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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 27.01.22

Coimbra: Camilo e a cidade do Mondego 4

O SEGUNDO PERÍODO DE PERMANÊNCIA EM COIMBRA

Quando Alberto Pimentel afirma «que foi entre 1872 e 1873 que Camilo Castelo Branco, pretendendo educar os filhos, residiu em Coimbra», incorre num erro, pois a permanência do escritor foi em 1875 e 1876.

No entanto, em 1874, esteve de facto Camilo em Coimbra, por motivos de saúde, como noticia a «Revolução de Setembro», de Lisboa, em 11 de Março daquele ano: «Chegou à cidade de Coimbra o distinto romancista o Sr. Camilo Castelo Branco, que foi consultar o hábil médico o Sr. Dr. Lourenço de Almeida e Azevedo. Desejamos ao Sr. Camilo o seu pronto restabelecimento.»

É, pois, em 1875 que Camilo Castelo Branco fixa residência em Coimbra, acompanhado de sua mulher, Ana Plácido, e dos seus filhos, Nuno e Jorge, com a finalidade da educação destes. Nesta cidade se demorará até 1876.

Em carta datada do Porto, de 3 de Fevereiro de 1875, dirigida ao seu amigo Adelino das Neves e Melo, residente em Coimbra, prepara Camilo a sua instalação na cidade universitária: «Estou enfardando a bagagem. Tenciono estar aposentado na risonha Coimbra até ao dia 15 de corrente.» E mais adiante: «Preciso de ter aí pessoa a quem possa remeter o conhecimento das bagagens que for transportando. Quer-se pessoa que tome a seu cargo o fazer carrejar a mobília da estação para casa. Lembrava-me de ir eu mesmo dirigir estas enfadonhas coisas: mas receio não poder dormir nos leitos das hospedarias, que são para mim leitos de agonia. É possível que V.  Ex.ª conheça pessoa a quem se retribua este serviço; e, cargo da mesma ficaria o cuidado de fazer lavar a casa, e remendar alguma vidraça, bem como assentar fogão na lareira. V´V. Ex.ª vendo quantas importunações lhe delego.»

Demora mais que o previsto, mas chega finalmente, como noticia «O Tribuno Popular», de 17 de Março: «Chegou a esta cidade o sr. Camilo Castelo Branco, que vem aqui estabelecer a sua residência. O ilustre escritor passou já na hospedaria do caminho de ferro, onde se hospedou, para a sua casa do Bairro Alto. Coimbra, a bela cidade do Mondego, ufana-se de ter entre os seus moradores o primeiro romancista português.»

A morada de Camilo situava-se nos Arcos do Jardim, ou Arcos de S. Bento, em casas hoje demolidas. António Cabral descreve-a assim: 

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Imagem das Casas que existiram dos Arcos do Jardim. Pg. 27

 «Residia ele aos Arcos de S. Bento, numa casita que as árvores tufadas do Jardim Botânico, daquele parque ridente cheio de flores, de perfumes, de vegetação e de gorjeios, cobriam de sombra e quase roçavam com os seus ramos frondosos.»

… De Coimbra escreve também, em 23 de Março de 1875, a Guiomar Torresão, prometendo-lhe colaboração para o «Almanaque das Senhoras», que aquela escritora dirigia: «Escreverei para o Almanach de V. Ex.ª A ideia do escrito suscitou-ma V. Ex.ª em uma linha do seu belíssimo artigo: «uma festa em Pintéus». Diz V. Ex.ª que a Sr.ª D. Maria Amália Vaz de Carvalho é neta de Sá de Miranda. Escreverei um artigo genealógico em confirmação do que V. Ex.ª disse. A demonstração revelará um linhagista bem saturado de circunspeção e... rapé.»

E de facto, no «Almanaque das Senhoras» para 1876 vem publicado o prometido artigo, versando sobre a genealogia de Francisco de Sá de Miranda, trabalho datado de Coimbra, 2 de Abril de 1875.

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«O Imparcial de Coimbra. Número comemorativo do Plebiscito Literário.. Pg. 73

Uma outra carta dessa época enviada de Coimbra por Camilo tem a data de 15 de Abril daquele ano, tendo como destinatário Ernesto Chardon, a quem avisa dos perigos que para o editor representaria a edição dos clássicos, de que vira notícia: «O Lopes da Rua do Ouro arruinou-se, editando clássicos baratos, que ninguém quis. A Imprensa da Universidade editou crónicas, que está vendendo a pouco mais do peso, e nem assim lhas querem.»

Camilo era já um homem doente, como acrescenta António Cabral: «Durante o tempo que permaneceu na Lusa Atenas, Camilo, quase sempre doente, pouco saía de casa, cujas janelas se conservavam, dia e noite, cuidadosamente fechadas. Vivia muito retirado, entretendo-se a conversar com os poucos amigos, na sua maioria poetas e literatos, que lhe iam admirar a graça e as cintilações de espírito.»

