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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 20.04.21

Coimbra: Comedia Sobre a Devisa da Cidade de Coimbra 2

I - DAS ARMAS DA CIDADE DE COIMBRA [Cont.]

As modificações posteriores seriam meramente ao nível cromático e dos ornatos exteriores do escudo, nomeadamente no que ao coronel e mais tarde à condecoração diz respeito, sendo estas as armas iluminadas pelo Rei de Armas Índia, F. Coelho no Thesouro da Nobreza e publicadas na obra de l. de V. Barbosa - As cidades e Villas da monarquia portugueza que têm brasão de armas, e vigorariam até à fixação das armas pela Portaria n.º 6959 de 14 de Novembro de 1930. Seria este diploma legal que produziria incompreensivelmente as maiores modificações nas armas desde a sua origem, ao introduzir dois escudetes de Portugal antigo em chefe e ao alterar a relação da figura feminina com o cálice, modificando ainda os esmaltes nomeadamente ao dotar a taça de ouro de um incompreensível e inexplicável realçado de púrpura.

Figura 3 - Armas da cidade de Coimbra.JPG

Figura 3 - Armas da cidade de Coimbra. Iluminura do armorial de Francisco Coelho (1675, f. 11)

Figura 4 — Armas da cidade de Coimbra.jpg

Figura 4 — Armas da cidade de Coimbra. Publicadas por Inácio de Vilhena Barbosa (1860, s.p.)

Figura 5 – Armas da Cidade de Coimbra.JPG

Figura 5 – Armas da Cidade de Coimbra de acordo com a Portaria n.º 6959 (1930, P. 2031)

GIL VICENTE E O SIMBOLISMO DAS ARMAS DE COIMBRA

Estado da questão

F. de S. A. de Azevedo na coluna que assinava no boletim do Instituto Português de Heráldica, titulada de "Meditações Heráldicas", dedica a décima sétima dessas meditações a esta peça num pequeno artigo que designou por "Gil Vicente heraldista, breves apontamentos", estudo este que seria posteriormente citado pelo marquês de Abrantes em "O Selo Medieval de Coimbra e o seu Simbolismo Esotérico". S. A. de Azevedo limita-se a deixar registado o que é avançado por Vicente, havendo a registar algo de muito relevante no artigo em apreço, quando o investigador chama a atenção para um aspeto que os diversos textos relativos à peça normalmente parecem omitir e que se reporta à questão da própria dramaturgia e encenação, quando refere que o final da comédia passa pela recriação em palco das armas da cidade de Coimbra, um momento protagonizado por atores com recurso à cenografia e adereços relativamente raro e muito interessante em termos heráldicos.

M. Nunes fez um levantamento de imagens das armas da cidade de Coimbra limitando-se a fazer uma síntese do argumento da peça e cita a fala de Colimena onde esta descreve o brasão.

A. Clemente que explora o parentesco entre a emblemática e a "mascarada cortesã" refere, quanto à questão heráldica, que Vicente foi instaurador ao ter-se adiantado relativamente ao que era feito em outros países já que criou textos teatrais a partir de armas.

… Mateus, que estudou aprofundadamente a peça, na obra Devisa refere justamente o que a peça é: "(...) uma história cavaleiresca inventada, mas que finge existir antes," sendo dos poucos que analisa e propõe uma reconstituição da encenação vicentina em Coimbra, nomeadamente da última cena em que é recriado o brasão-de-armas da cidade.

A. P. de Castro no texto sob o título de "A "Comédia sobre a divisa da cidade de Coimbra", relativamente à matéria heráldica, limita-se a fazer uma síntese de algumas das leituras simbólicas das armas de Coimbra. [Em nota de rodapé é acrescentado que relativamente a frei Bernardo de Brito que "(.. .) aduzindo documentos naturalmente fictícios, do cartário do Mosteiro de Alcobaça, conta na Monarquia Lusitana como Ataces, rei dos Suevos, ganhara Coimbra”].

Mais recentemente Sales Machado em “A Imagem do Teatro” aborda esta peça, mas, estranhamente, jamais analisa a relação do texto com a realização plástica da heráldica conimbricense. Sales Machado por um lado cita, mas posteriormente escamoteia uma muito importante ligação entre as artes visuais e a encenação vicentina ao não dar a importância devida à representação heráldica.

Por fim, P. M. M. Faria refere que "Quem une, portanto, os textos Divisa e Nau, é o móbil da sua criação intrínseco na sua função celebrativa, numa altura privilegiada para a corte exibir e consolidar o seu status mundi, perante si mesma e perante o mundo."

 

Alexandre, P.M. Uma patranha heráldico-genealógica de Gil Vicente: «A comedia sobre a devisa da cidade de coimbra» e o brasão-de-armas de Coimbra. In: Alicerces. Revista de Investigação, Ciência Tecnologia e Arte. Ano VI, n.º 6. 2016, julho. Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa. Pg. 65-88. Acedido em https://repositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/8644/1/revista_alicerces6_2016_pv.pdf.

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por Rodrigues Costa às 10:24


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