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A' Cerca de Coimbra



Sexta-feira, 30.08.19

Casa da Escrita: Reinício das Conversas abertas, 6 de setembro. 6.ª feira, às 18h00

 


Casa da Escrita 9.jpg

Casa da escrita (Rua Dr. João Jacinto Nº 8, telefone 239 853 590)

Tema:
UNIVERSIDADE DE COIMBRA. REFORMA ARQUITETÓNICA POMBALINA

Planta do projecto de remodelação da ala ocident

Planta do projeto de remodelação da ala ocidental do Paço das Escolas

Alçado do projecto de remodelação da ala ociden

Alçado do projeto de remodelação da ala ocidental do Paço das Escolas

No reinado de D. José, e após as modificações políticas, económicas, sociais e mentais operadas no país sob a batuta do marquês de Pombal, a reforma da Universidade de Coimbra torna-se uma necessidade imperiosa.
O primeiro ministro josefino chega à cidade a 22 de setembro de 1772, a fim de proceder à “refundação” da velha Universidade; começou por fazer «a entrega apparatosa ao Reitor dos novos Estatutos dentro de um saco de veludo» na «sala grande da Universidade».
Os Estatutos Novos que modificavam tanto a estrutura curricular, como a organização administrativa, a vida económica e até mesmo os ritos e as cerimónias, desde logo levantaram uma surda contestação ao estabelecimento do programa proposto, vinda sobretudo dos seguidores do escolasticismo medieval que, com todo o zelo religioso, se mostravam hostis às «doutrinas novas, peregrinas e perigosas», doravante ministradas neste estabelecimento de ensino.
A par com a reforma curricular tornava-se necessário encontrar espaços adequados à lecionação das novas matérias e é em torno deste assunto que vamos desenvolver a nossa “Conversa aberta”.

Palestrante: Regina Anacleto
• Professora jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
• Académica Correspondente da Academia Nacional de Belas-Artes (Lisboa).
• Académica Correspondente da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando (Madrid).
PUBLICAÇÕES MAIS RELEVANTES:
• Neoclassicismo e romantismo, em História da Arte em Portugal, vol. 10, Lisboa, Edições Alfa, 1987.
• Colaboração na História de Portugal (Direção de José Mattoso), Vol. V [O Liberalismo (1807-1890], Lisboa, Círculo de Leitores, 1993, p. 668-683.
• Arquitectura neomedieval portuguesa, 2 vols., Colecção Textos Universitários, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian/JNICT, 1997.
• El arte en Portugal en la época de Isabel La Católica, em Isabel La Católica, Reina de Castilla, Madrid-Barcelona, Lunwerg, 2002, p. 451-499.
• Reforma pombalina. Primeiros projectos arquitectónicos, “Rua Larga. Revista da Reitoria da Universidade de Coimbra”, [Caderno temático: O Paço das Escolas revisitado], 1, Coimbra, 2003, p. 8-13.
• Coimbra entre os séculos XIX e XX: ruptura urbana e inovação arquitectónica, em Caminhos e identidades da modernidade: 1910, o Edifício Chiado em Coimbra, Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Museu Municipal. 2010, p. 151-176.
• O Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018 (2.ª edição).

Após a intervenção inicial, seguir-se-á um debate, estimulado pelos participantes.
Entrada livre.
Organização: Casa da Escrita de Coimbra, com o apoio do Blogue A’Cerca de Coimbra.

Próximas Conversas Abertas
04.10.2019, 6.ª feira, 18h00
Palestrante: Rodrigues Costa
Tema: Herdade de Enxofães: a sua importância para a subsistência do Hospital de S. Lázaro de Coimbra

08.11.2019, 6.ª feira (a primeira 6.ª feira é feriado), 18h00
Palestrante: Nelson Correia Borges
Tema: João de Ruão um escultor de Coimbra

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por Rodrigues Costa às 17:04

Quinta-feira, 29.08.19

Coimbra: Jorge de Almeida bispo 1

Já amplamente analisado, D. Jorge de Almeida [é uma] personagem indubitavelmente imprescindível no contexto artístico, político, religioso e social desta época, tendo constituído verdadeiramente uma retórica de aparato de onde é impossível dissociar a carga heráldica facilmente perceptível.

