteiro de Aguiar. Este último teria também influência sobre a sua decisão na escolha entre os caminhos da arte ou do sacerdócio. "Pode-se ser padre e artista, meu caro Augusto" - disse-lhe o Padre Américo.

"Repara, por exemplo, em Fra Angélico que, sem deixar de ser bom monge, foi o artista que foi".

Na revista "Lume Novo", escrita e ilustrada pelos alunos daquele tempo, deixou Monsenhor Nunes Pereira, não apenas os seus primeiros desenhos, mas igualmente os primeiros versos.

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Desenho à pena. Nunes Pereira. Op. cit., pg. 62

Foram, de resto, esses desenhos à pena que lhe mereceram o primeiro louvor público do Bispo da Diocese, D. Manuel Luís Coelho da Silva. Numa daquelas distribuições de prémios que então se faziam aos alunos distintos, D. Manuel concedeu um a título extraordinário, antecedido de mais ou menos estas palavras: "Agora vou dar um prémio a um aluno que, tendo regular aproveitamento nas aulas e regular comportamento, dedica os seus tempos livres a realizar desenhos à pena de muito apreço". O incentivo das palavras, ali diante de professores e colegas, foi mais importante para o artista do que a pequena fortuna de cinquenta mil réis.

Por momentos, aquele prémio e outros incentivos que ia recebendo de superiores e de colegas, fizeram-no acalentar o sonho de lhe vir a ser proporcionada a ocasião de frequentar uma escola de Belas-Artes. "Mas a verdade - confidenciou-me um dia, com a humildade dos simples - é que, terminado o curso e recebida a ordenação fui mandado para a paróquia de Montemor, e ninguém falou mais no assunto".

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Sem título. Fotografia José Maria Pimentel. Op. cit,, pg. 64

"Fui ver se encontrava o rasto

No lajedo que deixei;

Esse estava muito gasto

Das passadas que ali dei." (Nunes Pereira)

O artista, porém, mesmo sem curso. tinha pernas para andar. Quer em Montemor, onde esteve de 1929 a 1935. quer em Coja, que paroquiou de 35 a 52, quer em S. Bartolomeu de Coimbra, onde se manteve de 52 até à aposentação em 1980, Monsenhor Nunes Pereira soube conciliar o exercício do seu múnus pastoral com um crescente interesse pelo cultivo das artes, desde a poesia à escultura passando pelo desenho, pela aguarela, pelo vitral e sobretudo pela xilogravura, especialidade em que se viria a tomar possivelmente no melhor artista português da segunda metade deste século.

O Padre Américo dissera-lhe que se podia ser sacerdote e artista. Monsenhor Nunes Pereira tem-no demonstrado como pároco, como arcipreste de Coimbra, funções em que conquistou a estima e admiração dos colegas, como Vigário-Geral da Diocese, cargo para que foi nomeado em Maio de 1973, depois de consulta a todo o presbitério, pelo saudoso D. João António Saraiva, como conservador do Património Artístico da Diocese de Coimbra, para que foi escolhido em 1981, ou como membro da Comissão de Arte Sacra. Sendo um talentoso artista, não deixou de ser nunca um exemplar sacerdote. De resto, a arte em Nunes Pereira é um segundo sacerdócio. Ele próprio mo afirmou um dia, quando o entrevistei para o "Correio de Coimbra": "Eu não poderia ser o artista que sou se não fosse a minha formação sacerdotal". E acrescentou: "A minha arte, não é arte pela arte. É uma arte apologética, embora nem sempre lhe dê expressamente essa intenção".

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A última Ceia. Nunes Pereira. Op. cit., pg. 72

Sobretudo depois da sua vinda para Coimbra, em 1952, Nunes Pereira deixou de ser um artista desconhecido. A sua longa passagem pela redação do "Correio de Coimbra" (18 de Janeiro de 1952 - 31 de Janeiro de 1974), onde escreveu centenas de artigos e publicou um sem-número de xilogravuras, o seu contacto com outros artistas da cidade e a exposição frequente das suas obras fizeram-no sair do anonimato, tomando-se a sua arte conhecida e admirada não só na cidade, mas por todo o país e mesmo além-fronteiras.

Ramos, A. J. Alguns traços para o perfil de Monsenhor Nunes Pereira. In:  Pimentel, J.M. e Oliveira, M.C. 2001. Monsenhor Nunes Pereira. O percurso de uma vida. Coimbra, Edições Minerva.

