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Criado por decreto que D. Maria II assinou a 19 de novembro de 1846, o Banco de Portugal resultou da fusão do Banco de Lisboa, banco comercial e emissor, com a Companhia Confiança Nacional, sociedade de investimento especializada no financiamento da dívida pública.
O Banco de Portugal, para além da sua função de banco comercial, assumia-se também como banco emissor; fundado com o estatuto de sociedade anónima, até à sua nacionalização, acontecida em 1974, era maioritariamente privado.
Apesar de, a partir de dezembro de 1887, ter deixado de partilhar o direito de emissão de notas com outras instituições, só em 1891 é que passou efetivamente a deter o exclusivo da emissão de moeda, porque apenas então assinou um acordo com os outros bancos emissores.
Depois de uns primórdios atribulados, o Banco de Portugal entrou numa fase de crescimento pujante e acabou por se tornar o banco comercial mais importante do país.
Enquanto vigorou o padrão-ouro, ou seja até 1891, uma das suas principais preocupações passou por assegurar a convertibilidade das notas que emitia em moeda metálica.
Por via do contrato celebrado, em dezembro de 1887, entre o Banco de Portugal e a Coroa portuguesa, a instituição passou a exercer as funções de banqueiro do Estado bem como de caixa geral do Tesouro, obrigando-se a criar agências em todas as capitais de distrito, tanto do continente, como das ilhas.
A maior parte dessas agências acabou por se instalar em edifícios ocupados pelo Governo Civil, associando-se, desta forma, a uma entidade governamental passível de remeter para valores de respeitabilidade e de segurança.
Este organismo estatal ocupava, quase sempre, edifícios desamortizados que haviam sido outrora palácios ou conventos e, a fim de desempenhar funções bancárias tiveram de ser parcialmente adaptados, pois viram-se na necessidade de se inserir numa estratégia destinada a assegurar o estatuto de instituição de prestígio inerente ao Banco de Portugal.
Fig. 1 - Colégio dos Lóios onde funcionava o Governo Civil e onde esteve instalada a primeira Agência do Banco de Portugal
Na sequência da obrigatoriedade de criar agências nas capitais de distrito, em Coimbra, também se instalou, a 3 de fevereiro de 1891, uma filial do banco que, seguindo as normas comuns, se instalou no edifício onde se encontrava sediado o Governo Civil, ou seja, no antigo Colégio de S. João Evangelista, mais conhecido pelo nome de Colégio dos Lóios.
Ignoramos se Ricardo Loureiro foi o primeiro gerente da instituição, mas sabemos que cessou funções em 1904 e que a 18 de janeiro do ano seguinte tomou posse do cargo o dr. Guilhermino Augusto de Barros, ainda em funções no ano de 1908.
Em 1903 a entidade bancária, face à necessidade de autonomia e à evolução dos serviços, já pensava selecionar um edifício apropriado ou um local onde pudesse ser construído de raiz o imóvel destinado a instalar autonomamente, a agência daquele Banco e, para tal, fez deslocar a Coimbra o diretor Castanheira Neves.
O local de implantação do edifício e a escolha do estilo podem inserir-se dentro das decisões mais importantes a tomar quando, na época, se procurava erguer uma infraestrutura destinada a instituição bancária.
A primeira encontra-se diretamente ligada à preocupação em situar o Banco num local onde existisse uma atividade económica forte, facto que pressupunha e existência de uma elite social que, obviamente, permita exercer uma influência significativa sobre o comércio local. Esta decisão, que se inseria na chamada centralidade económica, conduzia à aquisição de terrenos ou imóveis situados estrategicamente.
A segunda, relacionava-se com a escolha de um estilo arquitetónico que correspondesse às necessidades complexas dos estabelecimentos bancários e que passava, também, pela criação de uma imagem de marca capaz de individualizar e valorizar a instituição. O estilo arquitetónico e a decoração utilizada deviam ser adequados e escolhidos de forma a agradar tanto aos utentes do Banco, como à população. Mais à frente, e no que respeita à agência mondeguina, iremos deter-nos mais pormenorizadamente sobre este assunto.
Fig. 2 - Localização do Colégio de Santo António da Estrela
A casa de José Guilherme, sita na zona da Sé Velha, merecia consenso, pois erguia-se num local de, ao tempo, reconhecida movimentação comercial. Posteriormente, também se perfilou como opção para a construção do imóvel o terreno do antigo Teatro Académico ou ainda o local outrora ocupado pelo Colégio de Santo António da Estrela; esta última escolha, onde mais tarde foi construída a casa do dr. Ângelo da Fonseca, posteriormente (até à sua extinção) ocupada pelo Governo Civil, acabou por ser abandonada devido a dificuldades relacionadas com a implantação do edifício.
ORIENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
OBRAS DE CONSULTA
DAMÁSIO, Diogo Filipe Monteiro, Arquitetura do Banco de Portugal. Evolução dos projetos para a sede, filial e agências do Banco de Portugal (1846-1955), Coimbra, 2013. [Policopiado]
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2011/11/banco-de-portugal-em-coimbra.htmll
https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_Portugal
https://www.bportugal.pt/page/historia
Relatorio do Conselho de Administração do Banco de Portugal. Gerencia do anno de 1905. Balanço, documentos e parecer do Conselho Fiscal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1906, p. 21.
https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/relatorioca1905.pdf.
PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
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Gazeta de Coimbra, Coimbra, 1912.10.26; 1912.11.02.
Jornal de Coimbra, Coimbra, 1911.08.05; 1912.01.31; 1912.10.30.
Defeza, Coimbra, 1910.03.25.
Noticias de Coimbra, Coimbra, 1908.01.18; 1909.10.02.
Construcção Moderna (A), 273, Ano IX, n.º 9, Lisboa, 1908.10.10.
Resistencia, Coimbra, 1903.05.03; 1906,07,01; 1907.07.02; 1907.08.25; 1907.09.20; 1907.10.03; 1907.10.06; 1908.11.15.
Conimbricense (O), Coimbra, 1906.07.05.
Tribuno Popular (O), 4893; 5211, 6907, Coimbra, 1903.05.06; 1906.06.30; 1907.06.08
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