Andrade, C.S. 1990. Coimbra na vida e na obra de Camilo. Coimbra, Coimbra Editora.

 

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por Rodrigues Costa às 10:22

Terça-feira, 25.01.22

Coimbra: Camilo e a cidade do Mondego 3

TRINTA ANOS DE VISITAS OCASIONAIS

Após esta estadia em Coimbra, por várias vezes Camilo visita a cidade do Mondego, testemunhadas na sua obra ou na sua correspondência.

Assim, relembrando em «Maria da Fonte» a sua grande amizade com Manuel Negrão, iniciada em1847, evoca «aqueles dois rapazes nada românticos, em pleno romantismo, que endureciam o corpo em passeios a cavalo de dezoito léguas, até Coimbra».

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Revista de Coimbra de que Camilo foi redactor. Pg. 58

Duma visita à Lusa Atenas em 1850, encontramos registo no «Nacional», do Porto, quando em 16 de Fevereiro aquele jornal portuense noticia a chegada de Camilo à Cidade Invicta, regressado na véspera de Coimbra.

Também o poema «Chora!...Chora!...», publicado em «O Bardo», revista do Porto, em 1852, é datado de Coimbra,1850.

Não serão prova da permanência do escritor na cidade em 1850 e1851 os trechos colhidos em «A Mulher Fatal», onde Camilo se coloca na função de narrador interveniente na ação, mas o registo aqui fica: «No fim do ano de 1850 fui a Lisboa e passei por Coimbra. Era no tempo das caleças... Ai!»

E também, mais adiante: «Na minha volta de Lisboa, pernoitei em Coimbra, em Abril de 1851». E ainda, noutro passo da mesma obra «No meado de Setembro, voltei a Coimbra».

Em «No Bom Jesus do Monte», no capítulo «1854», em período que o texto nos faz situar em finais de 1851 ou princípios de 1852, escreve Camilo: «Ao abrir a manhã do próximo dia, como passasse Manuel Negrão à minha porta, caminho de Coimbra, fui com ele por esse mundo fora. De volta de Coimbra, mudei a minha residência para o Porto.»

Em 1852 Camilo Castelo Branco esteve em Coimbra, e aí planeava continuar os seus estudos. É o que se depreende de uma carta enviada ao seu amigo Guilhermino de Barros, remetida do Porto, que embora não datada, se pode situar sem dúvida naquele ano. Nele escreve Camilo, então a atravessar a crise mística que o levara ao seminário do Porto: «Noticio-Ihe, se o não souber ainda, que vou para Coimbra a matricular-me em teologia: recolhi-me há dias de lá, onde tinha a fazer alguns preparatórios em toda a sua extensão.

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Um dos folhetos de Camilo na «Questão da Sebenta». Pg. 147

 E mais adiante, na mesma carta, acrescenta: «Eu de Coimbra continuo a redação do «Christianismo», e podemos prolongar sobre variados motivos a nossa útil controvérsia, ou, melhor direi, os nossos estudos religiosos.»

Igualmente para Guilhermino de Barros, escreve, em carta posterior, essa datada de 23 de Setembro de 1852: «A minha pouca saúde priva-me de ir à Universidade, porque os meus intentos eram estudar muito, e a medicina impõe-me uma vida muito distraída, para distrair a morte.»

Joaquim Cunha de Andrade, baseando-se numa carta dirigida a Manuel Negrão, a que atribui a data de 1855, argumenta a favor de uma estada do romancista em Coimbra nesse ano, colocando mesmo a hipótese de ali ter sido escrito o romance A Neta do Arcediago.

Camilo teria passado também por Coimbra em 1858, como resulta da leitura de um passo da Carta a Petrónio, publicada na «Revolução de Setembro», em 1861. «...naquele jardim de feijão carrapato do Carolo, que tu nunca viste, e onde eu me perfumei dos odores da couve lombarda, há três anos.»

Camilo pg. 37a.JPG«Cá estou na estúpida Coimbra e na mais estúpida das suas ruas – A Larga». Carta de Camilo ao Visconde de Ouguela. Pg. 37

De novo, em 1862, está documentada uma outra passagem de Camilo por Coimbra. É o próprio romancista que a refere, na carta enviada a Adrião Pereira Forjaz de Sampaio, remetida de Lisboa, em 19 de Março de 1862, e nesse mesmo dia inserida no jornal A Revolução de Setembro. A carta, peça fundamental da chamada «Questão do Instituto», começava exatamente assim «Há coisa de seis dias que eu pernoitei na estalagem do Lopes, em Coimbra.»

