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Sob esta epígrafe publicamos há algum tempo um conjunto de informações relativas ao que foi “tirado” do Mosteiro de Santa Cruz e levado para o Porto.
O entendimento das razões desse facto e do que foi levado é possível conhecer a partir do trabalho de Rocha Madaíl que iremos passar a utilizar. Nesta entrada iremos procurar compreender as razões que estavam subjacentes à ira liberal contra o Mosteiro, começando com a seguinte citação de um documento divulgado por Madaíl no trabalho em apreço. Trata-se de uma carta datada de 30 de Maio de 1834 dirigida pelo Sub Prefeito Interino Joze Maria Ribeiro de Castro, ao Corregedor da Comarca de Coimbra, Manuel Homem Rebelo Freire de Almeida.
Sendo publico, e notorio que o Prelado Geral do Convento de S.ta Cruz desta Cidade, e mais quatro Religiosos Conventuaes do mesmo Mosteiro, se evadirão, e abandonarão aquella Caza na occazião da entrada das Tropas Fieis [8 de Maio de 1834] nesta Cidade e Acclamação do Governo Legitimo de S. M.J. o Duque de Bragança Regente em nome da Rainha; e sendo de igual notoriedade publica que o referido Prelado serviu hostilmente contra o Governo do Mesmo Augusto Senhor, na qualidade de Commandante, de hum Corpo de Voluntarios, e não menos sabido que o mesmo Convento, recebeo alguns Religiozos dos Conventos Abandonados da Serra, Grijó, em cujos termos hé considerado Supprimido… nomeio a V.S.ª para proceder sem perda de tempo ao Inventario do referido Convento … Sirva-se igualmente enviar-me uma hua relação Nominal de todos os Religiozos do Convento.
Mosteiro de Santa Cruz, fachada da igreja.Coleção Regina Anacleto
… Sobre o drama político, em que desde sempre se consubstanciou a gloriosa mas acidentada vida de S.ta Cruz de Coimbra – arrastada, nos últimos tempos, pelo torvelinho das violentas paizões que dominavam a época e às quais, a instituição não soube ou não pôde manter-se estranha – caía agora, com a frieza terminante do ofício acima transcrito, inglório e implacável, o pano do ultimo ato.
O que se lhe seguiu e aqui se relata, mais do que um epílogo, foi uma farsa que podemos perfeitamente isolar da vida daquela casa sete vezes secular; de comum com ela tem apenas o lugar da ação.
… Pelo que respeita a Santa Cruz de Coimbra é de notar que sempre o mosteiro gozara da fundada tradição de professar ideias antiliberais; com a vinda de D. Miguel a Coimbra em outubro de 1832, de caminho para o Porto, onde os liberais desembarcados no Mindelo se haviam instalado já desde 9 de julho, mais se arreigaram dedicações, e velhas simpatias absolutistas se concitaram.
Mosteiro de Santa Cruz, púlpito. Coleção Regina Anacleto
O Rei [D. Miguel] chegou a Coimbra no dia 20, mas desde 12 que o seu Estado-Maior se encontrava na cidade, e aquartelado justamente no mosteiro de Santa Cruz.
Madaíl transcreve de seguida um documento em que se descreve, minuciosamente. os preparativos para alojar D. Miguel e o seu séquito no Mosteiro, o que não veio a ocorrer pois este preferiu alojar-se no Paço da Universidade.
Mosteiro de Santa Cruz, túmulo de D. Afonso Henriques. Coleção Regina Anacleto
Prossegue Madaíl salientado que Conquanto não lograsse hospedar o monarca adentro de seus muros, o mosteiro recebeu-o nos dias 23 e 25 … vendo todo o convento, santuário e igreja; a pedido do Rei, foram abertos os túmulos de D. Afonso Henriques e D .Sancho I, patenteando-se-lhe, e à régia comitiva, a própria ossada do fundador da monarquia portuguesa.
Mais adiante acrescenta que Na noite de 7 para 8 os miguelistas abandonavam Coimbra às quais se juntaram … o Geral de Santa Cruz e mais quatro Cónegos; para a identificação destes últimos não dispomos de elementos suficientes; mas o Geral sabemos que era D. João da Assunção Carneiro.
… Primeira consequência do abandono do Paço episcopal e do Mosteiro de Santa Cruz por parte, respetivamente, do Prelado e do Prior Geral, foi a instalação das tropas liberais nestes edifícios.
Madail, A.G.R. 1949. Inventário do Mosteiro e Santa Cruz à data da sua extinção em 1834. Separata revista e aumentada da Revista O Instituto , vol. 101, 1943, acedida em:
http://webopac.sib.uc.pt/search~S17*por?/tinstituto/tinstituto/1,291,309,E/l856~b1594067&FF=tinstituto&1,1,,1,0
Com esta entrada iniciamos a divulgação de alguns artigos publicados por Nogueira Gonçalves entre 1921 e 1991, principalmente em jornais. Este texto, um dos que mais nos tocou, integra a obra recentemente editada pela Câmara Municipal de Coimbra, intitulada “A. Nogueira Gonçalves. Colaboração em Publicações Periódicas”, que teve a coordenação de Regina Anacleto e de Nelson Correia Borges.
