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… A Relação geral do estado da Universidade redigida pelo reitor-reformador e remetida, em 1777, à soberana, materializa o intuito de não deixar cair por terra a reestruturação principiada … Este manuscrito tinha como complemento, segundo se crê, um volume intitulado, na encadernação, Riscos das Obras da Universidade de Coimbra, o qual compreende, além da descrição do estado em que se encontravam, em Setembro de 1777, os novos estabelecimentos, bem como da enumeração das despesas, uma série de trinta desenhos, relativos a essas construções. Os dois finais dizem respeito ao jardim botânico: um é o plano elaborado por Júlio Mattiazzi, sobre o qual já nos detivemos; o outro é o Risco das Estufas do Jardim Botanico da Universidade de Coimbra sem data ou assinatura.
Risco das Estufas do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Sem autor. Sem data
Curiosamente, este último encontra também, na biblioteca do departamento de botânica, um desenho que muito se lhe assemelha. Titulado Risco das Estufas do Real Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, o grandioso projecto apresenta, pese embora a sua visível deterioração, as plantas, alçados e cortes das estufas, cuja interpretação nos é facilitada pela legenda à esquerda do conjunto.
Risco das Estufas do Real Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Sem autor. Sem data
Por outro lado, o facto de tanto o plano do jardim como o das estufas que se acham na dita biblioteca encontrarem um “correspondente” nos desenhos enviados em 1777 à soberana, leva-nos a considerar a hipótese de ter havido, da parte do reitor, a tentativa de retomar a configuração outrora reprovada pelo ministro de D. José. Se assim foi, o intuito de D. Francisco de Lemos não vingou uma vez mais, pois nem estas estufas foram construídas, nem o jardim obedeceu ao grandioso feitio. O remediado plano seguido parece ter sido, afinal, o resultado da adaptação das linhas italianas às possibilidades económicas, às sensibilidades dos que sobre este espaço se foram debruçando, aos condicionalismos do terreno e das ocasiões e às necessidades pedagógicas que reclamavam um ponto final a este moroso processo construtivo.
… O projecto para as estufas no jardim botânico, assinado por Manuel Alves Macomboa e datado de Abril de 1791, articula uma resposta a esta necessidade.
Projecto para as estufas no Jardim Botânico. Manuel Alves Macomboa. 1791
Desconhece-se se este traçado veio a ser executado. No entanto … parece-nos que tal proposta veio a ter, de forma parcial, seguimento.
Projecto para o jardim botânico. Sem data nem assinatura
…. Em 1801 ordenou a construção das escadas do segundo plano. O desenho a tinta da china e aguada castanha e cinzenta sobre papel, não datado nem assinado, que se encontra na biblioteca geral da Universidade de Coimbra, constitui, com probabilidade, o projecto, guisado no final do século XVIII e posto em prática no começo da centúria seguinte, para o levantamento das escadas que “se andem fazer para subir do 2.º o 3.º plano”
Brites, J.R.C. 2006. Jardim Botânico da Universidade de Coimbra: de Vandelli a Júlio Henriques (1772-1873), Coimbra, 2006 (Policopiado). [Trabalho escrito apresentado no seminário “Património e teorias do restauro”, integrado no Mestrado de História da Arte da Universidade de Coimbra e, depois de refundido, publicado pela autora, com o mesmo título, no Arquivo “Coimbrão. Boletim da Biblioteca Municipal”, Vol. XXXIX, Coimbra, 2006, p. 11-60]
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