Armas de D. Jorge de Almeida no retábulo.jpg

Armas de D. Jorge de Almeida no retábulo da Sé Velha de Coimbra, pormenor

… Trigésimo sétimo bispo de Coimbra e segundo conde de Arganil, terá nascido em 1458 filho do 1º conde de Abrantes e de D. Beatriz da Silva. A sua distinta linhagem, terá origem em D. Pedro I e D. Inês de Castro de quem se diz o seu pai, D. Lopo, ser o terceiro neto.
… A sua presença em Itália, agora incontestada, está intrinsecamente ligada ao percurso de seu pai. Sabe-se que D. Lopo integrou o mesmo séquito para Siena que o anteriormente referido D. João Galvão … Acrescente-se a este facto a sua presença em Florença, Nápoles e Roma, focos da cultura humanista.
… O contexto familiar de D. Jorge de Almeida comprova toda uma miríade de influências e relações que certamente influenciaram a sua mundividência e gosto, tornando-o num incontestável “verdadeiro príncipe do renascimento”, nas palavras de Vítor Serrão.
O seu próprio percurso em Itália desde, pelo menos 1469, foi pautado de exemplos que iriam determinar a sua imagem e posição futuras, tendo privado com Lourenço de Médicis (conforme provam as 5 cartas agora publicadas) a quem escreveu ainda enquanto estudante em Pisa ou o título de Apotolice sedis prothonotharius que ostentou precocemente e que seria prenunciador dos muitos outros com que viria a ser agraciado ao longo da sua extensa vida conforme se confirma nas palavras de Pedro Álvares Nogueira ao discursar acerca deste “mancebo de uinte E dous annos de grandes partes de grandes esperanças q daua mostras de uir a ser hum grande prelado Como na uerdade o foi (…)”.
Tendo estudado em Pisa e Peruggia e após uma longa permanência na Cúria Romana, este antístite, que será inquisidor-mor do reino a partir de 1536, sempre demonstrou uma extrema erudição que perpetuou na obra escrita elaborada ao longo da sua vida e de onde se destacam as – “Constituyçoões do Bispado de Coimbra pollo muyto reuerendo e magnífico senhor o señor dom Jorge dalmeyda bpo de Coimbra Conde Darganil”, impressas em Braga, na Oficina de Pedro Gonçalves Alcoforado, no ano de 1521. Consta terem sido as primeiras Constituições deste bispado que se publicaram.
Peça fundamental no equilíbrio das forças culturais e políticas da cidade, protegia os seus homens e erigia à sua volta redes de dependência e patrocinato, vivendo como um grande e poderoso senhor nos seus territórios.
Teve igualmente um papel preponderante junto ao monarca, em diversos encargos diplomáticos e religiosos, tendo-se deslocado expressamente a Évora, em finais de 1497, para presenciar o primeiro matrimónio de D. Manuel. Do mesmo modo foi este mesmo prelado que, juntamente com o rei esteve presente no ritual da abertura e segunda tumulação de D. Afonso Henriques e de D. Sancho I, efectuado no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Este bispo designado por António de Vasconcelos como Sacerdos Magnus, terá ainda baptizado o Infante D. Henrique em 1512.
Bispo residente em Coimbra - um dos raros exemplos de entre as nove dioceses portuguesas, era apreciador da prática da caça tendo mesmo “alcançado de D. Manuel a instituição de uma coutada privada nas terras do senhorio do bispado, em Coja, para melhor apreciar os seus gostos cinegéticos”, e foi a figura marcante do Renascimento conimbricense, numa altura de mudanças e em que se começava a vislumbrar uma nova cultura visual. Não obstante a experiência em Itália e os ilustres contactos que manteve, sempre se apresentou enquanto sujeito de carácter singular com uma preponderante “proximidade às correntes humanistas do renascimento que a sua actuação à frente da diocese de Coimbra e a sua abertura mecenática não deixam de traduzir”.