É nossa intenção voltar, uma e mais vezes, a este livro de grande valor histórico, escrito de uma forma admirável pela sua beleza e singeleza.
Nada mais natural pensar que a antiga estrada da Beira até á Portela tenha seguido um traçado que a atual decalca; o próprio terreno parece indicar esse lógico trajeto; e, todavia, não se deu isso.
Deixaremos para outra vez o caminho da rua da Alegria, Arregaça, seguindo para Marrocos, o caminho da via longa como outrora se dizia.
A estrada da Beira partia não da ponte mas da parte alta, da porta do Castelo.
Sigamo-la.
Passada a porta da fortaleza tinha-se logo abaixo ao lado direito o caminho que permitia voltar á cidade pela porta da Traição; à esquerda a estrada de Entremuros que levaria a Fonte Nova, de onde se tomaria para a porta Nova ou rua das Figueirinhas ou ainda se cortaria a norte para o Montarroio.
Além de entrada principal da cidade travessas várias pois daí se tomavam; não faltaria a qualquer hora gente a calcorrear o ponto de separação viário.
Na parte mais plana, a do colo do monte, pedia um agregadozinho populacional. Coleção Regina Anacleto
Muito naturalmente o sítio, na parte mais plana, a do colo do monte, pedia um agregadozinho populacional. Ao lado direito, aonde vinha bater o muro da velha quinta dos crúzios, havia um, como hoje, em frente ao aqueduto. Prolongava-se mais que agora (e duma demolição recente ainda nos lembramos todos), fazendo uma correnteza de casas, tendo só encostadas aos arcos e em frente, portanto das outras umas duas ou três.
Tinha para o lado da Penitenciária a modesta capela de S. Martinho, e em ponto levemente anterior o oratório do Santo Cristo das Maleitas, transformação dum cruzeiro de caminho.
Era este o fatal bairro popular que precedia a entrada das cidades fortificadas. Tabernas, pequenos negócios, gente sem eira nem beira, vivendo em tugúrios e pronta a qualquer serviço humilde, a alombar todos os carregos, a encarregar-se de qualquer recado, tudo isso aí ficaria.
Sigamos o caminho, passando sob o arco principal, pois que a topografia foi modificada com o muro do jardim botânico. Era aqui o ladeirento e pequeno campo de Santa Ana, com o chafariz, donde seguia o caminho de Celas e cortava o da Beira para o novo bairrozinho, o de S. José, tirando o nome do colégio conventual de S. José dos Marianos (hospital militar).
Logo na esquina, tal como hoje, lá esperaria sem sombra de dúvida outra taberna aos que vinham da cidade e aos que cansara a ladeira que nós iremos descer.
Paremos e deixemos que os nossos olhos repousem a despedir-se das duas casas que as demolições deixaram em pé por uns breves dias.
Uma das coisas mais incompletas que há pelo campo das ciências é a geografia humana; em nenhum livro dos vários que dela se ocupam e que percorri (em nenhum!) encontrei este capítulo: – a taberna fulcro da fixação dos agregados populacionais. Valia a pena estudá-lo e escrevê-lo, que daria perspetivas novas a esta ciência.
A taberna atual deverá representar uma série infinda delas. Já ali beberam as tropas de Massena, para não falar em tempos mais antigos. Quantos almocreves, carreiros, gente de todo o género por ali não passou, quantos mendigos ali não trocaram uns tostõezinhos por um bom copo, compensador da miséria e do abandono, dando-lhes um verdadeiro antegosto dum céu particular!
Não há sensibilidade nesta desgraçada terra, não há amor da tradição, escusado será pedir à fria gente da Câmara para a conservar no meio dum larguito, enramada de larga parreira e com um loureiro a dar sombra. Dentro de dias o balcão esmurrado e nodoento será tirado, desaparecerá aquele soalho aonde cuspiram centenas de gerações! Exultaram os higienistas, como é de seu mau instinto, e eu entristecer-me-ei por saber que os malandros que hoje me pedem um tostãozinho não terão aonde o ir empregar sem tardança!
Capela de Santo Antoninho dos porcos, na sua atual localização. Coleção Regina Anacleto
Capela de Santo Antoninho dos porcos, interior. Coleção Regina Anacleto
Começava a descida e, à capela de Santo Antoninho dos porcos (pois que ali se fazia o mercado deles) passava o caminho pelo desvio angular que ainda ali se vê, para depois se meter pela ladeira calçada das Alpenduradas.
