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A' Cerca de Coimbra



Sábado, 11.12.21

Coimbra: Murtede uma grande propriedade do Mosteiro de Santa Cruz

O livro da minha autoria, Murtede. O concelho que foi a freguesia que é editado pela Junta de Freguesia de Murtede e com o patrocínio da Câmara Municipal de Cantanhede, foi apresentado no passado dia 8, dia da Freguesia, com uma “aula” magistral da Professora Doutora Regina Anacleto.

img20211209_10462479.jpg

O volume, com 460 páginas e 238 imagens, encontra-se dividido em quatros capítulos.

No primeiro, tentamos enquadrar a realidade de Murtede, quer no espaço, quer no tempo, procurando entender a razão da sua existência que, obviamente, se encontra ligada, de forma determinante, à agricultura. No início, a produção cerealífera ocupava lugar predominante, mas foi-o cedendo, paulatinamente, ao vinho, de excelente qualidade, que acabou por assumir uma quase hegemonia.

O segundo capítulo procura desvendar a história, antiga e rica do lugar de Murtede enquanto cabeça do Districto de Mortede, uma das propriedades mais significativas do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.

No capítulo terceiro debruçamo-nos sobre o património natural e sobre o construído, apontado aqueles exemplares que considerámos como mais relevantes no conjunto da freguesia.

No quarto e último capítulo tentamos fixar, para memória futura, quer os usos e os costumes, quer a vivência comunitária que sempre existiu em Murtede e seu termo.

Para além da necessária bibliografia e de um glossário, integram o livro uma cronologia e sete anexos, dos quais salientamos, por nos parecerem ser os mais relevantes, os seguintes:

. Transcrição e tradução do latim do Fforal de Mortede, concedido aos habitantes do burgo em 1162 pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e subscrito pelos priores S. Teotónio e João Teotónio.

ANTT. Fforal de Mortede 1 e 2.png

Foral de Murtede. Arquivo Nacional da Tore do Tombo

. A transcrição da Demarcação geral dos Limites de Mortede, Escapaens e Cordinham de que hé Direito Senhorio o Real Mosteiro de Santa Cruz da Cidade de Coimbra, realizada nos anos de 1813-1814.

AUC. Tombo de Mortede. I. 1813. Mapa Districto de

Mapa do Districto de Mortede. Arquivo da Universidade de Coimbra

 

. A transcrição do livro do Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento. 1755.

Livro do Compromisso da Irmandade. Capa a.jpg

Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento, capa. Cartório da Igreja de Murtede

Da investigação realizada salientamos os seguintes factos:

- Que a origem de Murtede decorre da existência da villa Mirteti, documentada desde 950 e que conseguimos estabelecer, com um elevado grau de probabilidade, o “berço de Murtede”.

Fig. 238 - Murtede histórica.jpg

O “berço de Murtede

- Que esta villa teve como primeiros senhores da terra conhecidos o Mosteiro da Vacariça, depois Rabaldo, um francês que terá acompanhado o Conde D. Henrique e de quem, em Coimbra, foi vigário e, posteriormente, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra que, mesmo ainda antes da sua fundação, começou, a partir de 1120, a adquirir terras em Murtede. Este senhorio prolongou-se até à extinção das ordens religiosas.

- Que nos anos de 1590, de 1628 e de 1813-1814 e por ordem do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra se executaram três tombos, relacionados com a sua propriedade de Murtede, que tinha a área aproximada de 1.130 hectares; descobriram-se dois marcos resultantes dessas demarcações.

Marco 31, in situ.JPG

Marco do Districto de Mortede, in situ

- Que existiu o concelho de Murtede, subsidiário do concelho de Coimbra, cuja primeira referência escrita encontrada, data do período de 1514 a 1521 e pode ver-se na folha 169 do Livro I da Correia, da Câmara de Coimbra, onde no T.º dos julgados he juradias do termo desta cidade, se diz: Julgado de mortede cõ este handa o carvalho E escapães he nõ mais.

- Que no Concelho de Murtede existia a casa do concelho e foi localizado o curral do concelho, destinado a guardar os animais; estes tinham de obedecer a determinadas regras e, no caso de incumprimento, eram aplicadas coimas. Também foi encontrada uma referência escrita, datada de 4 de agosto de 1576, aos asougues acostumados do dito concelho.

- Que foi possível determinar, com pequena margem de erro, a localização da Casa do Concelho e da estalagem de Murtede, documentada desde o séc. XVI, bem como das desaparecidas localidades de Prevedes ou Prebes e de Alfora, na qual existiu um templo dedicado a S. Cristóvão.

Fig. 153 - Estalagem de Murtede, portão de entrad

Estalagem de Murtede, na atualidade

- Que foram identificados, em Murtede, o celeiro do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e em Enxofães o do Hospital Real de S. Lázaro de Coimbra.

Fig. 69 - Celeiro  ou Casa dos Machados, fachada n

Celeiro do Mosteiro de Santa Cruz em Murtede, na atualidade

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Celeiro do Hospital Real de S. Lázaro em Enxofães, na atualidade

- Que foi identificada, possivelmente datando de 1590 e no seu estado original, uma casa incluída numa almuinha ou cortinhal; trata-se de um exemplar único no Concelho e, ao que tudo indica, no país.

Fig. 129 - Casa antiga, fachada.JPG

Casa com almuinha

- Que se identificou a localização da Capela de Nossa Senhora do Amparo, atualmente desaparecida, mas de origem remota; data de 1721 a primeira referência escrita conhecida que a ela se refere.

Fig. 139 - Capela de Nossa Senhora do Amparo, pia

Capela de Nossa Senhora do Amparo, pia da água benta

Rodrigues Costa

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por Rodrigues Costa às 21:40


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