Documento com as armas de D. Jorge.jpg

Documento com as armas de D. Jorge de Almeida, usando os leões de negro

Documento com as armas de D. Jorge, pormenor.jpg

Documento com as armas de D. Jorge de Almeida, usando os leões de negro, pormenor

Finado em 1543, a inscrição na sua lápide que repousa ainda hoje na Sé Velha de Coimbra irá replicar a fórmula itálica do seu nome, já utilizada por Sisto IV nos idos anos da sua infância. Aquele que foi o antístite que durante mais tempo governou uma diocese em toda a história da igreja portuguesa, e que com 10 anos era já designado por “Giorgio de Almeyda clerico Egitaniensis diocesis” “falleceo dia de Santiago de1543. de idade de 85 annos. Manifesta-se do epitaphio de sua sepultura, que está na capella do Sanctíssimo Sacramento da Sè da ditta cidade.

Armas de D. Jorge de Almeida na Capela.jpg

Armas de D. Jorge de Almeida na Capela de S. Pedro, na Sé Velha de Coimbra

Santos, M.M.D. 2010. Heráldica eclesiástica - Brasões de Armas de Bispos-Condes. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Acedido em 2918.05.22, em
https://www.academia.edu/1118570/Heráldica_eclesiástica_Brasões_de_armas_de_bispos-condes

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por Rodrigues Costa às 15:54

Terça-feira, 27.08.19

Coimbra: Arquivo Histórico Municipal de Coimbra, curiosidades 2

Um Tombo de propriedades de 1759, depositado no Arquivo Municipal de Coimbra em Maio de 1759 por indicação do proprietário “para que não haja dúvida nos registos”.

Tombo da Quinta de São Silvestre, 1759. Capa.jpg

AHMC/ Tombo da Quinta de São Silvestre, 1759. Manuscrito, papel, 1453 folhas, encadernação de couro com fivela.

Aqui ficou desde essa altura e é o primeiro exemplar que vos apresentamos. Associam-se geralmente os tombos, registo de propriedades pertencentes a um senhorio, à documentação reportada como de origem privada e pertencente a arquivos de famílias e que, às vezes, nas heranças e sucessões, é vendida a alfarrabistas.

Tombo da Quinta de São Silvestre, 1759. Fl .1.jpg

AHMC/ Tombo da Quinta de São Silvestre, 1759. Fl .1

Este tombo foi elaborado em 1688, por instância de D. Manuel Coutinho, possuidor da Quinta de São Silvestre, em Coimbra.
Todavia, ao longo do tempo o tombo danificou-se e em 1759 D. Francisco Manuel Cabral de Moura e Horta de Vilhena manda reformulá-lo e deposita-o à guarda do Juiz de Fora da cidade.

Tombo da Quinta de São Silvestre, 1759. Fl .17.jp

AHMC/ Tombo da Quinta de São Silvestre, 1759. Fl .17

Que informação nos pode dar este conjunto documental?

O tombo descreve todas as propriedades pertencentes a este senhorio, identificando-as confrontando-as, indicando os nomes dos seus foreiros, as culturas que aí praticam, os pagamentos que recaem sobre todas as parcelas, as datas de cobrança e as obrigações para com o senhor.
São valiosos repositórios de informação para a história das localidades, das famílias, das comunidades rurais.

Nota:
Segundo as informações recolhidas tratar-se-á da propriedade que tinha como cabeça a casa apalaçada – tem sobre o portão uma pedra de armas – provavelmente do séc. XVIII, localizada perto da igreja de S. Silvestre onde, hoje, funciona um hotel.

Palacio São Silvestre-Boutique Hotel.jpg

Palácio São Silvestre – Boutique Hotel

Palacio São Silvestre-Boutique Hotel 2.jpg

Palácio São Silvestre – Boutique Hotel pormenor

França, P. Documentos de Arquivos Privados no espólio do Arquivo Histórico Municipal de Coimbra. Sécs. XIV-XIX. Acedido em 2019.05.25, em
http://arquivoshistoricosprivados.pt/wp-content/uploads/2016/12/6-Paula-Franca.pdf 

 

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por Rodrigues Costa às 17:33

Sexta-feira, 23.08.19

Casa da Escrita: Reinício das Conversas abertas, 6 de setembro. 6.ª feira, às 18h00

 

Casa da Escrita 6.jpgCasa da escrita
(Rua Dr. João Jacinto Nº 8, telefone 239 853 590)

Tema:  UNIVERSIDADE DE COIMBRA. REFORMA ARQUITETÓNICA POMBALINA

Observatório Astronómico. Proposta não concreti

Observatório Astronómico. Proposta não concretizada de Elsden

Observatório Astronómico. Manuel Alves Macomboa.