No fundo da descida, depois do mercado e das traseiras da fábrica, atingindo o vale, encontrava-se, como hoje, o começo do bairro do Calhabé e que se continuava esgarçadamente até perto da passagem de nível, sítio este aonde todos nós conhecemos umas casas baixas.
Numa destas parece que viveu o velho Calhabé. Coleção Carlos Ferrão
Numa destas parece que viveu o velho Calhabé, prazenteiro e bebedor, mas que fora homem de representação.
Já outrora ninguém pensaria que ainda fosse cidade o Calhabé, bem ao contrário do que os justos fados talharam e que começa a realizar-se: o Calhabé ser a cidade e Coimbra um pobre bairro do mesmo Calhabé!
Podia-se descansar um pouco que uma nova ladeira esperava o caminhante. Lentamente subia-se á Portela da Cobiça.
Portela da Cobiça. O que resta, no seu estado original, do percurso descrito
Lançado um último olhar à cidade afastada, transposto o colo, caminhava-se pelo vale transverso até ao rio, que depois se ia acompanhando para cima das Torres.
Local onde funcionava a “barca do Concelho”
Em frente aos Palheiros esperava-se que a barca do concelho viesse da outra margem e nos transportasse.
A cidade, aonde ficava ela!
Não vale a pena continuar só pela esperança de a tornar a ver do alto do monte, vencida a longa e áspera ladeira.
Lá seguiriam os viandantes, pelo cume, até Carvalho. Por Poiares, Almas da Serra, (S. Pedro Dias) iriam cair na Ponte de Mucela, aonde buscariam agasalho conforme a sua bolsa.
A serra máxima, a da Estrela do pastor, esperava-os. Quantas horas não levariam, moídos do mau piso e da distância! Tudo isso tão longínquo, não é verdade? E, todavia, para a gente da minha infância e um pouco mais velha, com a melhoria das diligências e da estrada a macadame, quão próximo e compreensivo, que os tempos anteriores se poderiam fazer surgir sem espanto; como tudo está longe, porém desta gente que já foi embalada num bom automóvel!
«Diário de Coimbra», 1952.12.25.
Gonçalves, A. N. 2019. António Nogueira Gonçalves. Colaboração em Publicações Periódicas. Coordenação de Regina Anacleto e Nelson Correia Borges. Prefácio de José de Encarnação. Coimbra, Câmara Municipal. Volume II, pg. 498-500
Na Sé Velha de Coimbra existe uma arca tumular, da qual reproduzimos o epitáfio:
AQUY JAZ HUU QUE EM OUTRO TEMPO FOY GRANDE BARON
SABEDOR E MUITO ELOQUENTE AUONDADO E RICO E AGORA
HE PEQUENA CINZA ENÇARADA EM ESTE MOIMENTO
E COM ELE JAS HUUM SEU SOBRINHO DOS QUAES HUN
ERA JÁ VELHO E OUTRO MANCEBO E O NOME DO TIO
SESNANDO E PEDRO AVIA NOME O SOBRINHO.
Este túmulo parece ter sido mandado fazer pelo Bispo Conde D. Jorge de Almeida, nos fins do XV século.
Sé Velha, com arca tumular de D. Sisnando, na sua primitiva localização
Sé Velha, com arca tumular de D. Sisnando, na sua primitiva localização, pormenor
Sé Velha, arca tumular de D. Sisnando, na sua atual localização
Tão curioso epitáfio certamente excitará a curiosidade do leitor. Quem era D. Sesnando? É o que veremos abaixo.
Não se sabe o ano em que nasceu, se bem que deveria ter sido na primeira metade do século XI. Todavia, conhece-se quem eram os seus pais: um rico moçárabe de nome David, senhor de Tentúgal e de outras terras no território conimbricense, e Susana, também dona de vastas propriedades no arrabalde de Santa Cruz. Por este motivo se depreende que Sisnando (ou Sesnando) era natural de Coimbra ou das suas imediações.
Segundo alguns historiadores, num «fossado», que era hábito fazer-se em terras do inimigo, terá sido aprisionado pelos sarracenos e levado para Sevilha. Herculano, porém, admite o ter sido Sisnando muçulmano, até mais tarde passar ao serviço de Fernando o Magno.
A verdade é que, uma vez em Sevilha, pelo seu talento e importantes serviços prestados, o amir Ibn Abbad lhe conferiu o cargo de viziar ou divã, na sua corte.
Mais tarde Sisnando abandona a Corte de Sevilha – fuga motivada, certamente, por descontentamento – e vai oferecer os seus serviços a Fernando, o Magno, rei de Leão e Castela, colaborando com o monarca na reconquista dos territórios da antiga Lusitânia, ao tempo em poder do Islão.
E assim temos o nosso biografado na reconquista de Coimbra, em 1064.
Como recompensa dos seus serviços, D. Fernando nomeia-o governador dos territórios reconquistados, além daquele ao sul do Douro, já pertencente ao Condado Portucalense. O próprio D. Sisnando assim no-lo diz em diploma do seu tempo.