Também em 1865 o escritor está em Coimbra. Mais uma vez ele próprio o assinala, agora no opúsculo «Vaidades Irritadas e Irritantes». Nesse folheto, em 1866, escreve, referindo-se a Antero de Quental: «Há menos de um ano que o conheci em Coimbra, graças a mediação do meu sobrinho António de Azevedo Castelo Franco.» E mais adiante: «Vi a casinha erma onde o visitava o alvor da manhã, e o conversavam os murmúrios da tarde. Versos lhe ouvi, que deviam ser o seu monólogo nos silêncios daquelas noites estivais.»

E no capítulo «A Lira Meridional», dedicado à obra do mesmo nome do seu sobrinho António de Azevedo Branco, escreve nos «Serões de S. Miguel de Ceide»: «Depois, tomei a vê-lo com Antero de Quental, seu companheiro de casa, entre uns olivais, longe do bulício da Atenas, na vertente de uma colina onde apenas chegavam os berros obscenos da Cabra, a cabra da torre que parece salmear trenos pela almas agonizantes dos cábulas.»

Em 1867 Camilo está de novo na cidade com Manuel Plácido, como sabemos através da carta que dirige a António Feliciano de Castilho, em 12 de Setembro desse mesmo ano: «Vou amanhã a Coimbra acompanhar o filho de D. Ana Plácido, garoto de 10 anos que já dez vezes fugiu do colégio. Vai para o seminário. Tenho pena dele, que vai amargar a liberdade em que a mãe o criou.»

Manuel Plácido, que aliás contava apenas 9 anos, continuará em Coimbra no ano seguinte, onde de novo o romancista se desloca, como refere Alexandre Cabral.

Por essa altura também nos testemunha Cândido de Figueiredo a sua presença nesta cidade, quando escreve, no livro «Homens e Letras»: «A primeira vez que o vi, há hoje dez ou doze anos, Camilo Castelo Branco estava triste, doente. Repisava, a passo lento, a curta diagonal da saleta de uma hospedaria coimbrã, fumava um bom e aromático charuto e falava pouco. A lenda havia-mo figurado um moço alegre, alto, bem-disposto, que em numerosos combates incruentos florejava com tanta eficácia as armas do seu estilo sedutor, como despedia as azagaias do seu olhar magnético, dominador, irresistível. O seu olhar achava-se agora velado por dois melancólicos vidros convexos, esfumados; e as faces levemente pálidas e as primeiras cãs de uma velhice prematura faziam-me cismar no destino de quase todos os homens de génio.»

Ainda dessa época nos fala o próprio Camilo, quando escreve em «A Mulher Fatal» (publicado em1870) o trecho em que se refere à rua Visconde da Luz: «Com que prazer eu vi, há dois anos, o senhor doutor  Dinis que naquela rua me deu lições de latim!»

Andrade, C.S. 1990. Coimbra na vida e na obra de Camilo. Coimbra, Coimbra Editora.

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por Rodrigues Costa às 13:45

Quinta-feira, 20.01.22

Coimbra: Camilo e a cidade do Mondego 2

ESTUDANTE EM COIMBRA (Continuação)

Igualmente em «Cavar em Ruínas», no capítulo «O meu condiscípulo» relembra o romancista os tempos passados no Porto, para referir em seguida: «Dois anos depois cursava eu as aulas em Coimbra».

Na mesma obra, no capítulo A Vida Picaresca», depois de comentar passos do livro de Diogo Camacho, «Jornada à Corte do Parnaso», em que o autor descreve a fome que o assaltava enquanto estudante de Coimbra, escreve Camilo:

«Na Coimbra de hoje já não há fome. Graças a Deus. Ainda no meu tempo, há dezoito anos, se a mesada se desfazia em creme no Paço do Conde aí até ao dia 15, a gente sentia até ao dia 30 um pedaço de Diogo Camacho nos intestinos pelo menos.»

Em Carta a Petrónio, artigo inserto na «Revolução de Setembro», de 13 de setembro de 1871, com o pseudónimo Felizardo, Camilo, a propósito da poetisa coimbrã Amélia Janny, mais uma vez relembra os tempos na cidade do Mondego:

«No nosso tempo de Coimbra, meu caro Petrónio, a poesia estava em tudo, menos nas senhoras.

O aspeto taciturno e desconfiado das damas era como um capacete de neve nas cabeças ardentes daquela mocidade que enxameava no Penedo da Saudade e Águas Maias a namorar a natureza, e Teresa Fortunata também. Não se chamava Teresa Fortunata uma onzeneira que me comprou a loba e a capa por dez tostões e um vintém? Que saudades eu tenho dos meus vinte anos, e de um Tito Lívio edição prínceps, que vendi por setecentos e vinte na rua de Quebra-Costas!»

