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O livro da minha autoria, Murtede. O concelho que foi a freguesia que é editado pela Junta de Freguesia de Murtede e com o patrocínio da Câmara Municipal de Cantanhede, foi apresentado no passado dia 8, dia da Freguesia, com uma “aula” magistral da Professora Doutora Regina Anacleto.
O volume, com 460 páginas e 238 imagens, encontra-se dividido em quatros capítulos.
No primeiro, tentamos enquadrar a realidade de Murtede, quer no espaço, quer no tempo, procurando entender a razão da sua existência que, obviamente, se encontra ligada, de forma determinante, à agricultura. No início, a produção cerealífera ocupava lugar predominante, mas foi-o cedendo, paulatinamente, ao vinho, de excelente qualidade, que acabou por assumir uma quase hegemonia.
O segundo capítulo procura desvendar a história, antiga e rica do lugar de Murtede enquanto cabeça do Districto de Mortede, uma das propriedades mais significativas do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
No capítulo terceiro debruçamo-nos sobre o património natural e sobre o construído, apontado aqueles exemplares que considerámos como mais relevantes no conjunto da freguesia.
No quarto e último capítulo tentamos fixar, para memória futura, quer os usos e os costumes, quer a vivência comunitária que sempre existiu em Murtede e seu termo.
Para além da necessária bibliografia e de um glossário, integram o livro uma cronologia e sete anexos, dos quais salientamos, por nos parecerem ser os mais relevantes, os seguintes:
. Transcrição e tradução do latim do Fforal de Mortede, concedido aos habitantes do burgo em 1162 pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e subscrito pelos priores S. Teotónio e João Teotónio.
Foral de Murtede. Arquivo Nacional da Tore do Tombo
. A transcrição da Demarcação geral dos Limites de Mortede, Escapaens e Cordinham de que hé Direito Senhorio o Real Mosteiro de Santa Cruz da Cidade de Coimbra, realizada nos anos de 1813-1814.
Mapa do Districto de Mortede. Arquivo da Universidade de Coimbra
. A transcrição do livro do Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento. 1755.
Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento, capa. Cartório da Igreja de Murtede
Da investigação realizada salientamos os seguintes factos:
- Que a origem de Murtede decorre da existência da villa Mirteti, documentada desde 950 e que conseguimos estabelecer, com um elevado grau de probabilidade, o “berço de Murtede”.
O “berço de Murtede
- Que esta villa teve como primeiros senhores da terra conhecidos o Mosteiro da Vacariça, depois Rabaldo, um francês que terá acompanhado o Conde D. Henrique e de quem, em Coimbra, foi vigário e, posteriormente, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra que, mesmo ainda antes da sua fundação, começou, a partir de 1120, a adquirir terras em Murtede. Este senhorio prolongou-se até à extinção das ordens religiosas.
- Que nos anos de 1590, de 1628 e de 1813-1814 e por ordem do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra se executaram três tombos, relacionados com a sua propriedade de Murtede, que tinha a área aproximada de 1.130 hectares; descobriram-se dois marcos resultantes dessas demarcações.
Marco do Districto de Mortede, in situ
- Que existiu o concelho de Murtede, subsidiário do concelho de Coimbra, cuja primeira referência escrita encontrada, data do período de 1514 a 1521 e pode ver-se na folha 169 do Livro I da Correia, da Câmara de Coimbra, onde no T.º dos julgados he juradias do termo desta cidade, se diz: Julgado de mortede cõ este handa o carvalho E escapães he nõ mais.
- Que no Concelho de Murtede existia a casa do concelho e foi localizado o curral do concelho, destinado a guardar os animais; estes tinham de obedecer a determinadas regras e, no caso de incumprimento, eram aplicadas coimas. Também foi encontrada uma referência escrita, datada de 4 de agosto de 1576, aos asougues acostumados do dito concelho.
- Que foi possível determinar, com pequena margem de erro, a localização da Casa do Concelho e da estalagem de Murtede, documentada desde o séc. XVI, bem como das desaparecidas localidades de Prevedes ou Prebes e de Alfora, na qual existiu um templo dedicado a S. Cristóvão.
Estalagem de Murtede, na atualidade
- Que foram identificados, em Murtede, o celeiro do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e em Enxofães o do Hospital Real de S. Lázaro de Coimbra.
Celeiro do Mosteiro de Santa Cruz em Murtede, na atualidade
Celeiro do Hospital Real de S. Lázaro em Enxofães, na atualidade
- Que foi identificada, possivelmente datando de 1590 e no seu estado original, uma casa incluída numa almuinha ou cortinhal; trata-se de um exemplar único no Concelho e, ao que tudo indica, no país.
Casa com almuinha
- Que se identificou a localização da Capela de Nossa Senhora do Amparo, atualmente desaparecida, mas de origem remota; data de 1721 a primeira referência escrita conhecida que a ela se refere.
Capela de Nossa Senhora do Amparo, pia da água benta
Rodrigues Costa
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