… A Fernando Magno sucedeu o rei Garcia, seu filho, mas D. Sisnando, não lhe faz qualquer referência no diploma a que atrás aludimos, o que leva a crer que este – o Conde D. Sisnando – não gozou das boas graças do novo soberano; em contrapartida diz-nos que após a morte de Magno, obteve o reino «de seu filho, o gloriosíssimo rei D. Afonso (o VI), o qual (…) me confirmou tudo aquilo que seu pai ordenara e me assinou a carta de privilegio».
Era D. Sesnando casado com D. Ourovelido Nunes, filha de D. Nunes Mendo, governador dos territórios ao norte do Douro e que revoltando-se contra o dito rei Garcia, foi por este derrubado e morto na batalha de Pedroso, em 1071. D. Garcia confiscou os bens dos herdeiros de D. Nuno, entre os quais se contava, como é óbvio, seu genro Sisnando.
Não é por isso de admirar que D. Sisnando não faça qualquer referência a D. Garcia.
Foi notável a ação governativa de D. Sisnando, pelo povoamento da região recém-conquistada. Cantanhede, Tentúgal, Montemor-o-Velho, S. Martinho de Mouros, Armamar, Tarouca, Seia, Viseu, Lamego, Arouce, Penela, S. Martinho do Bispo, Alhadas e Figueira da Foz, contam-se entre as «villas» edificadas e cristãmente povoadas, durante o seu governo
Sé Velha. 1862 c.
Muito particularmente a cidade de Coimbra sentiu os efeitos da sua sábia administração. A ele se deve a restauração da sua Sé com a nomeação do Bispo Paterno, vindo de Santiago de Compostela a convite do próprio D. Sisnando, numa visita a essa cidade, em romagem de ação de graças pela tomada de Coimbra.
Também se deve a D. Sisnando a resolução do conflito havido entre os bispos de Orense e de Braga, a favor do último.
Por voltas de 1092 faleceu o Conde D. Sisnando deixando prósperos os territórios sob a sua alçada. Como já se disse jaz na Sé Velha.
Algum tempo depois Martin Moniz retirava-se para Arouca por ter passado o poder para as mãos do Conde D. Henrique.
Nelson Correia Borges
Coimbra, a ridentíssima cidade, decantada pelos nossos mais egrégios poetas, que tantíssimas vezes se tem extasiado perante a beleza incomparável dos seus arredores, povoados de luxuriantes pomares, e a amenidade sempre constante das formosas margens do Mondego. O deleitoso rio sobre a qual se debruçam os rumorosos salgueiros, enamorados da prata das suas águas; Coimbra a vetusta cidade, onde os seus carcomidos e tisnados monumentos, iluminados pelos clarões das façanhas épicas dos nossos antepassados, nos fazem evocar os cultos legendários de outras eras e as tocantes e sentimentais legendas que brotaram da imaginação popular, é uma das terras portuguesas, em que se encontra mais intensamente radicado o sentimento da religiosidade, que se manifesta de uma maneira exuberante nas esplendorosas solenidades religiosas que se celebram nos seus templos e a que o povo conimbricense, de índole essencialmente bondosa e sincera, se associa espontaneamente como para agradecer a Deus os mil e um encantos de que revestiu a Atenas portuguesa, o foco vivíssimo das ciências, de onde irradiam as luzes para todo o país.
… Mas como estávamos dizendo, são na verdade sumptuosas as festividades que costumam realizar-se na Sé de Coimbra; há, porém, uma que eclipsa todas as outras, tal é o brilhantismo que costuma assumir, tal é a riqueza que se apresenta perante a nossa vista fascinada: a festividade de Nossa Senhora da Boa Morte, feita a expensas da irmandade que possui o mesmo nome e que, desde 1723, se encontra ereta na capela particular na Catedral de Coimbra.
No tempo dos jesuítas e nos anos anteriores esta festa, que há anos passou a bienal a fim de lhe aumentar o esplendor, costumava fazer-se no segundo domingo de agosto, consoante as prescrições dos seus estatutos; como, porém, nesse tempo Coimbra se acha quase deserta em virtude da debandada de famílias que se retiram para as praias, e como todos se lastimassem que uma tão luzida procissão percorresse algumas ruas sem vivalma, a irmandade deliberou que este ano [1897] se celebrasse no dia 4 do corrente mês [de Julho], como se celebrou, com uma pompa extraordinária, tornando-se a útil instituição religiosa digna dos mais rasgados encómios.
Como o nosso intento é dar uma leve ideia dessa festividade, e como muitos dos nossos leitores podem ser interessados em saber os primórdios do culto pela Senhora da Boa Morte, principiaremos por apresentar uns ligeiros traços históricos relativamente a este assunto.