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Penedo da Saudade

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Águas de Maias, hoje rotunda da Casa do Sal. 

Foto Varela Pécurto 1973 c. In: Coimbra Vista dos Céus”, José António Bandeirinha e Filipe Jorge, Argumentum, 2003

 Em «Vaidades Irritadas e Irritantes», opúsculo com que toma partido na «Questão Bom Senso e Bom Gosto», acrescenta:

«A Primavera [de Castilho], no meu tempo de Coimbra, há vinte anos, tempo em que ali andavam poetas como João de Lemos, Cordeiro, Couto Monteiro, ia ler-se à Lapa dos Esteios, quando as árvores celebradas de Castilho desabotoavam, quando o céu se azulejava e espelhava nos lagos.»

Camilo. Lapa dos Esteios 01 a.jpg

Lapa dos Esteios

 Ainda dessa primeira estada de Camilo em Coimbra, escreve no «Cancioneiro Alegre», referindo-se a Donas Boto:

«Conheci-o em Coimbra em 1846 quando a minha batina esfrangalhada abria as suas trinta bocas para admirar e engolir o latim de um padre que não sei se era Simões. Devia ser. Coimbra é a terra dos Simões.»

Mas voltando a Donas Boto, pormenoriza o encontro, no livreiro Posselius:

«Eu comprara o Dicionário de Morais; e ele, com uma gravidade protetora e paternal disse-me: – Faz bem, seu caloiro. Manuseie o bom Morais com mão diurna e noturna. Gaste assim as suas economias, não as malbarate em fofas novelas gafadas de galicismos, nem me vá por botequins a sorveteá-las nem por lupanares a desbotar as suas primaveras, nem por tavolagem a perder o dinheiro e a vergonha.»

Curiosamente, quando publica o «Cancioneiro Alegre» (1879), Camilo supunha Donas Boto já falecido, como viria a escrever a Tomás Ribeiro, então ministro, em carta de 1 de Dezembro de 1881, através da qual intercede, aliás com êxito, em favor do seu antigo conhecido de Coimbra, então em má situação:

«Dá-lhe alguma coisa, por alma dos homens de letras que morreram na miséria. Conheci-o em Coimbra em 1846.

Andrade, C.S. 1990. Coimbra na vida e na obra de Camilo. Coimbra, Coimbra Editora.

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por Rodrigues Costa às 11:08

Terça-feira, 18.01.22

Coimbra: Apontamentos para a História Contemporânea

O Dr. Mário Torres, um conimbricense pelo coração, continua na senda a que se propôs, reeditando, às suas custas, obras relacionadas com a história da nossa Cidade.

Coube agora a vez ao livro Apontamentos para a História Contemporânea seguido de A Nossa Aliada!, título com que publica textos de Joaquim Martins de Carvalho.

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Apontamentos para a História Contemporânea, capa

Diz Mário Torres: Na presente edição, com atualização da grafia, reproduz-se a 1.ª edição dos Apontamentos para a História Contemporânea»

Apontamentos para a História Contemporâne

Apontamentos para a História Contemporânea, 1.ª edição, capa

 complementado pelos «Apontamentos aos Apontamentos para a História Contemporânea», publicados por Manuel Lopes de Almeida, e, em anexo, o opúsculo «A Nossa Aliada!» … sobre as relações de Portugal com a Inglaterra.

Na capa do livro, acrescenta: Recolha de textos, introdução e notas por Mário Araújo Torres.

Já tivemos ocasião de sublinhar a dívida de Coimbra para com o Dr. Mário Torres, que, ao reeditar textos de grande relevância para a história da urbe, coloca obras inacessíveis ao alcance de todos. Como simples cidadão reafirmo e acentuo, de novo e publicamente, que o dever de gratidão da Cidade continua por saldar.

O livro ora reeditado – ao qual esperamos voltar – centra-se na figura de Joaquim Martins de Carvalho, homem de Coimbra, a quem a cidade tanto ficou a dever e a quem – também a ele – tinha obrigação de prestar um reconhecimento digno, dado que a mera atribuição do seu nome à rua onde morreu, a antiga rua das Figueirinhas, se mostra mais do que insuficiente.

Na badana do livro pode ver-se uma gravura que o retrata

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Joaquim Martins de Carvalho

acompanhada da seguinte nota biográfica:

Joaquim Martins de Carvalho nasceu em Coimbra em 19 de novembro de 1822 e aí faleceu em 18 de outubro de 1898.

Órfão muito jovem, o regime de morgadio então vigente determinou que a parte substancial do património familiar fosse encabeçada no filho primogénito, Venceslau Martins de Carvalho. Como filho segundo, fora Joaquim Martins de Carvalho destinado à carreira eclesiástica, ao que ele resistiu.