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por Rodrigues Costa às 13:15

Segunda-feira, 21.03.22

Coimbra: Joaquim Martins de Carvalho e Henriques Seco

O dr. Mário Araújo Torres, no prosseguimento de uma verdadeira cruzada que tem vindo a desenvolver direcionada para a busca e recuperação de publicações deslembradas relacionadas com Coimbra, acaba de colocar em letra de forma, com recolha de textos, introdução e notas da sua responsabilidade, mais uma obra, Os Assassinos da Beira de Joaquim Martins de Carvalho, seguido de extratos das Memórias do Tempo Passado e Presente para lição dos vidouros de António Luís de Sousa Henriques Seco.

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Os Assassinos da Beira, capa

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Os Assassinos da Beira, contracapa

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Os Assassinos da Beira, capa mutilada da edição de 1890

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Os Assassinos da Beira, rosto da edição de 1890

Embora correndo o risco de, mais uma vez, nos repetirmos, não podemos deixar de expressar ao dr. Mário Araújo Torres, enquanto estudioso da história da cidade em que nascemos, o nosso maior respeito e agradecimento pelo trabalho que vem realizando em prol da cultura de Coimbra.

O dr. Mário Araújo Torres acerca de Os Assassinos da Beira e das Memórias do Tempo Passado e Presente para lição dos vidouros, que ora abordamos e que iremos utilizar em futuras entradas, diz o seguinte:

No bicentenário do nascimento de Joaquim Martins de Carvalho (Coimbra,1822 -1898), após a reedição dos seus «Apontamentos para a História Contemporânea» (1868) e, em anexo, de «A Nossa Aliada!» (1883}, coloca-se ao dispor do público a sua última recolha de textos: «Os Assassinos da Beira - Novos Apontamentos para a História Contemporânea» (1890), retrato fiel da sua corajosa e pertinaz campanha na imprensa («O Observador» e «O Conimbricense») contra o banditismo que, após o termo da guerra civil, grassou na Beira, muitas vezes com o apoio das diversas forças políticas.

Nessa campanha, o principal aliado de Joaquim Martins de Carvalho foi o Doutor António Luís de Sousa Henriques Seco (Antuzede, 1822 - Coimbra, 1892), também na imprensa. mas sobretudo como Governador Civil de Coimbra e Deputado às Cortes, de que deixou circunstanciado relato nos dois volumes das   suas «Memórias do Tempo Passado e Presente para Lição dos Vindouros» (1880 e 1889), de que se reproduzem as passagens mais pertinentes.

Carvalho, J. M. e Seco, A.LS.H. 2022. Os assassinos da Beira. Novos apontamentos para a história contemporânea, seguido de extratos das Memórias do tempo passado e presente para lição dos vindouros. Recolha de textos, introdução e notas por Mário Araújo Torres. Lisboa, Edições Ex-Libris.

 

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por Rodrigues Costa às 15:55

Sexta-feira, 18.03.22

Coimbra: Conversas Abertas. Sessão de homenagem a Mons. Nunes Pereira

O projeto “Conversas Abertas”, iniciativa do blogue “A’Cerca de Coimbra”, com o apoio do Clube de Comunicação Social e do Arquivo da Universidade de Coimbra, depois de um interregno de cerca de dois anos motivado pela pandemia, vai ser retomado de hoje a uma semana.

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Arquivo da Universidade de Coimbra, entrada pela Rua de São Pedro n.º 2, parte baixa e traseiras do edifício da Biblioteca Geral da Universidade

 A sessão da próxima semana, a decorrer no dia 25 do corrente, 6.ª feira, a partir das 18h00, terá lugar na sala D. João III, do Arquivo da Universidade de Coimbra.

Pretende-se que seja uma singela homenagem ao conimbricense, por opção, que foi Mons. Nunes Pereira.

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Monsenhor Nunes Pereira

Tema: Mons. Nunes Pereira. O homem, o sacerdote e o artista.

Palestrantes: Dr.ªs Virgínia Gomes (Técnica do MNMC) e Cidália Maria dos Santos (Curadora do Museu Nunes Pereira).

No âmbito desta Conversa Aberta o Arq.º António José Monteiro e o artista plástico José Maria Pimentel, farão a apresentação de uma proposta de monumento a Mons. Nunes Pereira a instalar junto à rua com o seu nome, em Coimbra.

