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No parecer sobre as armas de Coimbra, que formulei em setembro de 1930, transcrevi umas referendas feitas pelo Sr. Dr. Simões de Castro num trabalho intitulado «O Brasão de Coimbra» e publicado em 1895 na revista «O Instituto».
Os dois últimos selos de Coimbra: à esquerda, o que se usou até 1930: à direita o atual.
Era o seguinte
No «Catalogo dos bispos de Coimbra» de Pedro AIvares Nogueira (manuscrito existente no cartório da Sé d'esta cidade, hoje publicado nas «Instituições Christãs» por diligencia do sr. Cónego Prudêncio Quintino Garcia) havíamos lido a pág. 7: As armas de que usava esta cidade não eram as que agora vemos comummente pintadas; mas era somente um rosto de uma mulher com uma touca grande, e as pontas da touca lhe chegavam até ao ombro de cada parte e com uma coroa de rainha na cabeça … Depois. disto usaram de outras armas, que eram um vaso no qual aparecia uma mulher dos peitos para riba com uma coroa na cabeça. E ao pé do vaso estava uma cobra que parece que andava… Depois se mudaram estas armas da maneira por que vemos, porque puseram neste vaso de uma parte uma serpente, da outra um leão; a razão destas mudanças e das armas deixamos aos curiosos.
O primeiro dos treze selos citados por Pedro Alvares Nogueira, consistia apenas n'um busto de uma «Mulher com uma touca grande, as pontas da touca lhe chegavam até ao ombro de cada parte e com uma coroa de rainha na cabeça.» [Este selo foi casualmente encontrado pelo] Sr. Dr. Rui de Azevedo, quando procedia a buscas de assuntos diferentes, no Arquivo da Torre do Tombo, Caixa 25 da Coleção Especial, 2.ª parte.
Dos documentos assim selados, segundo a amável leitura do Sr. Dr. Laranjo Coelho, consta o seguinte:
Carta de venda de urna vinha, no sitio denominado Algeara, termo de Coimbra, que fazem Egídio Salvador e sua mulher D. Maria, a Domingos Fernandes, clérigo, datada do mês de novembro da era de 1278. Tem pendente um sêlo de cera vermelha com a inscrição que parece dizer – Sigillum Concilie Colimbrie – Maço 3. Caixa 25, Parte II da Coleção Especial.
Carta de venda de uma casa com sobrado que fazem Pedro Gonçalves Chasco e sua mulher, a João Fernandes, clérigo, de Coimbra, datada do mês de julho da era de 1283 (1245). Tem pendente um selo de cera vermelha no qual parece ler-se a inscrição Sigillum Concilie Colimbrie – Maço 3. Caixa 25, Parte II da Coleção Especial.
Sigillum Concilie Colimbrie
Por aqui se demonstra que até 1245 era usado este selo.
O Dr. Simões de Castro, mais adiante, no seu trabalho citado, refere-se a um escrito de 1265 que já descreve o selo com a cobra e a taça, ou seja, o selo que aparece no documento da aclamação de D. João I em 1385. Esta referência é tirada de um manuscrito de D. José de Cristo, existente na Biblioteca Pública Municipal do Porto.
Este elemento será verídico? De facto, em 1265 já teria aparecido este selo? Por enquanto, o único documento conhecido com tal é de 1365, e assim atribuir poderíamos atribuir os acrescentamentos feitos às armas de Coimbra, ou a factos da vida do Rei D. Dinis e de sua mulher a Rainha Santa Isabel, ou à vida de D. Inês de Castro.
© DGPC| Arquivo do MNMC. 6344, E594
© DGPC| Arquivo do MNMC. 6347, E597
É este outro ponto que falta esclarecer: saber a data exata em que foi acrescentado o selo de Coimbra com a cobra, a taça, as flores e os escudetes das quinas acompanhando o busto que já vinha do selo anterior.
Dornelas, A. Os Selos da Cidade de Coimbra. In: O Instituto, Vol. 88.º. 1935. Pg. 5-16. Acedido em https://digitalis-dsp.uc.pt
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