A sua única instrução formal consistiu na frequência, durante um ano, em !833, da aula de Latim no Colégio das Artes, então dirigida por jesuítas.

Deve-se ao seu abnegado esforço de autodidata a aquisição de vastíssimos conhecimentos, sobretudo nas áreas da história e da bibliografia.

Na sua juventude exerceu as modestas profissões de empregado comercial e de latoeiro, que lhe valeu o epiteto de «Doutor Latas» ou «Lord Latas».

Convicto lutador liberal, esteve vários meses preso na cadeia do Limoeiro, em 1847, como membro do Partido Popular («patuleio») contra o cabralismo.

Depois de libertado, dedicou-se ao jornalismo, essencialmente no «Observador» (1847-1853), a que sucedeu, logo em janeiro de 1854, o «Conimbricense» de que foi proprietário, diretor e principal redator, até à sua morte, em 1898.

Liberal progressista, foi membro da Maçonaria e da Carbonária Lusitana.

Promotor do associativismo. sobretudo no sentido do progresso económico da região de Coimbra e da defesa das classes laboriosas, nos domínios da instrução e do mutualismo. Foi membro de diversas instituições científicas, designadamnte a Academia das Ciências de Lisboa e o Instituto de Coimbra.

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Os Assassinos da Beira, capa

Em vida publicou dois livros, com seleção de artigos e estudos seus saídos em «O Conimbricense»: «Apontamentos para a História Contemporânea» e «Os Assassinos da Beira».

Carvalho, J.M. 2021. Apontamentos para a História Contemporânea» seguido de A Nossa Aliada! Recolha de textos, introdução e notas por Mário Araújo Torres. Lisboa, Edições Ex-Libris.

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por Rodrigues Costa às 16:12

Quinta-feira, 13.01.22

Coimbra: Camilo e a cidade do Mondego 1

Nesta série de cinco entradas quero prestar uma singela homenagem ao meu Amigo de longa data Carlos Santarém Andrade, autor da obra de onde as mesmas foram extraídas.

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Capa da obra

Para além das várias vezes que se deslocou a Coimbra ou por ela passou, ao longo da sua vida, Camilo Castelo Branco viveu nesta cidade em duas épocas distintas, por diferentes motivos: em 1845-1846, como estudante candidato à Universidade, e em1875-1876, para acompanhar os estudos dos filhos.

ESTUDANTE EM COIMBRA

À primeira destas estadas se refere o escritor em abundantes passos da sua obra, por vezes com discrepâncias cronológicas, motivadas porventura pela distância temporal em que descreve os factos ou ainda pela diferença que medeia entre o momento da escrita e o da publicação das obras em que os acontecimentos se inserem.

Comecemos pelo artigo «Que segredos são estes», incluído nas «Noites de Insónia», em que recorda as suas ligações com Duarte Valdês: «Primeira, a da nossa jovial convivência em um casebre da Couraça dos Apóstolos, no ano 1845».

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«… a da nossa jovial convivência em um casebre da Couraça dos Apóstolos, no ano 1845». Camilo Castelo Branco, in «Que segredos são estes». Pg. 11

E mais adiante, aludindo à sua condição de estudante: «Antes de mencionar a terceira época, urge saber-se que nenhum de nós se formou. Ele contentava-se com um diploma de insuficiência em retórica, e eu com a prenda não comum de harpejar três vários fados na viola. Formávamos na nossa recíproca ignorância um conceito honesto. Não queríamos implicar com sábios, nem para os invejar nem para os distrair».

Também em «No Bom Jesus do Monte», historiando o infeliz casamento de José Augusto Pinto de Magalhães com Fanny Owen, afirma de passagem, referindo-se àquela época: «Conheci-o em Coimbra, estudando preparatórios».

Muitos anos depois, em carta dirigida a Cândido de Figueiredo, datada de 1882, agradecendo a oferta do livro «Homens e Letras», recorda Camilo esses anos:

«Fez-se grandes saudades da Coimbra de 45 e 46 em que eu por aí estraguei duas batinas. A Maria Camela, que V. Ex.ª conheceu velhinha, era então uma gentil rapariga, a quem eu desfechava frases sentimentais, mas, sobre a matéria, incombustível. Ela foi a salamandra dos vulcões líricos que então flamejavam em Coimbra. Ouvia-me com um sorriso afetuoso enquanto eu me saturava do fósforo dos seus linguados e das suas tainhas.»