Observatório Astronómico. Manuel Alves Macomboa. Gravura

No reinado de D. José, e após as modificações políticas, económicas, sociais e mentais operadas no país sob a batuta do marquês de Pombal, a reforma da Universidade de Coimbra torna-se uma necessidade imperiosa.
O primeiro ministro josefino chega à cidade a 22 de setembro de 1772, a fim de proceder à “refundação” da velha Universidade; começou por fazer «a entrega apparatosa ao Reitor dos novos Estatutos dentro de um saco de veludo» na «sala grande da Universidade».
Os Estatutos Novos que modificavam tanto a estrutura curricular, como a organização administrativa, a vida económica e até mesmo os ritos e as cerimónias, desde logo levantaram uma surda contestação ao estabelecimento do programa proposto, vinda sobretudo dos seguidores do escolasticismo medieval que, com todo o zelo religioso, se mostravam hostis às «doutrinas novas, peregrinas e perigosas», doravante ministradas neste estabelecimento de ensino.
A par com a reforma curricular tornava-se necessário encontrar espaços adequados à lecionação das novas matérias e é em torno deste assunto que vamos desenvolver a nossa “Conversa aberta”.

Palestrante: Regina Anacleto

Regina Anacleto a.jpg

• Professora jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
• Académica Correspondente da Academia Nacional de Belas-Artes (Lisboa).
• Académica Correspondente da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando (Madrid).
PUBLICAÇÕES MAIS RELEVANTES:
• Neoclassicismo e romantismo, em História da Arte em Portugal, vol. 10, Lisboa, Edições Alfa, 1987.
• Colaboração na História de Portugal (Direção de José Mattoso), Vol. V [O Liberalismo (1807-1890], Lisboa, Círculo de Leitores, 1993, p. 668-683.
• Arquitectura neomedieval portuguesa, 2 vols., Colecção Textos Universitários, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian/JNICT, 1997.
• El arte en Portugal en la época de Isabel La Católica, em Isabel La Católica, Reina de Castilla, Madrid-Barcelona, Lunwerg, 2002, p. 451-499.
• Reforma pombalina. Primeiros projectos arquitectónicos, “Rua Larga. Revista da Reitoria da Universidade de Coimbra”, [Caderno temático: O Paço das Escolas revisitado], 1, Coimbra, 2003, p. 8-13.
• Coimbra entre os séculos XIX e XX: ruptura urbana e inovação arquitectónica, em Caminhos e identidades da modernidade: 1910, o Edifício Chiado em Coimbra, Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Museu Municipal. 2010, p. 151-176.
• O Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018 (2.ª edição).

Após a intervenção inicial, seguir-se-á um debate, estimulado pelos participantes.
Entrada livre.
Organização: Casa da Escrita de Coimbra, com o apoio do Blogue A’Cerca de Coimbra.

Próximas Conversas Abertas
04.10.2019, 6.ª feira, 18h00
Palestrante: Rodrigues Costa
Tema: Herdade de Enxofães: a sua importância para a subsistência do Hospital de S. Lázaro de Coimbra

08.11.2019, 6.ª feira (a primeira 6.ª feira é feriado), 18h00
Palestrante: Nelson Correia Borges
Tema: João de Ruão um escultor de Coimbra

 

 

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por Rodrigues Costa às 10:29

Quinta-feira, 22.08.19

Coimbra: D. João Rodrigues Galvão, bispo

D. João Galvão [foi o primeiro bispo de Coimbra] a ser agraciado com a honra de bispo-conde.
… É sobejamente conhecida a sua linhagem, enquanto filho de Ruy Galvão, escrivão de fazenda e secretário de D. Afonso V e também como irmão do famoso cronista Duarte Galvão. Natural de Évora, foi o sucessor do seu pai nos ofícios que este exercia à ordem d’ O Africano, tendo mesmo sido considerado “mui priuado del rei”, até ao momento em que foi ordenado cónego da Ordem de Santo Agostinho, tendo exercido funções de prior-mor no Convento de Santa Cruz de Coimbra desde 1474 até à data da sua morte.
Ao serviço do monarca, acompanhou a embaixada matrimonial da infanta D. Leonor a Siena, quando a princesa foi desposar o imperador Frederico III.