Foi em Roma que se instituiu a primeira irmandade sob o sugestivo titulo de Nossa Senhora da Boa Morte … os exercícios deviam realizar-se em todas as sextas-feiras do ano na Igreja da Casa professa da companhia de Jesus.
Em Lisboa estabeleceu-se a primeira irmandade no século XVII; outras cidades e povoações portuguesas seguiram o exemplo da capital, sendo somente instituída pelos jesuítas no Real Colégio de Coimbra no dia 15 de agosto de 1723.
…. Foi copioso o número de irmãos que se inscreveram logo depois da instituição da irmandade em Coimbra, concorrendo para isso as muitas graças e indulgências que por esse tempo foram concedidas em três breves particulares, pelo papa Inocêncio XIII.
A corrente de adesões redobrou quando o papa Benedito XIII expediu, a 23 de setembro de 1729, a bula especial que principia, «Redemptoris nostri Jesu Christi etc.» concedendo à congregação de Nossa Senhora da Boa Morte de Roma grande número de indulgências prerrogativas e isenções … Desejando a irmandade do colégio de Coimbra participar desses privilégios, resolveu agregar-se à de Roma, união que se efetuou a 8 de setembro de 1731.
… Este ano a festividade excedeu as dos anos anteriores, deixando deslumbrados os que tiveram a felicidade de a ver. Não falaremos da bonita ornamentação das ruas com festões e galhardetes e cuja iluminação produzia um belo efeito, nem do soberbo fogo que na véspera se queimou no Largo da Feira e em que os pirotécnicos de Coimbra mostraram mais uma vez os recursos de que dispõem, se bem que desejássemos extintas por completo essas velhas usanças de fogo preso, que podiam ser substituídas por um lauto bodo aos pobres, para nos ocuparmos exclusivamente do aspeto verdadeiramente majestoso que apresentava o amplo templo jesuítico que, como por encanto, perdeu a sua aparência pesada e fria, transformando-se numa mansão celestial…
A nossa paleta não possui tintas com que possa dar uma ideia do brilhantismo que imprimia a festividade o sumptuoso altar-mor, onde se ostentava descoberto o riquíssimo trono, chapeado de prata lavrada, e com o frontal e dossel do mesmo metal; os altares do transepto onde faiscavam riquíssimas pratas e que estavam ornamentados com discrição e bom gosto, e sobretudo a monumental eça, mandada fazer em Roma pelos jesuítas, que se elevava ao centro do cruzeiro, com uma profusão enorme de lumes e flores que lhe davam o aspeto de um formosíssimo jardim.
No centro da eça achava-se colocada a formosa imagem da Senhora da Boa Morte, mandada vir de Itália pelos jesuítas.
Sé Nova, imagem de Nossa Senhora da Boa Morte
A imagem, que é de cera e de escultura muito regular, veste ricamente e está deitada numa graciosa naveta de talha dourada e revestida de uma prodigiosa quantidade de mimosas florinhas.
De manhã a festividade teve a realçar a palavra inspirada no notável orador sagrado e talentoso lente de teologia sr. Dr. Porfírio da Silva, que produziu um discurso à altura dos créditos de que goza: de tarde saiu a formosa imagem em imponente procissão, que levava um grande número de anjinhos primorosamente vestidos.
Eis uma ligeira resenha, ao correr da pena, do que foi essa solene e esplendorosa, festa que pode ombrear com as que Coimbra dedica a Santa Isabel.
Sousa, A.J.V. A Festividade de Nossa Senhora da Boa Morte (Em Coimbra). In: Branco e Negro. Semanário Illustrado. 2.º ano. n.º 67, de 4 de Julho de 1897. Lisboa, Editora de António Maria Pereira.
O Professor Doutor Vítor Serrão publicou um texto com a intervenção que proferiu no passado dia 6 na Casa Municipal da Cultura, aquando da apresentação da obra António Nogueira Gonçalves – Colaboração em Publicações Periódicas.
A obra
Aspeto da sala aquando da apresentação da obra
O Professor Doutor Vítor Serrão a apresentar a obra
Transcrevemos, para conhecimento dos nossos Leitores, os aspetos mais relevantes da sua alocução.
O livro agora editado, em dois volumes num total de mais 1.100 pp., reúne cerca de 580 artigos publicados na imprensa regional, em catálogos de exposições e pequenas brochuras e monografias, escritos entre 1921 e 1991 pelo Padre António Nogueira Gonçalves (1901-1997; alguns, textos juvenis e de testemunho intimista, saíram sob pseudónimo de Berta Maria). Trata-se de uma colectânea de artigos saídos no «Diário de Coimbra», no «Correio de Coimbra», no «Notícias de Penacova», no «Novidades» e em «A Comarca de Arganil», entre outros.
