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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 13.02.20

Coimbra: Apresentação da obra António Nogueira Gonçalves – Colaboração em Publicações Periódicas

O Professor Doutor Vítor Serrão publicou um texto com a intervenção que proferiu no passado dia 6 na Casa Municipal da Cultura, aquando da apresentação da obra António Nogueira Gonçalves – Colaboração em Publicações Periódicas.

Mesa com a obra.jpg

A obra 

Aspeto da sala.jpg

Aspeto da sala aquando da apresentação da obra

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O Professor Doutor Vítor Serrão a apresentar a obra

Transcrevemos, para conhecimento dos nossos Leitores, os aspetos mais relevantes da sua alocução.

O livro agora editado, em dois volumes num total de mais 1.100 pp., reúne cerca de 580 artigos publicados na imprensa regional, em catálogos de exposições e pequenas brochuras e monografias, escritos entre 1921 e 1991 pelo Padre António Nogueira Gonçalves (1901-1997; alguns, textos juvenis e de testemunho intimista, saíram sob pseudónimo de Berta Maria). Trata-se de uma colectânea de artigos saídos no «Diário de Coimbra», no «Correio de Coimbra», no «Notícias de Penacova», no «Novidades» e em «A Comarca de Arganil», entre outros.
… Deve dizer-se, antes de mais, que todos estes artigos de jornal estavam condenados a constituir pura letra morta, ou apenas e só matéria para citação esporádica de pontuais estudos eruditos, não fora o empenho e coragem dos dois coordenadores, os historiadores de arte Regina Anacleto e Nelson Correia Borges, ambos antigos alunos do Padre Nogueira Gonçalves, que cumpriram esta magna tarefa, com o apoio da Edilidade de Coimbra que, ao dar forma de volume aos textos, contribuiu para que eles pudessem ter, agora, estrutura, ordem, e voz.
E que textos são! Magníficos e refrescantes de estilo, alguns deles, muito actuais, mostram o empenho de alguém que pretendeu sempre distribuir os saberes histórico-artísticos fora do conforto das «torres de marfim» académicas, numa linguagem clara e rigorosa, que se estendeu também às muitas centenas de pp. escritas para o Inventário Artístico de Portugal da Academia Nacional de Belas Artes, de que foi, na senda de Vergílio Correia (1888-1944), um dos mais destacados inventariantes.
… Constituem aquilo que hoje chamamos Micro-História da Arte. O primeiro artigo de arte data de 1921, com apenas vinte anos, e trata de um ignoto arco românico na igreja de Pomares (Arganil), abrindo caminho a mais setenta anos de intensa e generosa partilha de escritos. Alguns desses textos, como diz no feliz preâmbulo José d’Encarnação, destacado epigrafista e arqueólogo que foi, também ele, discípulo do Padre Nogueira Gonçalves, são escritos «em linguagem esbelta e chã», uma linguagem de quase oralidade, intuível, longe dos ‘barroquismos’ feitos de muitos adjectivos ocos, mas com um rigor descritivo e um poder testemunhal que confirmam o rigor gigante deste autor matérias de história, arquitectura religiosa, militar e civil, urbanismo, arqueologia, epigrafia, numismática, pintura, escultura, têxteis, cerâmica, heráldica, museus, exposições, inventariação artística, etnografia e artes populares, lendas e demais narrações imaginosas, etc etc.
… O Padre Nogueira Gonçalves era uma espécie de lenda para quem estudava História da Arte na Universidade de Coimbra, cujo ensino ajudou a renovar e fortalecer na senda do Prof. Vergílio Correia, seu amigo, mestre e companheiro de brigadas no Inventário da Academia Nacional de Belas-Artes. Nos anos em que passei pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde intervim em congressos (desde 1983), leccionei, e fiz o meu doutoramento (1992), o Padre Nogueira era uma presença constante e referencial. O Instituto de História da Arte da FLUC, criado por Pedro Dias, seu discípulo, era então o mais importante do país, espécie de laboratório vivo onde confluía tudo o que de melhor havia na História da Arte nacional e internacional. Sendo colega, nesses anos, de Regina Anacleto e Nelson Correia Borges, os dois historiadores de arte que coordenaram esta obra (bem como de outros docentes, todos eles antigos alunos do Padre Nogueira), pude sentir quão venerado ele era por essa geração de historiadores de arte que seguiam o mesmo trilho. Era um nome sempre citado como equivalente a probidade e rigor, uma espécie de sábio formatado tanto na erudição das bibliotecas e gabinetes como no pó dos arquivos e, sobretudo, na intimidade com que vivia e sentia o campo, a paisagem, as pequenas aldeias e vilas, a realidade micro-artística das terras por onde trabalhou, em são convívio com as obras de arte. Desse olhar intimista e poético dão conta muitas das pp. desta obra, atenta à diversidade dos patrimónios em apreço.
... O livro agora editado pela CMC, com organização modelar de Regina Anacleto Nelson Correia Borges, é valorizado por índices onomástico e toponímico, que ajudam os leitores a descobrir os seus conteúdos específicos. Urge que o livro seja editado em CD Rom em suporte digital, a fim de poder ter a mais vasta difusão que, indiscutivelmente, merece e exige!

Texto acedido em:
www.facebook.com/notes/vitor-serr%C3%A3o/ant%C3%B3nio-nogueira-gon%C3%A7alves-colabora%C3%A7%C3%A3o-em-publica%C3%A7%C3%B5es-peri%C3%B3dicas/2865745293446940/   

Imagens acedidas em:
file:///C:/Users/Utilizador/Desktop/Livro%20Dr.%20Nogueira.%20Total/003.%20Apresentação/2020.02.06.%20Lançamento%20do%20livro/Câmara%20lança%20obra.html


Tags. Coimbra séc. XX, Coimbra séc. XXI, António Nogueira Gonçalves – Colaboração em Publicações Periódicas, Vítor Serrão, Regina Anacleto, Nelson Correia Borges

 

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por Rodrigues Costa às 10:08


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