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Na continuação da divulgação do seu valiosíssimo espólio o Arquivo da Universidade divulgou mais um documento, este dedicado ao organista conimbricense Carlos Seixas.
Carlos Seixas, um organista prodigioso de Coimbra
Imagem acedida em: https://www.bing.com/images
Ensinado por seu pai, na aprendizagem musical do órgão, Francisco Vaz, também ele organista da Sé de Coimbra, era um jovem prodigioso, quase uma criança prodígio, uma vez que foi nomeado organista da Sé de Coimbra, com 14 anos apenas, em 9 de fevereiro de 1718, após o falecimento de seu pai.
Infelizmente, não existe já o livro paroquial onde estaria o seu assento de batismo, por razões desconhecidas extraviado ou perdido, como tantos outros documentos. Mas, por um acaso fortuito, foi localizado, há alguns anos, o seu processo de casamento, inserido no acervo da Câmara Eclesiástica de Coimbra.
Fig. 1 - 1731, setembro, 16 – Publicação de “banhos corridos” na igreja paroquial e Colegiada de Santa Justa, por petição de José António Carlos de Seixas (1704-1742), morador em Lisboa, na freguesia de São Nicolau. Não sendo conhecida a data da petição, o documento fica datado pelo registo do Prior da Colegiada, Manuel dos Reis Leitão. |
Pormenor da figura 1
Em 1731, quando residia na freguesia de São Nicolau, em Lisboa, solicitou à Câmara Eclesiástica de Coimbra uma certidão de “banhos corridos”, para poder casar, em Lisboa, com Maria Josefa Tomásia da Silva. Nesse processo figura uma certidão de batismo, extraída do livro paroquial que, então ainda existia, podendo saber-se que foi batizado em 10 de julho de 1704, na igreja de São Cristóvão, com o nome de José, filho de Francisco Vaz, organista da Sé e de Marcelina Nunes que foram moradores na Rua da Ilha.
Originalmente, utilizou o nome de José António, tal como surge no registo de nomeação para organista, pelo Cabido da Sé de Coimbra. Desconhece-se a razão da utilização posterior do nome de José António Carlos de Seixas.
Terá ido para Lisboa no início de 1720, uma vez que neste ano foi já nomeado organista da Sé Patriarcal de Lisboa.
Foi também mestre organista da Capela Real. Diogo Barbosa Machado, um dos seus primeiros biógrafos, dirá da sua arte que: “A mesma suavidade e destreza exercitava tocando órgão, fazendo com um impulso dos dedos vocal o seu instrumento e mudos os ouvintes”, não podendo encontrar-se elogio mais absoluto para a arte que praticava e o som que fazia extrair do órgão.
Cultivou também a música, através da escrita e revelou-se como um dotado compositor e autor de obras orquestrais e música sacra. Refiram-se as Tocatas de cravo (segundo José Mazza terão sido 700 tocatas), Motetes para vozes e instrumentos, Sonatas, Minuetes, etc., imprimindo às suas composições uma expressão musical e um som próprio e particular que o identifica, desde logo, como ímpar e como seu.
Os manuscritos musicais, em cópias da sua obra, podem encontrar-se nos acervos da BGUC, da Biblioteca Nacional e da Biblioteca da Ajuda, além de outras instituições.
Ana Maria Bandeira
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