Para esta sessão foram dirigidos convites aos Ex.mos Senhores Bispo de Coimbra e Presidente da Câmara, entre outras individualidades.

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Xilogravura de NP

A Entrada será livre ao limite da lotação, no respeito pelas diretivas em vigor da Direção Geral de Saúde.

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por Rodrigues Costa às 10:59

Quinta-feira, 17.03.22

Coimbra: Monsenhor Nunes Pereira 3

A obra que ora divulgamos insere o seguinte texto assinado pelo Padre Doutor António de Jesus Ramos, com o título, Alguns traços para o perfil de Monsenhor Nunes Pereira:

Numa das minhas incursões pela história comparada dos povos encontrei, tempos idos, a figura simpática de um rei polaco, de nome Augusto, que, nos finais do século XVII, deixou nomeada em toda a Europa pela simples razão de estar na origem paternal, pelo menos atribuída, de quatrocentas criaturas.

Longe estava eu de pensar que alguma vez me seria dada a honra de, nestes últimos anos do século XX, traçar o perfil de um outro Augusto, com créditos firmados em Portugal e além-fronteiras, e que assume a paternidade responsável de várias centenas, talvez de milhares de criaturas.

Ninguém se admirará que eu me exprima deste modo e tenho a certeza de que Monsenhor Augusto Nunes Pereira não vai desaprovar este preâmbulo.

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Na fachada da casa natal, uma cabeça de mulher outrora saída das suas mãos, serve-lhe agora de modelo para uma fotografia. Op. cit., pg. 33

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As voltinhas do Fajão. Fotografia José Maria Pimentel. Op. cit., pg. 40

"Comecei a pisar esta calçada,

Um cinco-réis de gente, um quase nada.

Que bela recordação,

As voltinhas do Fajão" (Nunes Pereira)

Eu digo porquê. Num dos nossos primeiros encontros, era eu ainda jovem estudante, quando lhe referi o nome da minha aldeia, deixou-me algo perplexo, mas não escandalizado, a sua informação: «Conheço muito bem, e até lhe posso dizer que tenho lá dois irmãos».

 

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Pai de Nunes Pereira, Xilogravura. Op. cit., pg. 19

Perante o meu silêncio questionador o santo e paciente sacerdote, sempre amável para o verdor da juventude, explicou-me, logo de seguida que seu pai, além de agricultor, fora, em finais do século XIX o escultor-santeiro mais conhecido em toda a Beira-Serra e que, para a capela do povoado onde nasci, por encomenda dos meus antepassados, esculpira duas imagens que eu venero desde criança, uma representa Nossa Senhora de Nazaré com o seu Menino ao colo e um grupo de anjos aos pés e a outra o santo do meu nome, António, nas suas vestes franciscanas, com um cordão que lhe toma a cintura pronunciada, uma cruz na mão direita e, na esquerda, um livro aberto nudez do Divino Infante. Aquelas duas imagens são, hoje, no meu humilde entendimento artístico, os familiares antepassados das centenas de criaturas que, em desenho à pena, em ferro forjado, em aguarela, em vitral e sobretudo em madeira gravada saíram do talento artístico que o Senhor de todos os dons concedeu em abundância caudalosa a este homem simples e bom que, ainda hoje, se identifica com as suas raízes, que vão mergulhar na honradez que lhe foi transmitida nas canções com que a mãe Ana o embalava no rulo que o pai António fizera em madeira de castanho.

Quem quiser conhecer e entender a multifacetada obra artística de Nunes Pereira tem de se deter demoradamente sobre esta primeira etapa da sua vida. Foi o próprio artista que mo confessou em longa conversa que mantivemos, em Agosto de 1980, respirando a brisa fresca da praia da Figueira: "Moralmente recebi influência direta de meu pai.

