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O conde do Ameal, Dr. João Maria Correia Aires de Campos, após a morte de seu pai, resolveu mandar construir, no cemitério da Conchada, um mausoléu condigno, de acordo com o seu estatuto social e com a fortuna pessoal que detinha.
Jazigo dos Condes do Ameal
… Embora seja, normalmente, atribuída a paternidade do edifício ao escultor [Costa Mota (Tio)] e até eu mesma já o tenha, com base nas notícias da época, escrito, a verdade é que atualmente perfilho outra posição.
O arquiteto Augusto de Carvalho da Silva Pinto que nasceu em Lisboa a 7 de Maio de 1865, projetara, em 1892, de parceria com Costa Mota, o monumento a Afonso de Albuquerque que se ergue em Lisboa na antiga praça de D. Fernando, hoje chamada do Império.
Jazigo e monumento
… Parece-me lícito pensar que Silva Pinto, ao mesmo tempo que traçou a silhueta do monumento lisboeta, embora a estudar em Paris, tenha projetado o jazigo que Costa Mota se encarregou de acompanhar na sua execução.
… Como quer que seja perece-me, até pela proximidade cronológica existente entre o projeto do monumento a Afonso de Albuquerque (1892) e a feitura do panteão conimbricense (1893), que não é descabido atribuir a autoria do neogótico jazigo dos condes ao lápis de Silva Pinto.
A capela tumular, “feita de pedra lioz de primeira qualidade, dos jazigos de Pero Pinheiro” custou ao seu proprietário 20 contos de réis, acrescidos de mais dois que se destinavam a custear a compra do terreno. Situa-se numa verdadeira praceta, como não há outra em todo o cemitério e é visível não só dentro do recinto, como também de vários pontos da cidade. O local de implantação do moimento no recinto foi escolhido bem de acordo com os teres e haveres do proprietário e com a sua condição social.
Capela com “o primeiro corpo em fórma de prisma octogonal” apresenta uma “cupula em pyramide, terminada por uma figura, representando a religião, de 2,m60 de altura”. O pórtico central devia ter (mas não tem), “duas figuras, terminando com um frontão, encimado com uma cruz. Desde a base até á cabeça da figura da religião mede 17 metros e meio”. O jazigo, no seu todo, mostra uma filiação muito próxima da batalhina Capela do Fundador sobretudo a partir do segundo piso e tendo em conta a inexistente, na atualidade, agulha terminal.
António Augusto da Costa Mota, nos primeiros dias de novembro de 1893 deslocou-se a Coimbra para tratar de assuntos relacionados com a construção do grande mausoléu que “será uma obra prima no seu genero em Portugal” e deixou encarregado de, na sua ausência, dirigir os trabalhos, o arquiteto Júlio César Bivar.
Jazigo dos Condes do Ameal. escultura
Jazigo dos Condes do Ameal, porta
Jazigo dos Condes do Ameal, esculturas da porta
Jazigo dos Condes do Ameal, interior 1
Jazigo dos Condes do Ameal, interior 2
Jazigo dos Condes do Ameal, interior 3
Jazigo dos Condes do Ameal, interior 4
Anacleto, R. Catálogo. In: O Neomanuelino ou a reinvenção da arquitetura dos descobrimentos. 1994. Lisboa, Comissão Nacional para as comemorações dos descobrimentos portugueses. Pg. 198-199
Tags: Coimbra séc. XIX, Cemitério da Conchada, Jazigo dos condes do Ameal
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