Também recorda a Tia Camela daqueles tempos em «Narcóticos», mais precisamente em «O Sr. Ministro». Misturando ficção com realidade, descreve as oito filhas do bedel Rosendo, que «eram umas ninfas do Mondego», e acrescenta:

«Entre 1840 e 46 não foi a Coimbra Lamartine subalterno que as não cantasse no estilo doentio de então. Solaus e madrigais. Um ideal de castelãs medievas, com umas rimas tão perfumadas de petrarquismo que nem elas tinham olfato capaz de sentir o insidioso azote filtrado nos bagos de mirra. Aqueles amores que viram penujar o buço do sr. dr. Pedro Penedo e o meu, se andassem cantados trinta anos depois fariam zangaraviar guitarras em fadinhos de uma melancolia sem gramática sobre os bancos gordurosos da tia Maria Camela – Deus lhe fale na alma!»

 As referências não param. Em «O General Carlos Ribeiro», depois de historiar a sua passagem como estudante de Química no Porto, escreve Camilo: «Em 1845 ao deixar o Porto e a Química para ir jurar bandeiras na boémia de Coimbra, despedi-me de Carlos Ribeiro».

E em «Cousas Leves e Pesadas», no capítulo «Dezassete anos depois», ao falar de «A Lira da Mocidade», jornal de poesias portuense. Aí recorda Jorge Artur de Oliveira Pimentel: «Conheci-o em Coimbra concluindo formatura em direito em 1846. Fez ato do 5.° ano vestido com a farda do batalhão académico».

Andrade, C.S. 1990. Coimbra na vida e na obra de Camilo. Coimbra, Coimbra Editora.

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por Rodrigues Costa às 10:11

Terça-feira, 11.01.22

Coimbra: Sé Velha, inscrição em árabe

"A grandeza permanecerá"

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Sé Velha. Imagem acedida em: https://en.qantara.de/content/arabic-inscription-on-coimbra-cathedral-greatness-will-remain

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Sé Velha, fachada principal. Imagem acedida em: https://en.qantara.de/content/arabic-inscription-on-coimbra-cathedral-greatness-will-remain

É muito pouco provável encontrar esculpida na fachada de uma catedral datada do século XII uma mensagem escrita em árabe; contudo, esta improbabilidade verifica-se na cidade portuguesa de Coimbra. 

Marta Vidal levou a cabo um estudo aturado e profundo do monumento em causa e verificou que, ao longo de 800 anos, havia perdurado, num edifício católico e construído ao gosto românico, uma inscrição desse tipo.

As pedras da vetusta catedral brilham com os últimos raios de luz solar a anteceder uma quente noite de verão. As andorinhas giram em torno do austero edifício, enquanto os turistas fazem fila para visitar o monumento românico que se ergue na terceira maior cidade de Portugal.

A fachada norte do templo, com a sua decoração e no seu todo, atrai a atenção dos visitantes. Contudo, a uma distância considerável do solo, encontra-se insculpida nesse paramento, que integra um dos mais antigos e mais significativos edifícios românicos do país, algo único, embora discreto – uma inscrição árabe com menos de um metro de largura e que passa despercebida.

A maior parte das pessoas que circulam por ali não conseguem ler nem ver as letras árabes esculpidas na pedra e que se foram sumindo ao longo de oito séculos.

Alois Richard Nykl, um linguista e arabista que visitou a antiga catedral no verão de 1940, transcreveu a inscrição da seguinte forma "Eu escrevi (isto) como um registo permanente do meu sofrimento; a minha mão perecerá um dia, mas a grandeza permanecerá".

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Transcrição da inscrição. Imagem acedida em Imagem acedida em: https://en.qantara.de/content/arabic-inscription-on-coimbra-cathedral-greatness-will-remain

 A pedra com uma inscrição em árabe, foi transcrita por Alois Richard Nykl, no verão de 1940. (Fonte: Nykl. A.R. Arabic Inscriptions in Portugal. In: Ars Islamica, Vol. 11/12 (1946), pp. 167-183, publicada pela The Smithsonian Institution.

Outros autores, antes dele, propuseram diferentes leituras da inscrição que, acredita-se, possa ter sido gravada na época em que a catedral foi construída. Todavia, a leitura de Nykl é a mais citada de todas.

Financiada por D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, a catedral foi apenas concluída no final do século XII, quando as forças portuguesas ainda lutavam contra os muçulmanos conhecidos pelo nome de mouros. Entre os séculos VIII e XIII, os mouros controlaram grandes faixas do território que atualmente é Portugal … O domínio muçulmano, em Coimbra, exerceu-se de forma intermitente até 1064, altura em que o território foi conquistado pelas tropas do rei cristão de Leão.

Posteriormente, a cidade foi incorporada no Condado de Portucalense.

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A inscrição árabe na parede da Antiga Catedral de Coimbra.

Imagem acedida em: https://en.qantara.de/content/arabic-inscription-on-coimbra-cathedral-greatness-will-remain

Embora a maioria dos académicos que estudaram a inscrição concordem que ela é, provavelmente, tão antiga quanto a igreja, a verdade é que se ignora o nome de quem a esculpiu.

