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O Arquivo da Universidade de Coimbra acaba de publicar em https://www.uc.pt/anossauc/centrodoconhecimento/visita_regia/, mais um interessante documento que se reveste de particular interesse dado que retrata usos e costumes totalmente diferentes dos praticados na atualidade.
Acrescentamos, apenas, uma pequena explicação relacionada com a ponte da Água das Maias, referida no texto, por a maior parte das pessoas já não a conseguir identificar nem localizar.
Foto Varela Pécurto. In: Voar sobre Coimbra. Produção BDMP, Lda. para as 24 horas Culturais de Coimbra, 2013. Imagem cedida por Carlos Ferrão
De acordo com o que José Pinto Loureiro escreve no volume I da sua Toponímia Coimbrã, pg. 27-30, Água de Maias é um topónimo documentado na cidade desde finais do século XII. Na zona, em época não identificável, foi construída uma ponte de pedra sobre a Ribeira de Coselhas, ligando a rua da Figueira da Foz à do Padrão. Por essa ponte passava todo o trânsito que se dirigia para o norte do País e o que dali vinha em direção à cidade de Coimbra.
Corresponde à atual Rotunda de Água de Maias, nome que lhe foi atribuído pelo Município de Coimbra através de uma deliberação de 17 de julho de 1959, mas que, comummente e erradamente, é conhecida por rotunda da Casa do Sal.
Por isso, com a devida vénia, apresentamos e transcrevemos o que, acerca dele, foi dito.
O Reitor da Universidade, Basílio Alberto de Sousa Pinto, fez publicar, em 26 de novembro de 1860, o programa aqui apresentado saído da Imprensa da Universidade. Deste programa constava, precisamente, a forma como o Rei D. Pedro V deveria ser recebido, nos dias 27 e 28 de novembro de 1860.
AUC-IV-3.ªE-9-2-1.
Revela todos os passos dessa visita, cujas manifestações de júbilo, pela presença régia, se fizeram logo sentir, com o lançar de girândolas de foguetes e o repicar do sino da Torre da Universidade, mal foi avistada, por uma vigia que ali estava na Torre, a chegada do cortejo real, à ponte da Água das Maias.
D. Pedro V, por W. Corden. Imagem acedida em Pedro V de Portugal - Bing images
No seu regresso de uma viagem ao Porto, à Exposição Agrícola, parou em Coimbra por dois dias, visitando a Universidade e seus departamentos. Presidiu à entrega dos prémios aos alunos, no dia 28, a que se seguiu o beija-mão real, por todo o Corpo Académico. D. Pedro V manifestou o desejo de regressar, mais demoradamente, num ano próximo, visita que não foi concretizada, pelo falecimento prematuro do monarca, em 1861.
D. Pedro V, imagem acedida em Pedro V de Portugal - Bing images
AUC. Visita Régia de D. Pedro IV à Universidade. Coimbra, 26 de Novembro de 1860. Acedido em
https://www.uc.pt/anossauc/centrodoconhecimento/visita_regia/
Prosseguindo no cumprimento dos objetivos traçados que passam por divulgar documentos com interesse existentes no Arquivo da Universidade de Coimbra, inéditos ou praticamente desconhecidos do público, a ilustre investigadora Dr.ª Ana Maria Bandeira debruçou-se, recentemente, sobre a documentação relativa à presença, no acervo do referido Arquivo, de registos relacionados com a conhecida figura do apelidado “padre voador”.
Com a devida autorização, partilhamos este relevante texto.
No final de julho (não há indicação de mês, mas, habitualmente, eram feitas as reuniões das informações no final de julho ou início de agosto) de 1720 “na salla da Universidade”, certamente a Sala dos Capelos, teve lugar a reunião para a atribuição das informações gerais, ou informações finais, do ano letivo de 1719-1720.
Fig. 1 - Informação final de Bartolomeu Lourenço de Gusmão, como Doutor em Cânones (penúltimo da lista) - (AUC - IV-1.ªD-2-1-52)
Quando se matriculou na Faculdade de Cânones, em 1 de dezembro de 1708, com o nome de Bartolomeu Lourenço, já como sacerdote, desconhecia-se, ainda, a célebre figura em que se tornaria, no ano seguinte, devido ao prodigioso invento de um aeróstato, recebendo, por isso, o epíteto de “padre voador”. Era o primeiro balão de papel que se ergueria no ar, sem fazer grande voo, tendo recebido do Rei D. João V a exclusividade da construção de “máquinas voadoras”. A primeira apresentação pública, feita em Lisboa, no Palácio Real, não teve sucesso e o balão ardeu, sem ter feito qualquer voo. Só numa segunda tentativa, em 8 de agosto de 1709, se ergueu no ar, em voo de 4 metros de altura. A ”passarola voadora”, de que se conhecem diversos desenhos e gravuras, não seria mais do que um projeto que o engenhoso inventor nunca chegou a construir.
Fig. 2 - Bartolomeu Lourenço de Gusmão, filho de Francisco Lourenço, “de Santos no Brazil” recebeu como informação M.to Bom estudante.
O período em que esteve ausente da frequência universitária, entre os anos de 1710 a 1717 ficou a dever-se a ausências para o estrangeiro, no sentido de aperfeiçoar os seus conhecimentos aerostáticos.
Regressado à Universidade, viria a obter o doutoramento na Faculdade de Cânones, em 16 de junho de 1720.
Dois outros estudantes brasileiros, seus contemporâneos, figuram na mesma folha de registo de informações finais. São eles o Padre Vicente Correa Gomes, de Pernambuco e o Padre José Ferreira de Abreu, do Rio de Janeiro.
No final da atribuição das informações finais (vide fl. 50v) encontram-se as assinaturas de quem presidiu à reunião: o Reitor Pedro Sanches Farinha de Baena e os lentes Manuel Borges de Cerqueira, Francisco de Almeida Cayado, Manuel da Gama Lobo e Giraldo Pereira Coutinho.
Fig. 3 - Gravura francesa com representação da “passarola”. De acordo com a legenda da gravura, teria espaço para dez viajantes.
Bandeira, A.M. 2021. O inventivo Bartolomeu de Gusmão, “padre voador”, aluno da Universidade de Coimbra. Acedido em
Está a decorrer um conjunto de visitas guiadas à Igreja de Nossa Senhora da Graça que habitualmente está encerrada, só abrindo para as Celebrações Eucarísticas.
Estão ainda livres as seguintes datas: 3.ªs feiras, dias 7 e 14 de setembro; 5.ªs feiras, dias 2 e 9 de setembro; e sábados, dias 4 e 11 de setembro.
As visitas decorrem em dois horários, às 11h00 e às 15h00 e implicam a prévia inscrição para o telemóvel 924 448 266.
Folheto de divulgação
Realizamos ontem esta visita. Foi tempo bem empregue, foi a possibilidade de melhor conhecer uma das igrejas da Rua da Sofia, todas elas tão pouco conhecidas.
Igreja de Nossa Senhora da Graça, exterior
Igreja de Nossa Senhora da Graça, interior
Trata-se de uma igreja bela na sua sobriedade e despojamento, enriquecido que por retábulos de belo efeito,
Igreja de Nossa Senhora da Graça, Capela-mor
Igreja de Nossa Senhora da Graça, Retábulo do Senhor dos Passos. Foto Nelson Correia Borges
Quer, ainda, pela estatuária ali existente.
Imagem de Nossa Senhora da Graça
Imagem de S. Agostinho
Uma visita que se recomenda, enriquecida pelo trabalho bem informado e simpático da Guia,
Rodrigues Costa
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