Pintura de Pinturicchio representando.jpgPintura de Pinturicchio representando a embaixada matrimonial da infanta D. Leonor a Siena aquando do casamento com o imperador Frederico III

… “vindo a ser apresentado como bispo administrador de Ceuta e Tui, em 17 de Setembro de 1459, com [apenas] 26 anos de idade”. Seguidamente à sua chegada ao reino português foi nomeado bispo de Coimbra pelo já consagrado Papa, Pio II, em 1461.
… Esta nomeação não foi, como veremos, de todo pacífica. Apesar das contestações por parte de outros prelados portugueses, D. João Galvão conservou a mitra de Coimbra até à data da sua morte.
Na sequência destes eventos é conhecida a sua jornada em África, acompanhando o soberano nas conquistas de Arzila e Tânger que lhe valeu, em 1472 o epíteto de bispo-guerreiro e não menos importante, o título de conde de Arganil pelos serviços prestados em prol do reino.

Carta de mercê de D. Afonso V.JPG

Carta de mercê de D. Afonso V relativa ao Condado de Arganil

… Devemos ainda atentar no testemunho de Pedro Álvares Nogueira, que recorda “E ainda q dantes disto algus prelados desta see se chamaraõ Condes de santa Comba era por m. [mercê] particular dos Reis mas naõ de jure Como agora se chamaõ Condes de Arganil.”
Recordemos que, para além dos títulos nobiliárquicos supracitados, o bispo teria ainda domínio em Coja, conforme atestam inúmeros exemplos documentais, onde o prelado assinava enquanto Conde de Arganil e Senhor de Coja.

Insígnias do bispado de Coimbra.jpg

Insígnias do bispado de Coimbra, e condado de Arganil em “Tropheos Lusitanos” de António Soares de Albergaria

Selo de D. João Galvão.jpg

Selo de D. João Galvão, bispo de Coimbra. In: Abrantes, Marquês de. O Estudo da Sigilografia Medieval Portuguesa

… a sua actividade episcopal não se tornou menos atribulada. Na verdade, Saúl Gomes disserta acerca desta animosidade face ao prelado por parte do designado alto-clero português. Pelas palavras do autor sabemos que a 21 de Maio de 1461, este prelado havia sido “nomeado legado pontifício a latere, com funções de colector das três dízimas no valor de cerca de 30% sobre todas as rendas dos benefícios eclesiásticos, de acordo com o que a Santa Sé aprovara em Mântua” e em 1462 vemos Pio II a “suspender a legacia que lhe confiara bem como a anulação dos processos e penas que instaurara”1. Pouco após ser nomeado Arcebispo de Braga, faleceu em 1485 sem nunca ter podido assumir este cargo, uma vez que o Pontífice, agora Sisto IV foi informado de que este clérigo “exercia as funcções pastoraes sem esperar a confirmação da santa sé”.

Santos, M.M.D. 2010. Heráldica eclesiástica - Brasões de Armas de Bispos-Condes. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Acedido em 2918.05.22, em
https://www.academia.edu/1118570/Heráldica_eclesiástica_Brasões_de_armas_de_bispos-condes

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por Rodrigues Costa às 10:46

Terça-feira, 13.08.19

Coimbra: Arquivo Histórico Municipal de Coimbra, curiosidades 1

O Arquivo Histórico Municipal de Coimbra para além do vasto património relativo à história da cidade e do seu termo, detém um conjunto de documentos que, face ao seu interesse, iremos divulgando, sobre a epígrafe acima referida.
Nesta entrada iremos abordar:
- um desafio para a confeção das receitas apresentadas;
- uma reflexão sobre a politiquice local que já vem de há muito tempo como se pode constatar.