De acordo com Rassi, a inscrição demonstra a existência de uma forte presença árabe e “sugere que existia na cidade um profundo conhecimento da língua árabe, não só utilizada na comunicação oral, mas também na escrita”.

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Sé Velha, claustro. Imagem acedida em: https://en.qantara.de/content/arabic-inscription-on-coimbra-cathedral-greatness-will-remain

"Em Coimbra viviam pessoas com as mais diversas proveniências, e o facto da inscrição árabe ter sobrevivido nas paredes da igreja ao longo tantos séculos demostra bem essa heterogeneidade", diz Joel Sabino, historiador que trabalha na catedral como conservador e guia.

A inscrição mostra a resiliência e um legado duradouro que, para algumas pessoas, significa ainda uma nostalgia relacionada com o Al-Andalus, período muitas vezes idealizado como sendo uma época de intercâmbio transcultural, onde a ciência, as artes e a arquitetura prosperaram.

Ao contrário do que se passou em Espanha, onde o domínio muçulmano em centros como Granada e Sevilha, deixou tesouros arquitetónicos, em Portugal existem poucos restos físicos, porque, na região, a cultura árabe se pode considerar como sendo marginal... Modesta e subtil, tal como a inscrição árabe gravada na parede da catedral, a herança andaluz ainda se vislumbra e é palpável para todos quantos estiverem dispostos a procurá-la.

Marta Vidal (© Qantara.de 2021). Acedido em: https://en.qantara.de/content/arabic-inscription-on-coimbra-cathedral-greatness-will-remain

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por Rodrigues Costa às 14:02

Quinta-feira, 06.01.22

Coimbra: “Monteiro dos Milhões”, estudante na Universidade

O documento referente ao mês em curso, da série Documento do Mês, que o Arquivo da Universidade de Coimbra vem divulgando é um interessante desenho guardado naquela Instituição e sobre o qual são apresentadas as seguintes imagens e texto.

DOCUMENTO DO MÊS - JANEIRO - 2022

Carvalho Monteiro, gravura 1.JPG

Diapositivo4.JPG

1871 – Desenho com as iniciais de AACM e as palavras Universidade de Coimbra, no 1.º plano, com as armas do Brasil e os anos 1870 e 1871, no 2.º plano. PT/AUC/APF/JV – Jardim de Vilhena (F); Desenhos e Gravuras (Col), cx.1, n.79 – cota AUC–VI-3.ª-2-4-1

O desenho que se apresenta, de elaborada idealização, com entrelaçados a tinta negra, deixando entrever, em alguns pontos, o traço original a grafite não foi identificado pelo seu anterior possuidor, João Jardim de Vilhena, como o refere no texto que redigiu no verso, o qual termina: “Como nele se exprime Universidade de Coimbra, acho que ele muito bem está no Arquivo ou Museu d’Arte da mesma Universidade”.

A alusão a Museu de Arte deve-se ao facto de o Arquivo ter sido também Museu de Arte Sacra, entre 1911 e 1960.

Ignoramos a forma como Jardim de Vilhena terá adquirido este desenho que pertenceu a Carvalho Monteiro mas isso é quase irrelevante, perante a dádiva feita ao AUC pelo colecionador. No entanto, Jardim de Vilhena reconheceu o desenho das armas do Brasil, apesar de a coroa não ser a de Imperador, bem como o ano de 1870-1871.

As iniciais correspondem ao nome de António Augusto de Carvalho Monteiro (1848-1920), natural do Rio de Janeiro que concluiu naquele ano letivo, de 1870-1871, o curso de Direito, na Universidade de Coimbra.

Muito provavelmente, este desenho destinava-se a ser pintado na pasta de luxo do então estudante de Coimbra ou teria como finalidade algum outro trabalho artístico, com o propósito de evocar esse momento.

Carvalho Monteiro, a quem popularmente se cognominava “Monteiro dos Milhões”, numa alusão à sua vasta fortuna, destacar-se-ia ao longo da sua vida por obras de mérito que deixaram o seu nome para a posteridade. Era um conceituado bibliófilo, mas também um investigador, colecionador de arte, etc.

A sua ligação à Universidade de Coimbra perdurou e os seus descendentes ofereceram à instituição uma bela coleção de borboletas, hoje existente no Museu da Ciência. Era uma apaixonado por borboletas (pertenceu a várias sociedades internacionais entomológicas) e fazia saídas para o campo para as estudar e capturar, sendo muito rara uma sua fotografia, colhida no Luso, em 1870, com todo o equipamento de entomologista.