Embora eu tivesse só nove anos quando ele morreu, lembro-me muito da convivência com ele, do que me dizia, do modo como educava os filhos”. E dele recebeu também o gosto pela arte e as ferramentas para trabalhar a madeira: as plainas, as goivas, os formões... E não deixou de o influenciar por certo aquela história verdadeira que ouviu na infância a propósito de seu pai: alguns homens da Mata foram à sede de freguesia, a Fajão, para combinarem com o pároco, padre Carlos José Fernandes de Almeida, a bênção da imagem do Senhor dos Milagres, orago da capela local. 0 prior perguntou à delegação: "Quem é que a fez?" Eles responderam: "Foi António Nunes". "Isso não deve estar capaz" - retorquiu o padre Carlos. "Está pois! Ele é um artista." Pouco convencido, o prior despachou-os: "Está bem! Eu lá irei, mas, se não estiver em condições, agarro-lhe por uma perna e atiro-a para o Pego Redondo". Não foi necessário, o sacerdote não só benzeu a imagem como ficou admirado como é que as mãos calejadas de um cavador de enxada tinham esculpido obra tão perfeita.

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Retrato de minha Mãe – 1927. Nunes Pereira, op. cit., pg. 19.

Não menos influente na formação do padre e artista foi a figura tutelar de sua mãe. Num dos seus livros de versos, escreveu Nunes Pereira esta dedicatória: "A minha mãe, que eu persisto em relembrar no momento dos vivos".

Na mesma conversa que atrás referi, confidenciava-me o artista:” Minha mãe, considero-a ainda viva pela influência que exerce em mim. Foi uma grande mulher. Tendo enviuvado cedo, ficou com uma casa de lavoura a seu cargo e, mesmo assim conseguiu-me mandar para o Seminário, com dinheiro emprestado.

Ramos, A. J. Alguns traços para o perfil de Monsenhor Nunes Pereira. In:  Pimentel, J.M. e Oliveira, M.C. 2001. Monsenhor Nunes Pereira. O percurso de uma vida. Coimbra, Edições Minerva.

 

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por Rodrigues Costa às 10:07

Terça-feira, 15.03.22

Coimbra: Monsenhor Nunes Pereira 2

 

Dedicamos a entrada de hoje e as quatro que se lhe vão seguir ao livro Monsenhor Nunes Pereira. O percurso de uma vida.

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Monsenhor Nunes Pereira. O percurso de uma vida, capa

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Monsenhor Nunes Pereira. O percurso de uma vida, contracapa

Trata-se, essencialmente, de um magnifico álbum fotográfico dedicado à vida e à obra dessa figura maior de Coimbra que foi Nunes Pereira.

Para além das excelentes imagens, a obra em apreço apresenta, a enquadrá-las, um conjunto de textos passíveis de fazer um relato do percurso de vida do Homem e do Sacerdote que ele foi e da sua obra artística, afanosamente construída ao longo da vida.

A obra de Nunes Pereira merece a atenção dos conimbricenses e a razão dessa relevância surge assim relatada:

Num café de Coja tomávamos a bica.

Veio à conversa a recente edição da Valceira, Associação de Desenvolvimento sediada em Fajão, de uma recolha de quadras populares coordenada por Maria da Conceição Oliveira e ilustrada por Monsenhor Nunes Pereira. Falámos sobre ele, sobre a sua enorme vitalidade, sobre o que conhecíamos da sua vida e obra, que se nos apresentava em fragmentos mais ou menos dispersos do que sobre ele tínhamos ouvido falar ou lido.

Nos minutos seguintes, a admiração que ambos temos por este homem, para quem a arte é uma paixão desde criança e de todos os dias, fez-nos nascer a ideia de uma fotorreportagem. Não pretendíamos ficar presos à sua biografia, nem tão pouco fazer um estudo detalhado da obra realizada, queríamos antes acompanhá-lo no reencontro com os espaços e ambientes que foram a sua vida e transcrevê-los em imagens.

Seria uma justa homenagem e um projeto que concretizaríamos com prazer.

Apresentámos-lhe a ideia.

Com a habitual modéstia hesitou. Parecia-lhe trabalho a mais para pessoa de interesse relativo.

Ultrapassado à força de argumentos este primeiro obstáculo, encontrámos o entusiasmo que lhe é característico e que põe em tudo aquilo a que se dedica.

Seguiu-se a digressão pelos locais onde viveu, acompanhados por este conversador incansável dotado de um sentido de observação, saber e memória extraordinários.