… Deve dizer-se, antes de mais, que todos estes artigos de jornal estavam condenados a constituir pura letra morta, ou apenas e só matéria para citação esporádica de pontuais estudos eruditos, não fora o empenho e coragem dos dois coordenadores, os historiadores de arte Regina Anacleto e Nelson Correia Borges, ambos antigos alunos do Padre Nogueira Gonçalves, que cumpriram esta magna tarefa, com o apoio da Edilidade de Coimbra que, ao dar forma de volume aos textos, contribuiu para que eles pudessem ter, agora, estrutura, ordem, e voz.
E que textos são! Magníficos e refrescantes de estilo, alguns deles, muito actuais, mostram o empenho de alguém que pretendeu sempre distribuir os saberes histórico-artísticos fora do conforto das «torres de marfim» académicas, numa linguagem clara e rigorosa, que se estendeu também às muitas centenas de pp. escritas para o Inventário Artístico de Portugal da Academia Nacional de Belas Artes, de que foi, na senda de Vergílio Correia (1888-1944), um dos mais destacados inventariantes.
… Constituem aquilo que hoje chamamos Micro-História da Arte. O primeiro artigo de arte data de 1921, com apenas vinte anos, e trata de um ignoto arco românico na igreja de Pomares (Arganil), abrindo caminho a mais setenta anos de intensa e generosa partilha de escritos. Alguns desses textos, como diz no feliz preâmbulo José d’Encarnação, destacado epigrafista e arqueólogo que foi, também ele, discípulo do Padre Nogueira Gonçalves, são escritos «em linguagem esbelta e chã», uma linguagem de quase oralidade, intuível, longe dos ‘barroquismos’ feitos de muitos adjectivos ocos, mas com um rigor descritivo e um poder testemunhal que confirmam o rigor gigante deste autor matérias de história, arquitectura religiosa, militar e civil, urbanismo, arqueologia, epigrafia, numismática, pintura, escultura, têxteis, cerâmica, heráldica, museus, exposições, inventariação artística, etnografia e artes populares, lendas e demais narrações imaginosas, etc etc.
… O Padre Nogueira Gonçalves era uma espécie de lenda para quem estudava História da Arte na Universidade de Coimbra, cujo ensino ajudou a renovar e fortalecer na senda do Prof. Vergílio Correia, seu amigo, mestre e companheiro de brigadas no Inventário da Academia Nacional de Belas-Artes. Nos anos em que passei pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde intervim em congressos (desde 1983), leccionei, e fiz o meu doutoramento (1992), o Padre Nogueira era uma presença constante e referencial. O Instituto de História da Arte da FLUC, criado por Pedro Dias, seu discípulo, era então o mais importante do país, espécie de laboratório vivo onde confluía tudo o que de melhor havia na História da Arte nacional e internacional. Sendo colega, nesses anos, de Regina Anacleto e Nelson Correia Borges, os dois historiadores de arte que coordenaram esta obra (bem como de outros docentes, todos eles antigos alunos do Padre Nogueira), pude sentir quão venerado ele era por essa geração de historiadores de arte que seguiam o mesmo trilho. Era um nome sempre citado como equivalente a probidade e rigor, uma espécie de sábio formatado tanto na erudição das bibliotecas e gabinetes como no pó dos arquivos e, sobretudo, na intimidade com que vivia e sentia o campo, a paisagem, as pequenas aldeias e vilas, a realidade micro-artística das terras por onde trabalhou, em são convívio com as obras de arte. Desse olhar intimista e poético dão conta muitas das pp. desta obra, atenta à diversidade dos patrimónios em apreço.
... O livro agora editado pela CMC, com organização modelar de Regina Anacleto Nelson Correia Borges, é valorizado por índices onomástico e toponímico, que ajudam os leitores a descobrir os seus conteúdos específicos. Urge que o livro seja editado em CD Rom em suporte digital, a fim de poder ter a mais vasta difusão que, indiscutivelmente, merece e exige!
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Tags. Coimbra séc. XX, Coimbra séc. XXI, António Nogueira Gonçalves – Colaboração em Publicações Periódicas, Vítor Serrão, Regina Anacleto, Nelson Correia Borges
Como já referimos, decidimos complementar a primeira entrada com a descrição de cada um dos Autores relativamente à emoção sentida face à visão que a cidade lhes oferecia quando observada da margem esquerda do Mondego.
Gusmão utiliza uma prosa mais sóbria, mas também bela.
VISTA EXTERIOR DE COIMBRA
«Esta Coimbra, a formosa, sentada em seu monte de primavera; com o largo Mondego a seus pés, como barra de viva prata em seu manto verde,' dentro em o seu tão sereno horizonte, que parece jeito de um beijo risonho do Criador.
CASTILHO, Quadros históricos de Portugal».