Carvalho Monteiro.png

Imagem acedida em: https://archive.org/details/AntonioAugustoCarvalhoMonteiro-UmNaturalistaPioneiro/AacmColecesVr/page/n1/mode/2up?view=theater

 Publicou algumas obras sobre lepidópteros, a par com verdadeiros cientistas do tema, tendo sido pioneiro no estudo e elenco das borboletas em Portugal.

Quanto à sua Quinta da Regaleira (Sintra) onde mandou construir um Palácio, com desenho do arquiteto Luigi Manini, mas sob suas instruções, não existirá edifício que mais interpretações suscite, face a toda uma prolífica simbologia esotérica e maçónica que apresenta.

O mesmo se diga do seu jazigo, com desenho do mesmo arquiteto, construído no Cemitério dos Prazeres (Lisboa), onde ficou sepultado em 1920, após o falecimento no seu Palácio da Regaleira.

Arquivo da Universidade de Coimbra. Documento do Mês – Janeiro – 2022. Acedido em https://www.uc.pt/auc/article?key=a-74e04b2ad5

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por Rodrigues Costa às 11:42

Terça-feira, 04.01.22

Coimbra: Carlos Seixas, um músico conimbricense

Na continuação da divulgação do seu valiosíssimo espólio o Arquivo da Universidade divulgou mais um documento, este dedicado ao organista conimbricense Carlos Seixas.

Carlos Seixas, um organista prodigioso de Coimbra

Carlos Seixas 4.png

Imagem acedida em: https://www.bing.com/images

Ensinado por seu pai, na aprendizagem musical do órgão, Francisco Vaz, também ele organista da Sé de Coimbra, era um jovem prodigioso, quase uma criança prodígio, uma vez que foi nomeado organista da Sé de Coimbra, com 14 anos apenas, em 9 de fevereiro de 1718, após o falecimento de seu pai.

Infelizmente, não existe já o livro paroquial onde estaria o seu assento de batismo, por razões desconhecidas extraviado ou perdido, como tantos outros documentos. Mas, por um acaso fortuito, foi localizado, há alguns anos, o seu processo de casamento, inserido no acervo da Câmara Eclesiástica de Coimbra.

Carlos Seixas 2.png

Fig. 1 - 1731, setembro, 16 – Publicação de “banhos corridos” na igreja paroquial e Colegiada de Santa Justa, por petição de José António Carlos de Seixas (1704-1742), morador em Lisboa, na freguesia de São Nicolau. Não sendo conhecida a data da petição, o documento fica datado pelo registo do Prior da Colegiada, Manuel dos Reis Leitão.

 

Carlos Seixas 1.png

Pormenor da figura 1

Em 1731, quando residia na freguesia de São Nicolau, em Lisboa, solicitou à Câmara Eclesiástica de Coimbra uma certidão de “banhos corridos”, para poder casar, em Lisboa, com Maria Josefa Tomásia da Silva. Nesse processo figura uma certidão de batismo, extraída do livro paroquial que, então ainda existia, podendo saber-se que foi batizado em 10 de julho de 1704, na igreja de São Cristóvão, com o nome de José, filho de Francisco Vaz, organista da Sé e de Marcelina Nunes que foram moradores na Rua da Ilha.

Originalmente, utilizou o nome de José António, tal como surge no registo de nomeação para organista, pelo Cabido da Sé de Coimbra. Desconhece-se a razão da utilização posterior do nome de José António Carlos de Seixas.

Terá ido para Lisboa no início de 1720, uma vez que neste ano foi já nomeado organista da Sé Patriarcal de Lisboa.

Foi também mestre organista da Capela Real. Diogo Barbosa Machado, um dos seus primeiros biógrafos, dirá da sua arte que: “A mesma suavidade e destreza exercitava tocando órgão, fazendo com um impulso dos dedos vocal o seu instrumento e mudos os ouvintes”, não podendo encontrar-se elogio mais absoluto para a arte que praticava e o som que fazia extrair do órgão.

Cultivou também a música, através da escrita e revelou-se como um dotado compositor e autor de obras orquestrais e música sacra. Refiram-se as Tocatas de cravo (segundo José Mazza terão sido 700 tocatas), Motetes para vozes e instrumentos, Sonatas, Minuetes, etc., imprimindo às suas composições uma expressão musical e um som próprio e particular que o identifica, desde logo, como ímpar e como seu.

Os manuscritos musicais, em cópias da sua obra, podem encontrar-se nos acervos da BGUC, da Biblioteca Nacional e da Biblioteca da Ajuda, além de outras instituições.

Ana Maria Bandeira

 Acedido em:

https://www.uc.pt/cultura/som/organista_auc/?fbclid=IwAR121n1MJSF4ckZbTxDkhAlCBzQL7gtsXf56uo0UxQUpUdGo8CTF0A481Yg

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por Rodrigues Costa às 12:52


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