Assim, fomos descobrindo uma obra com uma dimensão muito superior à que imagináramos, tanto na vertente de intervenção social, como na artística. Até neste último aspeto, talvez aquele que julgávamos conhec.er melhor, nos conseguiu surpreender. Sempre munido de caneta e papel, percorreu a vida a registar o que lhe despertava o olhar: são cadernos e cadernos de desenhos gravuras, aguarelas espalhados entre o seu atual atelier e escritório no Seminário, a casa da Portela (Coimbra), o museu em Fajão (Pampilhosa da Serra), as coleções particulares; são as muitas xilogravuras, vitrais e trabalhos em ferro existentes em igrejas do país e outros edifícios. Deparámos com surpresa que, entre as muitas disciplinas artísticas que praticou, também a banda desenhada mereceu a sua atenção permitindo, ocasionalmente, dar curso a um sentido de humor familiar a quantos o conhecem.

A recolha de imagens foi feita ao ritmo das nossas deambulações, sem encenações nem poses.

À medida que iam surgindo, entregávamos-lhe uma cópia para que seguisse o trabalho. Nasceram, assim, espontaneamente, de sua autoria e em jeito de comentário, as quadras que as acompanham.

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Nunes Pereira – Retrato a ponta seca da autoria de José Maria Pimentel. Op. cit., pg. 5

Este livro apresenta Monsenhor Nunes Pereira nos espaços que são hoje o seu quotidiano, sugere o ainda possível dos ambientes que condicionaram o percurso da sua vida, regista os objetos que o têm seguido, muitos fabricados pelas suas mãos. A reprodução de obras nele incluídas não pretende fazer qualquer seleção critica, mas apenas dar nota da sua qualidade e diversidade.

Esperamos ter sido merecedores da confiança que em nós depositou.

Pimentel, J.M. e Oliveira, M.C. Monsenhor Nunes Pereira. O percurso de uma vida. Alguns traços para o perfil de Monsenhor Nunes Pereira, A. Jesus Ramos. Percursos artísticos de Augusto Nunes Pereira, Elisabete Oliveira. 2001. Coimbra, Edições Minerva.

 

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por Rodrigues Costa às 21:44

Sexta-feira, 11.03.22

Coimbra: Conversas Abertas, retomam o seu percurso

O projeto “Conversas Abertas”, iniciativa do blogue “A’Cerca de Coimbra”, com o apoio do Clube de Comunicação Social e do Arquivo da Universidade de Coimbra, depois de um interregno de cerca de dois anos motivado pela pandemia, vai ser retomado.

As sessões realizar-se-ão na Sala D. João III do Arquivo da UC, às18h00 das últimas sextas-feiras dos meses de março a junho e no dia 13 de maio, do presente ano.

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Arquivo da Universidade de Coimbra, entrada pela Rua de São Pedro n.º 2, parte baixa e traseiras do edifício da Biblioteca Geral da Universidade

AUC. Sala D. João III.jpg

Arquivo da Universidade de Coimbra, sala D. João III

O programa é o seguinte:

- 25 de março, 6.ª feira, às 18h00

. Tema: Mons. Nunes Pereira. O homem, o sacerdote e o artista.

. Palestrantes: Dr.ªs Virgínia Gomes (Técnica do MNMC) e Cidália Maria dos Santos (Curadora do Museu Nunes Pereira).

. No âmbito desta Conversa Aberta o Arq.º António José Monteiro e o artista plástico José Maria Pimentel, farão a apresentação de uma proposta de monumento a Mons. Nunes Pereira a instalar junto à rua com o seu nome, em Coimbra.       

                 

- 29 de abril, 6.ª feira, às 18h00

. Tema: Arco romano de Coimbra.

. Palestrante: Arq.ª Isabel Anjinho.

 

- 13 de maio, 6.ª feira, às 18h00

. Tema: Judeus em Coimbra.

. Palestrante: Dr.ª Berta Duarte.

 

- 27 de maio, 6.ª feira, às 18h00

. Tema: O Jardim do Mosteiro de Santa Cruz ou Jardim da Sereia: Uma imagem do Paraíso na cidade de Coimbra.

. Palestrante: Doutor Marco Daniel Duarte.

 

- 24 de junho, 6.ª feira, às 18h00

. Tema: Livreiros franceses em Coimbra: contributos para uma biografia dos irmãos Orcel.

. Palestrante: Dr.ª Ana Maria Bandeira.

 

As sessões decorrerão na forma habitual, ou seja:

- Intervenção inicial do(s) palestrantes.

- Intervenções dos assistentes.

- Encerramento pelo responsável pela organização. 

 

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por Rodrigues Costa às 10:30

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