As estradas, que do Porto ou de Lisboa conduzem a Coimbra, cortando comummente por brenhas serradas, descampados inférteis, pinhais extensíssimos mas sem majestade, e povoações pobres e derramadíssimas, preparam o caminhante com disposições de tristeza, para contemplar a cena de Coimbra, que, semelhante a uma pirâmide esculpida, se alevanta dominadora dos seus fresquíssimos e saudosíssimos arredores, e do tranquilo Mondego, que se revolve mansamente a seus pés, como uma fita branca lançada por meio de um tapete de verdura.
Quanto é bela a aparência desta multidão de casas, diferentes na fábrica, nas cores e na altura, entressachadas de góticos palácios, mostrando ainda pela forma acastelada, os longos séculos de sua existência!
Quando se deleita a vista na gradação variada, com que se vão apinhando os edifícios, aparecendo na crista do monte, como patriarca e rei de todos, o Paço Real das Escolas, com a sua torre quadrangular!
Torre da Universidade
Ou se aviste Coimbra, quando o astro do dia surgindo no horizonte espalha seus raios sobre a cidade, ou quando já vai a submergir-se no oceano para renascer mais brilhante e luminoso, ou enfim quando o pálido clarão de uma lua desmaiada apenas deixa ver indistintamente os objetos, sempre a Rainha da Beira aparece majestosa e com gracioso donaire; porém, em quadra nenhuma ostenta mais solene perspetiva que olhada do Monte da Esperança em noite bem escura.
Nos confins de um horizonte nubloso e melancólico, no meio de um silêncio profundo, enxerga-se a cidade, qual montanha longínqua. Espesso véu de negras sombras a envolve desde o viso até às raízes do outeiro; nem homens, nem animais, nem habitações se avistam; através, porém, do escuro manto reverbera o fulgor de numerosos lumes. É que, lampejando milhares de luzes para entre as vidraças das janelas, vem formar um contraste maravilhoso com a
escuridão da noite; e o vulto enorme da cidade, negrejando por entre a claridade destas luzes, amostra-se como fantasma gigante cercado de estrelas.
Vista geral de Coimbra
E que ideias não afluem ao pensamento, ao contemplar tão primoroso quadro?! Lembram esses palácios encantados, tão ricos de ouro e pedraria, de que nos belos dias da infância ouvimos embevecidos a mui longa e mui curiosa história,
Em verdade, Coimbra, a mais bem situada de todas as nossas cidades (embora Braga lhe dispute a preeminência, que a não beija um Mondego plácido e cristalino), e edificada em anfiteatro, oferece o mais formoso e encantador aspeto.
R. de Gusmão
Corte-Real, A.M.B. e Gusmão, F.A.R. 2020. Belezas de Coimbra seguido de Memória topográfica e descritiva de Coimbra e seus arredores. Recolha de textos e notas de Mário Araújo Torres. Lisboa, Edição Gráfica de Edições Ex-Libris.
Decidimos complementar a entrada anterior, inserindo mais duas. Nelas, cada um dos Autores em causa descreve, à sua maneira, a emoção sentida com a vista da cidade tomada da margem esquerda do Mondego.
Corte-Real narra a sua experiência dentro do contexto romântico em que viveu.
Quando sopra do nordeste algum vento forte, ouvem-se em grande distância os sinos do antigo Mosteiro de Santa Cruz. As suas vozes harmoniosas, trazidas por este espírito de Deus, excitam em nossa alma alegria saudosa e enchem-nos o coração de um entusiasmo religioso. Soam depois as horas na Torre da Universidade e nos vão marcando a longitude do dia e a rapidez da existência. Chega-se finalmente à extremidade da planície, onde começa a descer-se a montanha fronteira a Coimbra; gritam os arrieiros a um tempo: Olha a Torre da Universidade. Começam então a descobrir-se, pouco e pouco, os edificios de Coimbra, que está posta sobre os ombros de uma montanha, que nos fica defronte. Insensivelmente vai caindo a cortina que nos encobria a cidade e vê-se correr a seus pés um rio de prata sobre areias de oiro. Salve, rainha da antiga Lusitânia, salve, pátria das ciências: eis as vozes que arranca do peito do viajante a vista majestosa desta capital das luzes.
A torre do Mosteiro de Santa Cruz emerge do casario da cidade
Ó minha Júlia, que linda vista não é a de Coimbra em qualquer ocasião que a observemos daqui? Se a contemplamos pelo silencioso escuro de uma noite serena da primavera ou do verão, o seu grande vulto coberto de um largo manto de trevas todo estrelado de luzes que lá estão brilhando ao longe por entre as vidraças das janelas, figura-se-nos o corpo imenso de um enorme gigante com o seu vestido de sombras matizado de estrelas; se ao pálido clarão da lua, derramando por cima da cidade, do rio e dos campos a sua
luz misteriosa, Coimbra é então para nós um palácio de fadas, rico de ouro e pedrarias, semelhante àqueles com que os contos de Mil e Uma Noites nos dilatavam a imaginação nos dias da nossa chorada infancia; se ao romper da manhã, quando o sol vem saindo detrás da cidade entre ondas de luz por um horizonte todo iluminado de ouro e de rosas, julgamos estar vendo sair de seu palácio o rei dos dias para ir fazer o seu giro diurno pelos confins do universo; se enfim, de tarde começa a descer por entre as oliveiras da montanha ocidental, iluminando a cidade com as luzes multicolores do reflexo, Coimbra, com o rosto voltado para o ocidente parece-nos uma cidade encantada, dando ao sol que lhe dourava os campos os seus últimos adeuses mil sorrisos de luz.
