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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 07.12.21

Coimbra: Convento de Santa Teresa de Jesus de Coimbra 2

Este papel na vida religiosa da região veio a ser reconhecido e reforçado em 1879 quando, a pedido de D. Manuel de Bastos Pina, bispo de Coimbra – e após várias vicissitudes, tentativas falhadas e persegui­ções – passou a funcionar no convento de Santa Teresa a Congregação Mariana de Maria Imaculada, destinada a leigos, sobretudo estudantes da Universidade.

Convento das carmelitas (Terezinhas).jpg

Convento de Santa Teresa, vista aérea

“Em 1897, as religiosas foram mesmo autorizadas, a título excecional, a permanecer no convento, depois do falecimento da última conventual. Para que a vida canónica regular pudesse prosseguir, vieram de Espanha três religiosas e em 1898 professaram mais sete noviças”.

A situação muda inteiramente em 1910, no contexto da revolução republicana. No dia 9 de outubro, “a comunidade de S. Teresa encontrou‑se rodeada pelos soldados e completamente isoladas de qualquer tipo de comunicação com os de fora; nem sequer podiam comunicar‑se com o capelão, P. Dr. António Antunes, mais tarde Bispo de Coimbra.” As reli­giosas são expulsas do convento e dispersas por várias comunidades, em Espanha. O edifício é entregue ao Estado e ocupado por serviços do Ministério da Guerra, mais concretamente o Hospital Militar.

Em 16 de dezembro de 1933, tendo mudado inteiramente o contexto político – em Portugal com a instauração do Estado Novo e em Espanha com a proclamação da República – dá‑se o restabelecimento do Carmelo em Coimbra: três das irmãs que haviam sido expulsas 23 anos antes e que ainda sobreviviam em Valência, no mosteiro de Corpus Christi – Glória do Coração de Jesus, Maria Luz de S. Teresa e Maria Isabel de Santa Ana – regressam, trazendo consigo outras três espanholas. Inicialmente alojadas em casa de familiar de uma delas, novamente na Arregaça, fixam‑se depois numa casa alugada, no Calhabé.

Em 26 de junho de 1934, chegam mais três do mosteiro madrileno de Loeches, entre as quais a nova prioresa, irmã Maria do Carmo do Santíssimo Sacramento, sendo esta data considerada, oficialmente, a da restauração do Carmelo, agora em casa da Ladeira do Seminário. Pouco depois (7/3/1937), a diocese cede‑lhes uma casa na Quinta do Cidral, aos Lóios, onde perma­necerão 10 anos.

Em 7 de março de 1946, após longas negociações, é reconhecido o direi­to de as freiras reocuparem o seu antigo convento, incluindo a cerca, a igreja e a casa do capelão, sendo o respetivo auto de entrega assinado em 14 de junho de 1946. Simbolicamente, as chaves são depositadas nas mãos da religiosa de quem tinham sido arrebatadas, em 10/10/1910, irmã Maria de Jesus.

Após as necessárias obras de reparação e limpeza, no dia 12 de janei­ro de 1947, as carmelitas saem da Quinta de Santo António, aos Lóios, e regressam solenemente ao seu convento. E para a irmã Maria Isabel de SantaAna foi efetivamente um regresso: tendo professado em 1905, foi expulsa em 1910, esteve exilada 23 anos, regressou a Coimbra em 1922, reentrou no seu convento em 1947, onde veio a falecer em 1959. O seu capelão nessa data, cónego Manuel dos Santos Rocha, será elevado ao bispado de Coimbra em 1948.

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Carmelita em oração

Desde então a comunidade tem florescido e daqui saíram algumas professas para fundar outras comunidades: em 1970 saíram 4 irmãs para fundarem um novo Carmelo em Braga e em 1994 saiu outro grupo de 7 irmãs para abrir um novo Carmelo na Guarda (e já em 1780 haviam saído 5 irmãs para a fundação do Carmelo de Viana do Castelo).

Em 1948, o Carmelo de Santa Teresa recebeu a sua irmã mais famosa deste século: a irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, ou irmã Lúcia, vidente de Fátima, que aí permaneceu até ao seu falecimento, em 2005.

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Estátua da Irmã Lúcia, inaugurada em 2013

No muro da frontaria do convento, voltado a norte, foi instalado um grande painel de azulejos comemorativo do centenário do seu nascimento;

Recriação da cela.jpg

Recriação de uma cela

e junto ao muro do lado nascente foi construído um memorial, aberto em 2007, que permite ao público ver objetos que usou ou relacionados com a sua vida, bem assim como imaginar o dia‑a‑dia “na modéstia, na simplici­dade e despojamento”, próprio daquela comunidade.

Guedes, G.M.F. O Convento de Santa Teresa de Jesus de Coimbra: inventário do acervo documental. In: Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra. Vol. 26 (2013). Pg. 65 a 80.

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por Rodrigues Costa às 17:17


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