Livro de Receitas e Despesas … de um estabelecimento comercial do século XIX [1852-1879] da cidade Coimbra, importante para o conhecimento da nossa história local.
Regista a receita e despesa corrente de uma indústria de licores. O autor que não está identificado explicitamente no livro, vem da Figueira da Foz para Coimbra, tomar conta do negócio de uma sua tia.
Regista a receita e despesa corrente de uma indústria de licores. O autor que não está identificado explicitamente no livro, diz qe veio da Figueira da Foz para Coimbra, tomar conta do negócio de uma sua tia.
Livro de Receita e Despesa, de um estabelecimento



No meio dos pagamentos e recebimentos de uma contabilidade apurada, na gestão corrente da casa de família e com o empréstimo de dinheiro a juro sobre penhores de pequenos bens, regista receitas de licor de canela, de licor de rosas, licor de marrasquino; receitas de pudim de batata; pudim de leite; receitas de mézinhas para cura de doenças, receita de tinta de escrever.
Além disso, o autor utiliza o livro como uma espécie de diário: regista episódios do seu quotidiano familiar, do que acontece no país e na cidade, crises e doenças; noticia a morte do rei Dom Pedro V, a inauguração da ponte de ferro de Coimbra em 8 de maio de 1875, entre outros eventos.

Transcrição paleográfica
[fl. 65] Licor de Rozas
Fiz hoje 14 quartilhas do Licor de Rozas, e levou aguardente regular 9 quartos; assucar 2 e meio arrattes, Essencia e Coxenilha.


[fl. 153] Receita para fazer Podim [de batata]

Livro de Receita e Despesa Fl. 533.JPGLivro de Receita e Despesa, de um estabelecimento comercial de venda de licores em Coimbra, 1852-1879, fl. 153. AHMC

Hum arratte de assucar muito fino; hum quarto manteiga ingleza;
Meio arratte batata cozida
Dezoito gemmas de ovos
Faz se da seguinte maneira

Parte primeira
Cozem-se as batatas, dispois de bem cozidas, passão se pella peneira, peza se dispois d’esta massa o meio arratte asima ditto.

Parte segunda
Poem se o assucar a ponto de espedana e nelle emquanto esta quente lansa se lhe o resto da manteiga que subejar dispois de untada a lata; Feito isto em seguida, vai-se lhe lançando a batata pouco a pouco, devendo mecher-se sempre com a colher, em seguida vão-se lançando tambem os ovos, mais devagar devendo sempre mecher-se com a colher; dispois de tudo muito bem disfeito, aquese-se hum pouco ao lume, depois lansa se dentro da lata e vai para
o forno.

[fl. 553] Inauguração da ponte de Coimbra.

Ponte de ferro. Final da construção. Fotografia.

Ponte de ferro. Final da construção

Livro de Receita e Despesa fl. 153.jpg

Livro de Receita e Despesa, de um estabelecimento comercial de venda de licores em Coimbra, 1852-1879, fl. 533. AHMC

Em 8 de Maio deste anno foi que se fez a inauguração da nova Ponte mas nem Camera nem Dereção das Obras Publicas se prestarão a couza nenhuma por cauza da politica do Penacho que então governava, cuja politica trazia muitos e muitas pessoas desgostozas, e para as auctoridades desse tempo não sofrerem alguma disfeita nada fezerão, mas o Illustrissimo Senhor Director serião 5 horas da manhãa mandou deitar os tapumes abaixo, e declarou podia entrar quem quizesse, sem mais etiqueta, foi como se costuma dizer foi feita a Capucha. Só os molleiros de Sernache entrarão pello meio dia em grande pandega vindo todos a cavallo em sima das mesmas cargas com bandeiras e gaita de folles, andando precorrendo as ruas. Houve então muzica e muito foguetorio feito pella Assuciação Liberal que fizerão a inauguração da Ponte hindo ali tucar e lançando muitas girandollas de foguetes mas tudo de porpozito cauzando isto muitas zangas.

França, P. Documentos de Arquivos Privados no espólio do Arquivo Histórico Municipal de Coimbra. Sécs. XIV-XIX. Acedido em 2019.05.25, em
http://arquivoshistoricosprivados.pt/wp-content/uploads/2016/12/6-Paula-Franca.pdf

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por Rodrigues Costa às 22:45


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