Coimbra no período do romantismo
Vem agora prender-nos a atenção aquele monte de casas todas diferentes na cor, no risco e tamanho, entremeadas de góticos palá cios, que até por sua forma acastelada nos estão mostrando a diuturnidade dos séculos da sua prolongada existência; encantando-nos sobretudo os olhos a variedade com que todos os edifícios se vão apinhando uns sobre os outros, elevando-se mais que nenhum,
coroado com sua Torre e Observatório, o Palácio das Ciências.
É edifício majestoso: a sua torre altíssima, que se avista muitas léguas ao longe, parece um luminoso farol, que está despedindo raios
de sabedoria para todos os pontos da terra portuguesa, e, protegendo com suas asas os mais edifícios da montanha, entre os quais inculca certa majestade, que bem dá a conhecer que é a rainha de todos eles.
Corte-Real, A.M.B. e Gusmão, F.A.R. 2020. Belezas de Coimbra seguido de Memória topográfica e descritiva de Coimbra e seus arredores. Recolha de textos e notas de Mário Araújo Torres. Lisboa, Edição Gráfica de Edições Ex-Libris.
Na sequência da muito meritória tarefa a que meteu ombros, o Dr. Mário Araújo Torres colocou em letra de forma mais um livro, o terceiro, que nos trás à memória escritos relacionados com Coimbra e relegados, com o decorrer dos anos, para o esquecimento.
Capa do livro
Textos relevantes não só pelas informações que carreiam, mas também porque nos permitirem imaginar a cidade de Coimbra e as suas gentes no tempo em que foram escritos.
Coimbra deve ao Dr. Mário de Araújo Torres o agradecimento institucional pelo esforço e pela generosidade demonstrada.
Da badana da contracapa retiramos o que segue:
Prosseguindo no propósito de facilitar o acesso a publicações relevantes sobre a história de Coimbra de há muito esgotados e na sequência da reedição da «Conquista, antiguidade e nobreza da mui insigne e ínclita cidade de Coimbra», de António Coelho Gasco, e da «História breve de Coimbra: sua fundação, armas, colégios, conventos e Universidade» de António Francisco Barata, reúnem-se no presente volume duas obras de características diferentes, mas complementares: «Belezas de Coimbra», de António Moniz Barreto Corte-Real, e, sob o título «Memória topográfica e descritiva de Coimbra e seus arredores». recolha dos artigos da autoria de Francisco António Rodrigues de Gusmão sobre esta remática, dispersos por diversas publicações periódicas, que ele projetara reunir em volume, com a apontada designação, o que não chegou a concretizar.
Imagem do frontispício da edição de 1831
«Belezas de Coimbra», publicado pelo terceirense António Moniz Barreto Corte-Real, em 1831, quando estudante da Universidade, distingue-se pela sua superior qualidade literária. Enquadrado por cartas saudosas à sua “amada Júlia”, propõe-se levar ao meio do Atlântico a descrição da “terra que possui o seu amante” e fazê-la “admirar comigo os prodígios e encantos que a Providência liberalizou (…) à risonha Coimbra, que se está erguendo sobre as margens do Mondego, majestosa como o trono da sua sabedoria”.
Na reedição da sua obra, em 1855, Corte-Real assinalou:” Depois do meu livrinho têm aparecido em vários periódicos literários muitos e excelentes artigos sobre o mesmo assunto. Entre eles distinguem-se superiormente, pela profundidade e vastidão de conhecimentos arqueológicos, os do sr. Francisco António Rodrigues de Gusmão, a quem respeito e admiro”.
Francisco António Rodrigues de Gusmão
Em 1859, Inocêncio Francisco da Silva anunciou, no «Dicionário Bibliográfico Português, que o seu particular amigo e colaborador Francisco António Rodrigues de Gusmão projetava publicar uma obra intitulada «Memória topográfica e descritiva de Coimbra e seus arredores», em parte composta por artigos já saídos em publicações periódicas e no resto inédita, propósito que não chegou a concretizar.
Por isso se reputou adequado, na sua segunda parte do presente volume.
Corte-Real, A.M.B. e Gusmão, F.A.R. 2020. Belezas de Coimbra seguido de Memória topográfica e descritiva de Coimbra e seus arredores. Recolha de textos e notas de Mário Araújo Torres. Lisboa, Edição Gráfica de Edições Ex-Libris.
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